Cafés com História
Estabelecimentos charmosos, marcaram diferentes épocas, foram ponto de encontro e, muitas vezes, de partida para movimentos sociais, políticos, culturais. Pela porta de cafés como o Nicola, o Marare, o Martinho da Arcada, entre tantos outros, passaram algumas das mais emblemáticas figuras públicas. Hoje, alguns vão subsistindo, consituindo-se como verdadeiros refúgios onde a História passada parece, ainda, continuar a vibrar.
CAFÉ NICOLA
Lugar de intercâmbio de ideias, debates literários e propaganda de opiniões, é assim que podemos definir um dos cafés mais frequentados do séc. XVIII. Fundado no Rossio por um italiano, Nicola Breteiro, este é um dos estabelecimentos mais antigos de Lisboa.
Tendo como alcunha “Academia”, devido ao largo leque de intelectuais que o frequentavam, o Nicola teve um frequentador que se destacava por entre todos outros. Esse homem era Manuel Maria Barbosa du Bocage. Um dos episódios mais engraçados da vida deste autor aconteceu precisamente à frente do Nicola: conta-se que um polícia lhe perguntou quem era, donde vinha e para onde ia, ao que o espirituoso poeta respondeu
“Eu sou Bocage
Venho do Nicola
Vou p’ro outro mundo
Se dispara a pistola”.
Devido à pressão política que se fazia sentir, e aos constantes confrontos dos seus frequentadores com a polícia, o Nicola é obrigado a encerrar.
José Pedro da Silva, um dos empregados do botequim que cuidadosamente servia os poetas e intelectuais, resolveu entrar no negocio da restauração abrindo ele próprio um café cujo nome também faria história: O Botequim das Parras.
No entanto em 1929, Joaquim Fonseca Albuquerque volta a recuperar o antigo café contribuindo assim para que as gerações futuras conheçam a aura do estabelecimento que foi frequentado por Bocage.