ÍCONES DE PORTUGAL

Património de Portugal

Igreja de Santa Maria de Vila Boa do Bispo – Marco de Canaveses

Posted by mjfs em Abril 24, 2008

 

Santa Maria 1 - Vila do Bispo - Marco Canaveses - Foto  Adriana Manuela Ferreira do Amaral  - IPPAR 2003

As origens do mosteiro de Vila Boa do Bispo recuam aos derradeiros anos do século X ou primeiros da centúria seguinte. Entre 990 e 1022 (ou em 1008, como pretendem alguns autores, um primitivo cenóbio foi fundado por D. Mónio Viegas, o Gasco, cavaleiro francês que combateu al-Mansur e alcançou grande prestígio nesta secção relativamente interior de Riba-Douro. De 1022 é uma discutida inscrição (realizada em data posterior a essa data) na tampa de um sarcófago existente no claustro, que indica ter sido aquele o túmulo de D. Mónio e de dois dos seus filhos. O facto de se tratar de uma inscrição posterior à data efectivamente epigrafada, porém, levou Mário Barroca a equacionar a hipótese de se tratar de uma legenda do século XIII, eventualmente realizada por “algum descendente da linhagem dos Gascos em busca de prestígio social”.

Até à segunda metade do século XII, a história deste Mosteiro está envolta em lendas e atribuições duvidosas. De acordo com antigas crónicas, existia uma inscrição de 1035, associada ao sarcófago do bispo portuense D. Sesnando, cujos restos mortais foram trasladados para a parede Sul do templo em 1142, por ordem de D. Pedro Rabaldes, outro prelado do Porto. No entanto, quer a indicação de 1035, quer a de 1142 (data que algumas crónicas indicam ter estado epigrafada numa pintura mural no local do túmulo) são de existência duvidosa e não podem ser aceites sem reserva.

A igreja que hoje subsiste data dos finais do século XII ou inícios do seguinte, à semelhança de uma grande parte do nosso Românico. Nessa altura, ter-se-á refeito integralmente o templo monacal, dotando-o de uma estrutura comum para a época, de nave única e capela-mor rectangular, esta última provavelmente abobadada e apresentando arcarias cegas no exterior.

É precisamente a existência de arcadas cegas – na fachada principal e não na capela-mor, esta entretanto muito adulterada – o principal motivo de interesse do edifício, uma vez que se trata de uma solução sem paralelo no nosso país. Conservam-se uma arcada inteira e o arranque de uma segunda, no lado Norte da fachada principal, sendo as aduelas decoradas por animais afrontados. A contextualização destas formas não é fácil e tem vindo a ser objecto de discussão. Parecem não restar grandes dúvidas acerca de uma ascendência francesa (eventualmente passando pela Galiza), mas a verdade é que encontramos aqui analogias com os primeiros ensaios românicos de Braga, de Rates e de Travanca, o que poderá recuar a datação do conjunto em mais de meio século.

Na Baixa Idade Média, vários foram os homens importantes que aqui se sepultaram. D. Júrio Geraldes, corregedor do rei para o entre-Douro-e-Minho, encomendou dois túmulos pela década de 60 do século XIV, um para si e outro para D. Nicolau Martins, que sucumbiu em 1348 à Peste Negra, realizações que se encontram, actualmente, inseridas em modernos arcossólios da parede Norte do corpo. Um terceiro túmulo, já do século XV e que se encontra adossado ao flanco exterior Sul, é de D. Salvado Pires.

As maiores transformações no conjunto ocorreram a partir da segunda metade do século XVII e até aos meados da centúria seguinte. Para além da radical transformação das áreas monacais, o templo foi objecto de uma vasta campanha de obras, onde se conta a refeitura quase integral da fachada principal (com novo portal e mais ampla iluminação) e a actualização estética do interior. A parte mais simbolicamente relevante foi tratada como uma igreja forrada a ouro, uma vez que o arco triunfal, o tecto da capela-mor e as paredes fundeiras da nave e capela foram revestidos por uma homogénea solução de talha dourada em associação a retábulos. Na parede Norte da nave ainda subsiste o púlpito e o varandim trapezoidal policromado, de onde os monges assistiam às cerimónias litúrgicas.

(IPPAR)

 

Santa Maria 2 - Vila do Bispo - Marco Canaveses - Foto  Adriana Manuela Ferreira do Amaral  - IPPAR 2003

Santa Maria 3 - Vila do Bispo - Marco Canaveses - Foto Carlos Fonseca  - IPPAR 2003

3 Respostas to “Igreja de Santa Maria de Vila Boa do Bispo – Marco de Canaveses”

  1. IzItA said

    Vila Boa do Bispo a minha terra…
    Estão muito fitches estas imagens…
    Vila Boa do Bispo está no coração…

  2. adan mexico said

    hola soyde mexico y wow una ve svisite esa iglesia

    alguien que sea de ahi y me pueda contactar con al familia pinto

    joakin pinto y maria jose pinto do almeida

  3. jose fleming de oliveira said

    Esta descrição desta magnifica igreja repleta de história é um verdadeiro monumento que dignifica a história de Portugal e bem retratada nesat descrição.
    Contudo o IPAR descreve também o interior que é bastante rico, mas pena que não seja mostrado qualquer imagem do interior e sendo o Orago também a Santa Maria não se encontar descrito qualquer aspecto relativo e seta imagem.
    Já agora vou referir que fiz várias tentativas em diferentes épocas para proceder a uma visita mas encontro sempre encerrada e sem ninguém a quem informar como a visitar, ou qualquer documento afixado!
    Como proceder? sera´que alguém pode dar uma informação?
    NãO poderia o IPAR organizar também uma informação a divulgar os horários de visitas nesta ou noutras igrejas ?

Deixe um comentário