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Património de Portugal

Archive for the ‘Museus’ Category

Torre de São Sebastião ou Palácio do Conde de Castro Guimarães – Cascais – Lisboa

Posted by mjfs em Setembro 28, 2009

 Torre de São Sebastião - Palácio dos Condes Castro Guimarães

Implantado junto à entrada para a Boca do Inferno, o Palácio do Conde de Castro Guimarães, como ficou conhecido, é uma arquitectura fortemente cenográfica e pictórica, que encontra, na perfeita integração com o meio envolvente e com os equipamentos já aí existentes, como a ponte rústica, um dos seus maiores trunfos. Por outro lado, e no contexto do século XIX, em que a história é integrada na arquitectura como memória colectiva , este palacete de veraneio constitui um exemplo de eclectismo, ao mesmo tempo unificador de várias linguagens arquitectónicas, que lhe conferem um enorme sentido de monumentalidade.

Seguindo a descrição de Branca Colaço e Maria Archer, o autor do projecto “deu-lhe a graça medieval das janelas geminadas, as cúpulas das igrejas orientais, os mirantes dos serralhos moiriscos, os coruchéus das catedrais góticas, os alpendres dos solares minhotos, as torres das fortificações bárbaras, os varandins dos palácios italianos, as arcarias do estilo manuelino, mil enfeites, mil contornos diversos”. A mesma ideia está presente nos estudos recentes de Regina Anacleto, nas palavras de quem este edifício “patenteia uma amálgama de tendências e de materiais que se estendem desde o castelo senhorial a reminiscências mouriscas, manuelinas e renascentistas, bem como da pedra ao reboco de argamassa, passando pelo revestimento cerâmico”.

A edificação do palácio deve-se à iniciativa de Jorge O’Neill, irlandês ligado aos negócios do tabaco e às finanças que, em 1892, requereu o aforamento destes terrenos à Câmara de Cascais. Tomando o exemplo de D. Luís, os nobres e personalidades influentes elegeram esta orla da linha como destino privilegiado de férias, implantado aqui as suas habitações de veraneio.

Crê-se que o modelo da casa que O’Neill veio a construir seja devido ao cenógrafo Luigi Manini, que o irlandês teria encontrado a pintar, neste local, inserindo na paisagem um palacete revivalista, tão ao gosto de outros projectos da sua autoria, como o Palace Hotel do Buçaco. Foi, no entanto, o pintor Francisco Vilaça quem concebeu o desenho do palácio, cerca de 1900, imprimindo-lhe um carácter cenográfico, devedor de Manini e de si próprio, que concentra nas fachadas-cenário todo o esforço decorativo.

Apresenta planta irregular, constituída por um corpo longitudinal onde se inclui o claustro, um outro também de planta rectangular, e a torre de São Sebastião, esta última de aparência românica. Os volumes são, igualmente, irregulares e de formas muito diversas, com fachadas abertas por vãos de características muito diferenciadas. Merecem especial destaque os jardins, com equipamentos diversos e um lago com uma parede de azulejos provenientes, muito possivelmente e como a iconografia indica, de uma igreja de religiosos teatinos. Na verdade, os azulejos que encontramos no exterior e no interior revelam, também eles, o gosto pelo antigo, tendo sido aqui utilizados painéis cerâmicos de origens diversas, quer do século XVII, quer do século XVIII.

Jorge O’Neill imprimiu ao palácio um cunho muito pessoal, bem visível nos elementos de origem irlandesa, como os trevos presentes nos ferros forjados, e nas pinturas de algumas salas.

Em 1910, O’Neill encontrava-se numa situação financeira difícil, que o levou a vender o palácio ao Conde de Castro Guimarães, um importante banqueiro que beneficiava de privilegiadas ligações internacionais. Este, sem descendentes, optou, no seu testamento, por deixar o edifício à vila de Cascais, com a condição do município fazer dele um museu e um jardim público. Assim veio a acontecer em 1927, aquando da sua morte, abrindo o museu ao púbico apenas três anos mais tarde, em 1930. Conservando as características de Casa-Museu, a sua colecção é constituída, essencialmente, por mobiliário, azulejaria, porcelana, pintura e arqueologia, dispondo, ainda, de uma biblioteca.

 

Fonte: (RC) / IPPAR

Outras Ligações:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Palácio dos Condes de Castro Guimarães (Pesquisa de Património – IPPAR)
  • Torre de São Sebastião (pt.wikipédia)
  • Palácio dos Condes de Castro Guimarães (Guia da Cidade)
  • Museu dos Condes de Castro Guimarães (cm-cascais)
  • Palácio dos Condes de Castro Guimarães (IPPAR-FOTOS) 

     

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    Solar dos Carneiros – Póvoa do Varzim

    Posted by mjfs em Dezembro 13, 2008

     Solar dos Carneiros - Biblioteca Municipal da Póvoa do Varzim - Foto www.monumentos.pt

    O edifício situada na Rua do Visconde e na Rua da Amadinha, conhecido por solar dos Carneiros, é a única casa brasonada existente na Póvoa de Varzim. A sua longa fachada, onde se exibe o brasão de armas da família, desempenhou um papel fundamental no tecido urbano e sócio-económico da Póvoa, vincando a imagem de poder e de relevo social que os seus proprietários pretendiam transmitir.

    A sua construção remonta ao século XVIII, inserindo-se num dos modelo mais utilizados na arquitectura civil de Setecentos, a denominada casa comprida. O brasão, no andar nobre, é flanqueado por duas janelas marcando o eixo deste corpo da fachada, com janelas de sacada no piso superior, e no térreo, duas portas e janelas de linhas rectas, alinhadas pelo friso que separa os dois pisos.

    No interior, e para além de um tecto de masseira, original, destaca-se a capela, com altar de talha policroma, a imitar marmoreados.

    Quando, em 1936 se realizou a 1ª Exposição Regional de Pesca Marítima, um dos seus impulsionadores, António dos Santos Graça, decidiu prolongar esta iniciativa e promover a organização de um Museu Municipal, que veio a ser inaugurar no ano seguinte, no solar dos carneiros, com as peças da Exposição e outras entretanto reunidas.

    A Câmara Municipal adquiriu o imóvel em 1974, promovendo, a partir de então, obras de remodelação e ampliação, que estavam concluídas em 1985, data da reabertura ao público do renovado Museu de Etnografia e História.

    Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR

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    Casa de Malhoa

    Posted by mjfs em Dezembro 10, 2007

    Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves - Casa de Malhoa.JPG

    O Edifício

    A actual Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, um projecto do arquitecto Norte Júnior datado de 1904-05, foi mandada construir pelo pintor José Malhoa para sua casa de habitação e atelier de trabalho. A primeira casa-de-artista da capital, Prémio Valmor em 1905, integrava-se urbanisticamente no plano de crescimento da cidade de Lisboa.

    Exteriormente, a fachada é constituida por três corpos distintos mas articuláveis entre si pelas gramáticas arquitectónica e decorativa utilizadas. Ao centro, destaca-se o grande janelão (correspondendo ao atelier), sobre o seu lado esquerdo, num plano recuado, localiza-se a porta de entrada da casa, uma escada com um pequeno alpendre, do lado oposto, destacada do conjunto, o núcleo correspondendo à sala de jantar. A decoração das fachadas adquire uma grande importância pelo cuidado dado ao pormenor na criação de um ritmo harmonioso e coerente entre os diversos elementos empregues. Eles articulam-se com o jogo de janelas e vazamentos que pululam por todo o edifício entre elementos neo-românicos, persistências da “casa à portuguesa” e gosto Arte Nova como exemplifica o trabalho de ferro forjado do portão principal da casa executado segundo desenho do próprio arquitecto. De realçar, igualmente, o vitral, de origem francesa, encomendado para a da sala de jantar e salinha anexa ao atelier.

    Em 1932, a “Casa-Malhoa” é adquirida pelo Dr.Anastácio Gonçalves onde vive e organiza a sua colecção até à data da sua morte (1965). Ao ser integrada nos bens do Estado em 1969, por desejo do coleccionador, a casa já demonstrava algumas alterações no interior, não existentes no projecto inicial de Norte Júnior, de que é exemplo a transferência da cozinha e dependências para a cave.

    Depois das obras de adaptação aos novos fins museológicos, a Casa-Museu abre ao público em 1980. No entanto, as crescentes exigências de uma instituição como esta justificam um novo projecto de obras de ampliação e em 1996, com projecto dos arquitectos Frederico e Pedro George, anexa-se ao original espaço do museu uma moradia contígua também assinada por Norte Junior. O novo espaço possibilitou, então, o alargamento dos serviços disponibilizados ao público tais como zona para loja, cafetaria ou espaço de acolhimento e salas para exposições temporárias.

    A Casa-Museu Dr.Anastácio Gonçalves reabre em Dezembro de 1997 com a configuração actual.

    (Texto: CasaMuseu)

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