ÍCONES DE PORTUGAL

Património de Portugal

Archive for the ‘Castelos’ Category

Castelo de Palmela – Setúbal

Posted by mjfs em Setembro 16, 2009

 Castelo de Palmela - Foto Jorge Cascalho

O conhecimento que, na actualidade, possuímos a respeito do castelo de Palmela (graças a quase década e meia de intervenções arqueológicas) é muito diferente do que há alguns anos fazia história. Sede da Ordem de Santiago na Baixa Idade Média, e ponto fundamental na história militar do reino de Portugal, sabe-se, hoje, que a sua relevância no contexto regional é bem mais antiga, recuando ao período romano. A partir desse momento fundacional, testemunhado por espólio cerâmico, não mais parece ter havido interrupção de povoamento. No período visigótico, voltamos a encontrar elementos cerâmicos de transição (com paralelos em outros pontos da península) e dois capitéis que, apesar de resgatados em contextos islâmicos dos séculos IX-X, é de admitir que possam pertencer aos séculos de domínio visigótico ou, em alternativa, a comunidades moçárabes, facto que, a confirmar-se, viria trazer novos dados sobre a permanência cristã no local até cronologias muito tardias, eventualmente em ligação com o próprio poder emiral.

A época islâmica encontra-se, hoje, sobejamente documentada. Nas chamadas galerias (sector nascente), apesar das escassas dimensões das salas, foi possível confirmar “uma intensa continuidade ocupacional do sítio durante todo o período da presença islâmica”, reveladora de múltiplas remodelações num espaço habitacional ligado à muralha Norte do recinto. Os testemunhos mais antigos pertencem aos séculos VIII/IX, o que demonstra a importância do castelo logo na primeira fase de domínio islâmico na península.

Apesar do imenso espólio cerâmico resgatado, e de outros materiais provenientes de construções, a evolução do espaço fortificado é ainda motivo de debate. De acordo com as conclusões de Isabel Cristina Fernandes, que temos vindo a seguir, a primitiva estrutura militar islâmica situava-se na secção nascente do actual castelo, adaptando-se às condicionantes do terreno e desenvolvendo-se em planta rectangular ligeiramente em semi-círculo, tendo o acesso pelo lado ocidental. Numa segunda fase, que se pode considerar entre os séculos X e XII, o espaço fortificado ampliou-se extraordinariamente, passando a abranger o núcleo central e ocidental do actual castelo. Datará desse período a construção do poço-cisterna (posteriormente integrado na igreja de Santa Maria), e da porta em cotovelo do lado Norte, ainda hoje a entrada principal no recinto.

Em 1147, Palmela passou a ser controlada pelas forças cristãs. No entanto, até à conquista definitiva de Alcácer do Sal, já no século XIII, a região (e em particular o curso do rio Sado) esteve sujeita aos ataques islâmicos. Alguns estratos arqueológicos do século XII revelam níveis de destruição que “deverão corresponder ao (…) arrasamento do castelo por Ya’qub al-Mansur em 1191. Em 1186, o castelo havia sido doado à Ordem de Santiago, que terá sido o primeiro estabelecimento dos freires, antes de estabelecerem sede em Santos-o-Velho, na cidade de Lisboa.

Ao longo da Baixa Idade Média, o conjunto teve várias obras, entre as quais se contam a reconstrução / reformulação santiaguista (provavelmente na viragem para o século XIII), em que se incluirão algumas torres.

Posteriormente, provavelmente em época dionisina, ter-se-á construído a torre de menagem, vincadamente gótica e protegendo a entrada principal no reduto. No século XV, a instalação definitiva da Ordem em Palmela motivou grandes obras, em particular no sector ocidental, onde se construíram a Igreja de Santiago e o convento. Este último espaço, foi transformado, na década de 70 do século XX, em pousada e mais recentemente, ao abrigo do projecto de animação e dinamização do castelo de Palmela, iniciaram-se as escavações arqueológicas e transformaram-se alguns espaços em salas museológicas e áreas de serviço e de comércio.

 

Texto: PAF / IPPAR

 Outras Ligações:

 

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Castelo de Abrantes ou Fortaleza de Abrantes – Santarém

Posted by mjfs em Abril 30, 2009

Castelo de Abrantes

A cidade de Abrantes, no distrito de Santarém, possui um poderoso e austero castelo. A silhueta das suas muralhas domina uma elevação da cidade e vigia atentamente a proximidade do extenso caudal do rio Tejo.

Pensa-se que a antiga fortaleza pré-romana terá sido conquistada no ano de 130 a. C. pelo cônsul romano Décio Júnio Bruto. Abrantes revelava-se um ponto estratégico fundamental, dado que esta cidade estabelecia a confluência de várias redes viárias, posição táctica que manteve a sua posterior validade, como o comprovam as sucessivas alterações da sua fortaleza militar.

Esta cidade ribatejana foi conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques em 1148. Posteriormente, seria alvo de dois longos e desgastantes cercos levados a cabo pelos Almorávidas, o primeiro dos quais aconteceu 21 anos mais tarde. Contudo, as forças cristãs sob o comando do primeiro rei português defenderam valorosamente este castelo.

No século XIII, D. Afonso III procedeu a melhoramentos substanciais nas muralhas da cidade, para D. Dinis cumprir a tarefa de concluir o perímetro defensivo, ao mesmo tempo que terminava a remodelação da Torre de Menagem.

O mestre de Avis, futuro D. João I, recebeu o apoio desta praça-forte durante a crise de 1383-1385, tendo sido aqui tomada a decisão de enfrentar o exército castelhano em Aljubarrota.

Na segunda metade do século XVI, a fortaleza de Abrantes entrou em acentuada decadência, particularmente durante a dinastia filipina. Ao longo da ocupação espanhola, o seu interesse estratégico foi considerado nulo.

Contudo, no último quartel do século XVII, D. Pedro II mandou reedificar a praça-forte de Abrantes, pois as Guerras da Restauração voltaram a colocá-la no centro da estratégia defensiva do território nacional. As grandes obras de remodelação seiscentistas basearam-se no moderno sistema de fortaleza à Vauban. Foram acrescentados ao castelo medieval dois meios-baluartes, enquanto se procedia à adaptação e alargamento das muralhas, preparando-as para os impactos destruidores da pirobalística.

No século XVIII, as instalações do castelo foram adaptadas a quartel, para darem guarida a um regimento de cavalaria real. Alguns anos mais tarde, entre 1792 e 1799, foi ampliado e ocupado pela legião comandada pelo marquês de Alorna. No virar do século, Abrantes seria um dos palcos da denominada Guerra das Laranjas, conflito luso-espanhol que arrastou para a guerra algumas localidades portuguesas. Em 1807, as invasões napoleónicas aconteciam pela mão de Junot; com ele estendeu-se todo um cortejo de violência e humilhações. O marechal francês ocupou esta cidade a 22 de Novembro e “recebeu” o título de duque de Abrantes. Contudo, menos de um ano depois, a cidade foi recuperada por um grupo de militares e populares portugueses. Reocupada no decurso da terceira invasão francesa, Abrantes voltou a ser martirizada pelas tropas comandadas por Massena, após a derrota deste nas Linhas de Torres Vedras.

Desactivado em termos de aquartelamento militar, o castelo de Abrantes conserva ainda a beleza dos volumes castrenses do seu passado. Envolta por um parque elegante e verdejante, a fortaleza deixa ver dois distintos panos de muralha, reforçado o primeiro por cilíndricos torreões e rasgado por algumas aberturas rectangulares. A porta principal abre-se no ângulo nordeste de fortaleza. O elemento que maior destaque alcança é a extensa Loggia do Paço dos Marqueses de Abrantes, varanda de grandes e poderosos arcos de volta perfeita, ladeada por dois torreões cilíndricos.

O interior da praça de armas possui ainda as antigas dependências palacianas, marcadas pela grandiosidade das suas estruturas arquitectónicas. Emerge destas construções a antiga Igreja de Santa Maria do Castelo, convertida em museu onde se expõem belas colecções de escultura romana, escultura tumular dos século XV e XVI, para além de notáveis painéis de azulejos sevilhanos e outras significativas obras de arte.

In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-21].

Outros Links:

 

 

Castelo de Abrantes em obras depois de desabamento de parte da muralha

16 DEZ 08 às 19:00

Uma parte da muralha do castelo de Abrantes cedeu durante o fim-de-semana e depois do alerta que foi lançado pela autarquia sobre o mau estado da muralha daquele monumento nacional de 900 anos. Na sexta-feira, a câmara assinou um protocolo para a recuperação parcial da muralha com a Direcção Regional da Cultura, mas logo a seguir, as chuvas causaram o desabamento de parte da estrutura.

As obras tiveram início, esta terça-feira, com a colocação dos andaimes, mas os técnicos terão de rever o plano de actuação, pois uma parte da muralha cedeu parcialmente pela base durante o passado fim-de-semana. Desta forma, o escoramento que estava previsto já não vai ser feito.

Castelo de Abrantes - Rui Miguel Silva

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Nelson de Carvalho, afirmou que o trabalho pode ser mais demorado do que o inicialmente previsto.

Castelo de Abrantes  - Rui Miguel Silva

Este desabamento afectou uma pequena área com cerca de cinco metros de comprimento por dois de altura, que foi entretanto vedada ao público, não colocando em risco a segurança dos visitantes.

Castelo de Abrantes  - Rui Miguel Silva

O castelo continua aberto, sendo desta forma possível entrar nas muralhas e visitar o jardim, a igreja, a torre de menagem e o palácio do governador.

O Castelo de Abrantes data do século XII, tendo sido mandado construir por Dom Afonso Henriques.

Ao longo dos seus 900 anos de existência já foi alvo de seis intervenções, a última das quais entre 2002 e 2004.

Apesar do orçamento inicial para esta intervenção de emergência ser de 80 mil euros, divididos entre a autarquia e o Ministério da Cultura, a câmara acredita que este valor será ultrapassado.

Desta forma, não há um preço certo e um espaço de tempo definido para a conclusão destas obras na muralha do Castelo de Abrantes.

(Citação: Rui Miguel Silva / TSF)

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Castelo de Torres Vedras – Lisboa

Posted by mjfs em Abril 7, 2009

    Torres Vedras

Apesar de ter sido já intervencionado arqueologicamente, em pelo menos seis ocasiões, não foi ainda possível esclarecer coerentemente as fases de ocupação do sítio onde se implanta o castelo, em particular as mais recuadas. Sabemos que, quer os romanos, quer os muçulmanos, deixaram a sua marca no local, mas os vestígios até agora identificados não permitem uma interpretação funcional do sítio, nem uma leitura dos fenómenos de transição e de sobreposição. Equaciona-se a existência de um reduto urbano islâmico em associação com um primitivo castelo, de que fariam parte algumas habitações e provavelmente uma mesquita, mas estas suposições aguardam, ainda, um detalhado estudo arqueológico do interior do pátio amuralhado.

Só com a conquista portuguesa desta parcela de território temos dados mais concretos acerca da evolução do castelo. Em 1149, um ano após a conquista por D. Afonso Henriques, o monarca doou a povoação a D. Fuas Roupinho. É a este importante nobre que se atribui uma primeira construção (ou reformulação) da fortaleza, embora o essencial da construção que chegou até nós date já do reinado de D. Dinis. É muito provável que o pequeno castelejo que coroa a acrópole corresponda à edificação do século XII. A sua planta rectangular irregular, adaptada às curvas de nível do terreno, e o seu precoce sistema de defesa, com apenas um torreão semicircular de construção claramente posterior, admite essa interpretação preliminar, embora também este espaço esteja muito adulterado pelas posteriores funções de Paço dos Alcaides, que desempenhou nos séculos seguintes.

No final do século XIII, por volta de 1288, D. Dinis ordenou a ampliação do conjunto militar, iniciativa que deve ter estado na origem da configuração oval, plenamente gótica, do circuito amuralhado. A porta principal, em arco quebrado, deve também ter sido reformulada nesta época, uma vez que é protegida por uma grande torre quadrangular, saliente da muralha, que recorda parcialmente as composições harmónicas das entradas monumentais de alguns castelos edificados ou reformulados nessa época.

A terceira grande fase de obras da fortaleza ocorreu no início do século XVI, durante o reinado de D. Manuel. As obras ter-se-ão iniciado em 1516 e prolongaram-se, pelo menos, até ao final dessa década. Sobre a porta principal, colocaram-se os elementos identificadores do reinado: o escudo real ladeado por duas esferas armilares encimadas pela cruz da Ordem de Cristo, a quem o castelo estava afecto. No castelejo, já transformado em paço dos alcaides, construiu-se a torre semi-circular que se adossa pelo lado Sudeste, construção atípica, de apenas dois andares e que tem a particularidade de conter, no seu interior, uma sala abobadada de dois tramos. Este torreão, verdadeira marca da campanha manuelina, tinha ligação com um outro, situado a Ocidente, através de um pano de muralha de que ainda restam ténues vestígios, facto que comprova a maior abrangência e monumentalidade das obras empreendidas no tempo de D. Manuel.

Um século depois, e apesar da relevância estratégica deste conjunto militar, a estrutura encontrava-se em muito mau estado de conservação. No auto de posse do alcaide D. João Soares de Alarcão, em 1604, noticia-se que as muralhas apresentam graves lacunas e que a barbacã está praticamente desmantelada. Desconhecemos se tiveram lugar obras de reparação e, em 1755, aquando do Terramoto de Lisboa, o que restava do paço ruiu, bem como alguns panos de muralha, o que pressupõe um adiantado estado de abandono destas estruturas. Completamente em ruínas no final do século XVIII, o castelo desempenhou ainda papel importante durante as Invasões Francesas, pela sua localização junto às Linhas de Torres. A porta principal foi demolida e novos e modernos baluartes foram construídos. No entanto, em 1846, o paiol que se encontrava no seu interior explodiu, o que levou ao abandono definitivo da fortaleza e, no último meio século, à ruína quase integral da estrutura.

Texto: PAF / IPPAR

Outras Ligações:

Castelo de Torres Vedras

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Castelo de Sintra ou Castelo dos Mouros – Lisboa

Posted by mjfs em Abril 4, 2009

  Castelo dos Mouros - Sintra 1

Numa das soberbas e verdejantes vertentes da romântica Serra de Sintra – denominada pelos romanos o Monte da Lua – localiza-se um dos mais lendários e assombrosos castelos de Portugal. Trata-se do conhecido Castelo dos Mouros, que, em silêncio, vigia Sintra e as planícies que se estendem até ao Oceano Atlântico.

Tal como o nome indicia, a sua edificação deveu-se aos muçulmanos, tendo estes começado a levantar as suas defesas entre os séculos VIII e IX. Cobiçada entre as diferentes e rivais taifas árabes, Sintra mudou várias vezes de mãos, sendo inclusivamente ocupada no século XI por Afonso VI de Leão. No entanto, a sua posse definitiva para as armas cristãs ocorreu no século XII, quando D. Afonso Henriques tomou igualmente Lisboa e Santarém. Caiu sem resistência, pois os seus defensores tinham-se acolhido à segurança de fortalezas localizadas na margem sul do Tejo.

O repovoamento e defesa de Sintra é realizado pelo nosso primeiro monarca, que, para atrair as populações e os militares, concedeu foral a esta localidade em 1154. D. Sancho I remodela e restaura as defesas do castelo de Sintra, obras que seriam retomadas no século XIV, em pleno reinado de D. Fernando I. Da original edificação árabe subsistiram apenas alguns panos de muralha ameados.

Nas desastrosas guerras desencadeadas pela ambição de D. Fernando, os exércitos castelhanos atacaram Sintra. Durante a crise dinástica de 1383-85, o alcaide deste castelo tomou partido por D. Beatriz e Castela, mantendo-se fiel a este compromisso até à Batalha de Aljubarrota.

Quando a corte se deslocava a esta localidade dos arredores de Lisboa, ficava no Palácio da Vila de Sintra, pelo que as antigas instalações residenciais do castelo começaram a ser negligenciadas. O seu interesse militar decaiu e a praça-forte ficou desguarnecida. O tempo encarregou-se de ir arruinando o perímetro defensivo do Castelo dos Mouros.

No século XIX, D. Fernando II empenhou-se em valorizar a Serra de Sintra. Este mecenas esclarecido e culto procedeu a uma imaginativa obra de conservação e restauro, iniciativa importante que susteve a ruína em que o castelo caíra.

Serpentinando ao longo de uma das íngremes colinas da serra sintrense, os panos de muralha apresentam-se coroados por parapeitos ameados. A muralha é fortalecida por sólidos cubelos, correndo no seu interior extensos adarves, rampas e inúmeros degraus de escadas. Sobressaem vigilantes cinco torres ameadas, estando a de menagem gravemente danificada por um raio que a atingiu em 1636, bem assim como pelo terramoto de 1755.

Intramuros e nas proximidades da porta de entrada observam-se as ruínas do pequeno templo românico consagrado a S. Pedro, obra realizada no reinado de D. Afonso Henriques. Contígua fica a cisterna do castelo, brotando do seu interior abobadado uma nascente que alimentava o Palácio da Vila de Sintra.

Na cota mais elevada ergue-se a Torre Real, construção a que se acede vencendo 500 demolidores degraus escavados na rocha. De acordo com a tradição, o poeta Bernardim Ribeiro terá habitado neste bucólico e isolado local.

Integra-se este castelo na área Paisagem Cultural de Sintra, local classificado Património Mundial pela UNESCO.

Castelo dos Mouros. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-04].
Castelo dos Mouros – Infopédia

OUTRAS LIGAÇÕES:

  • Castelo de Sintra (Pesquisa de Património no IPPAR)
  • Castelo dos Mouros (Pesquisa de património na DGEMN)
  • UNESCO – Cultural Landscape of Sintra (Inglês)
  • Luz & Sombras – Fotografia de Natureza e Paisagem em Sintra
  • Castelo dos Mouros – Infopédia
  • Castelo dos Mouros – pt.wikipedia
  • Castelo dos Mouros – (fotos) wikimedia
  • Castelo dos Mouros – Portugal Virtual
  • Castelo dos Mouros – Guia da Cidade
  • Castelo dos Mouros – (fotos) – IPPAR
  • Sintra (Galeria Fotos – Portuguese_eyes) 

     

    Castelo dos Mouros - Sintra 2

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    Castelo de Pirescoxe – Loures – Lisboa

    Posted by mjfs em Março 31, 2009

     Castelo de Pirescoxe

    O castelo de Pirescoxe tem as suas origens no século XV, mais precisamente no ano de 1442, altura em que Nuno Vasques de Castelo Branco e sua mulher, D. Joana Zuzarte, titulares do viscondado de Castelo Branco, instituíram um morgadio neste local, então uma quinta da família. Terá sido a partir dessa data que se edificou o actual conjunto monumental, que chegou até aos nossos dias sem grandes alterações na fisionomia exterior. Ele é, assim, um típico paço senhorial da nobreza portuguesa dos finais da Idade Média e tal estatuto está bem expresso na dualidade estética e funcional entre a imagem de força e de poder que os seus promotores pretendiam que o monumento transmitisse, e a comodidade de uma residência adaptada a uma cada vez mais exigente nobreza.

    Apesar de desconhecermos, em grande parte, a estrutura interna do conjunto, possuímos ainda suficientes elementos do plano original que ajudam a caracterizá-lo no contexto das casas nobres senhoriais quatrocentistas. Planimetricamente, existiu uma deliberada busca pela simetria e racionalidade, visível na planta quadrangular da sua estrutura geral, apenas interrompida por um anacrónico prolongamento da torre e muralha que delimitam o conjunto pelo lado esquerdo. A imagem militar (veiculadora da tal sensação de poder tão característica da arquitectura civil nobre de finais da Idade Média) é a primeira característica fundamental a retirar do imóvel. Três torres quadrangulares, de apenas dois andares, reforçam a muralha que corre a toda a volta do conjunto, uniformemente rematada por ameias, sendo as torres flanqueadas por matacães sobre modilhões.

    Interiormente, porém, a imagem de castelo ameniza-se e a organização dos espaços obedecia a critérios mais funcionais. Assim, o centro do conjunto funcionava como pátio, a partir do qual se acedia às várias áreas. Para o lado da fachada principal localizava-se o corpo residencial, onde ainda existe a grande chaminé do salão nobre, ligado lateralmente a dois outros corpos onde existiam quartos, áreas de apoio e a capela (de que ainda restavam importantes vestígios em 1939, como o espaço e a abóbada originais). Para as traseiras estavam reservadas as dependências domésticas e destinadas à criadagem, como cozinhas, arrecadações e demais espaços de armazenagem e funcionamento do paço.

    Esta descrição sumária revela bem o carácter racional do conjunto, mas a verdade é que estamos perante uma obra secundária e relativamente modesta no quadro da actividade construtiva civil da poderosa nobreza quatrocentista. Ao contrário dos paços reais de Leiria, ou dos senhoriais de Barcelos, por exemplo, estamos diante de um monumento algo atarracado, com muralhas e torres baixas, e detentor de uma preocupação racional não totalmente conseguida, uma vez que as torres não estão simetricamente dispostas entre si nem em relação com o conjunto.

    Parcialmente adulterado ao que tudo indica no século XVII, altura em que se terão reformulado parcelas importantes do interior, com vista a uma actualização funcional do espaço, o século seguinte trouxe a ausência de vida ao monumento, uma vez que D. Pedro Castelo Branco, capitão da Guarda do Príncipe D. Teodósio, um dos filhos de D. João V, foi o último da linhagem dos Castelo Branco e derradeiro proprietário do paço.

    Praticamente em ruínas até aos finais do século XX, coube à Câmara Municipal de Loures definir um ambicioso projecto de revitalização do conjunto. A adaptação a espaço cultural, com auditório, galeria municipal e cafetaria, entre outros espaços e valências, foi precedida por uma intervenção arqueológica, que logrou identificar uma série de alterações ao edifício original, a maior parte das quais destruída pela posterior obra de reconversão, mas não revelou estratos de povoamento anterior ao século XV.

    Texto: PAF / IPPAR

    Castelo de Pirescoxe

    Mais Ligações:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Pirescoxe (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Pirescoxe (pt.wikipedia)
  • Castelo de Pirescoxe (wikimedia)
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    Castelo de Alenquer – Lisboa

    Posted by mjfs em Março 29, 2009

    Castelo Alenquer  

    O castelo gótico de Alenquer organizava-se em dois recintos diferenciados: no nível superior, ajustando-se à topografia do terreno, localizava-se a alcáçova; no inferior, abrangendo uma área mais vasta, desenvolvia-se a cerca que protegia o primitivo aglomerado urbano.

    Sobre a configuração das anteriores fases da fortaleza nada sabemos, à excepção de alguns dados históricos que confirmam a sua existência. Assim, é de presumir que a primeira forma tenha sido dada pelos muçulmanos, que terão fortificado a povoação. Ela foi conquistada pelas forças cristãs em 1148, no mesmo processo militar que levou à tomada de Lisboa, Sintra, Almada e Palmela. Consta que D. Afonso Henriques ordenou uma campanha restauradora do conjunto, mas nenhum elemento material certifica a sua consumação.

    No troço de muralha voltado a Norte conservam-se duas torres quadrangulares avançadas em relação à cerca, numa solução que se aproxima das torres albarrãs islâmicas, embora sem se autonomizarem da muralha. Este facto pode indicar uma anterioridade deste sector da cerca mas, quer o aparelho construtivo, quer a forma de enrocamento da estrutura, não apresentam pontos de contacto com a arquitectura islâmica.

    Certo é que, nos primeiros anos do século XIII, o castelo era uma das mais importantes praças fortes da região imediatamente a Norte de Lisboa. D. Sancho I mandou construir um paço que doou a sua filha, D. Sancha. Esta, perante a recusa de seu irmão em reconhecer a doação, viu-se obrigada a refugiar-se no interior das muralhas, as quais foram imediatamente cercadas pelo futuro D. Afonso II. Neste processo de luta entre os irmãos desavindos, o Papa Inocêncio III interveio e cedeu o castelo à Ordem do Templo, prova da relevância militar da estrutura naquela conjuntura.

    A partir desse período, Alenquer passou a ser parte integrante do património das rainhas, sendo sucessivamente doada às soberanas do reino. As obras de edificação do conjunto que actualmente resta devem situar-se pelos inícios do século XIV, altura em que a Rainha Santa Isabel detinha a vila. Com efeito, os escassos vestígios materiais conservados indicam uma cronologia plenamente gótica. A planta da alcáçova é genericamente oval e não consta que integrasse torre de menagem isolada no pátio, mas sim adossada a uma das frentes de muralha. A cerca era corrida por adarve protegido por merlões quadrangulares e, perto do rio, aparentemente com funções defensivas sobre uma antiga fonte que abastecia a população, ergue-se a Torre da Couraça. Esta deverá ser de cronologia posterior à edificação do castelo e é uma imponente estrutura, de mais de 18 m de altura, bastante modificada nos séculos seguintes, tendo sido aproveitada para fins habitacionais privados.

    Residência real no final da Idade Média, o castelo foi parcialmente destruído em 1385, quando D. João I subiu ao trono e o alcaide de Alenquer havia jurado fidelidade à causa castelhana. A torre de menagem foi destruída e parte das muralhas seguiram o mesmo caminho. Só em 1439, continuando a localidade a pertencer ao património das rainhas, D. Leonor Teles ordenou levantar a cerca derrubada.

    No século XVI, o estado de abandono do castelo levou a que se entulhasse a cisterna e, a partir de 1580, abraçando novamente o seu alcaide o lado errado da História (neste caso o partido de D. António, prior do Crato), o castelo entrou em definitiva decadência, não voltando a ser reconstruído. Paulatinamente, passou a ser utilizado como pedreira e, no século XIX, foi a própria Autarquia a determinar a demolição de algumas parcelas.

    Em 1927, Hipólito Cabaço procedeu à limpeza parcial da cisterna e identificou espólio que permite situar a construção da fortaleza entre 1350 e 1385, lapso temporal que urge definir com maior clareza. Em 1940, a DGEMN demoliu a capela por cima da Porta de Nossa Senhora da Conceição e procedeu ao restauro de parte da muralha, mas o processo de restauro ficou inacabado, assim permanecendo até hoje.

    Texto:  PAF/IPPAR

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Alenquer (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Alenquer (pt.wikipedia)
  • Castelo de Alenquer (cm-alenquer)
  • Castelo de Alenquer (Guia da Cidade)

     

     

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    Castelo de Porto de Mós – Leiria

    Posted by mjfs em Março 22, 2009

    Castelo Porto de Mos - Foto Adrian Diaz 

    À semelhança do que acontece com o vizinho Castelo de Ourém, também não estão esclarecidas as origens do local, em particular durante o período de nominal domínio árabe. Tem-se sugerido a existência de uma atalaia islâmica, conquistada por D. Afonso Henriques em 1148 (apenas depois das conquistas de Lisboa, Palmela e Santarém?), mas os vestígios materiais dessa realidade tardam em aparecer.

    Mais certo é a iniciativa edificadora dos nossos primeiros monarcas. A D. Sancho I atribui-se uma primeira construção militar, posteriormente alargada e reforçada no reinado de D. Dinis, numa campanha que chegou a cercar toda a povoação.

    Mas o mais importante contributo construtivo para a história de Porto de Mós ocorreu já no século XV, altura em que a localidade entrou na posse do Conde de Ourém e 1º Marquês de Valença, D. Afonso. Em Ourém, o conde promoveu avultadas obras, ao abrigo de um italianismo ímpar no nosso país. O majestoso paço que construiu no castelo de Porto de Mós inscreve-se neste mesmo movimento e constitui o segundo capítulo escrito por D. Afonso de uma história de real importância na evolução da arte quatrocentista nacional.

    O monumento apresenta uma evidente racionalidade arquitectónica, ao alicerçar-se numa planta pentagonal, cujos vértices são reforçados por torreões (três de secção quadrangular e um outro pentagonal). A fachada principal, voltada a Sul, é de feição harmónica, com corpo central ladeado por duas torres coroadas com terminações piramidais. O portal é de arco de volta perfeita, encimado por elegante loggia panorâmica, mais característica da arquitectura palaciana que da militar. O interior apresenta um pátio central (onde se escavou a cisterna), a partir do qual se acede a todos os espaços do conjunto.

    A loggia corrida ao longo do andar nobre do paço e o coroamento piramidal das duas torres que ladeiam a entrada fazem com que este castelo seja uma das mais importantes peças de cenografia arquitectónica do século XV português. Por essa altura, viveram-se tensões entre casas nobres, com uma guerra civil pelo meio, mas o paço de Porto de Mós foi concebido com preocupações mais artísticas e socialmente prestigiantes do que propriamente militares.

    Texto: PAF / IPPAR

    Castelo Porto de Mos - Foto ESPortoMós

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Porto de Mós (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Porto de Mós a 3D no Google Earth
  • Castelo de Porto de Mós (Guia da Cidade)
  • Castelo de Porto de Mós (pt.wikipedia)
  • Castelo de Porto de Mós (wikimedia – fotos)
  • Castelo de Porto de Mós (IPPAR – fotos)
  • Castelo de Porto de Mós (Colecção Sec. XXI – Fotos)
  • Posted in Arquitectura, Castelos, Gótico, História, Imagens, Monumentos, Património, Portugal, Renascentista | Leave a Comment »

    Castelo de Pombal – Leiria

    Posted by mjfs em Março 21, 2009

     

    Castelo Pombal - wikimedia 

     

    A construção do castelo de Pombal é atribuída aos Templários, a quem D. Afonso Henriques doou esta região, todavia há provas da existência de uma fortificação romana neste local, que os árabes terão ocupado até à reconquista cristã da península.

    Com a extinção da Ordem do Templo, em 1311, o rei D. Dinis, entregou este castelo à Ordem de Cristo e já no início do século XV, D. João I doou-o ao conde de Castelo Melhor.

    D. Manuel I, por volta de 1500, decide fazer obras de recuperação do castelo, algo degradado, e no século XVII, o conde de Castelo Melhor adaptou-o a residência.

    Durante as invasões francesas foi saqueado e incendiado pelo general Massena, quando já fugia depois da derrota sofrida nas Linhas de Torres, o que ditou o seu posterior abandono e ruína.

    Classificado como Monumento Nacional, beneficiou de obras de consolidação e restauro, por parte da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Edificado sobre uma planta em forma de escudo, destaca-se no seu interior, a Torre de Menagem, vestígios da primitiva igreja românica de São Miguel e a alcáçova Manuelina

    Texto: «Guia da Cidade»

     

    Castelo Pombal - Portuguese_eyes

    Cronologia

    1128 – O castelo de Pombal, outrora castro romano e fortaleza árabe, estava inserido no vasto território pertencente à Ordem do Templo;

    1155 ou 1156 – Inicio da reconstrução do castelo de Pombal, construção de vários torreões para servir de contraforte e simultaneamente suster e estabilizar a muralha, e do repovoamento da vila (BARROCA, 2000, tomo I, p. 360);

    1171 – Construção da Torre de Menagem com alambor no pátio do castelo; neste período de reconquista passiva a Torre de Menagem servia de último reduto de defesa sendo aí que se encontravam guardadas as pertenças do senhor terra-tenente; esta obra ficou assinalada numa inscrição, como era costume dos Templários, e esteve afixada neste castelo tendo sido transferida, a pedido do Infante D. Henrique, entre 1420-1460, para o Convento de Cristo em Tomar (v. 1418120002), onde hoje se encontra na parede exterior da Sacristia Velha*1;

    1353 – o castelo e a vila são doados à Ordem de Cristo; séc. 16 (inícios) – reconstrução do castelo por D. Manuel;

    1560 – reconstrução da igreja de Santa Maria do Castelo pelo alcaide Pedro de Sousa Ribeiro, antepassado dos Condes de Castelo-Melhor, que detiveram a alcaidaria desde o reinado de D. Afonso V até 1834 (LEAL, 1876);

    1811 – as tropas francesas comandadas pelo Gen. Ney causaram grandes prejuízos no castelo;

    1812 – a pia baptismal é transferida de Santa Maria do Castelo para a igreja de São Martinho;

    1923 – Requerimento da C.M. Pombal ao Ministério da Guerra a solicitar que lhe seja entregue o Castelo;

    1924, 7 de Dezembro – Auto da entrega que faz o Ministério da Guerra ao Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo em Pombal do Castelo da mesma vila e terrenos anexos, que constituem o prédio militar nº 1: “nos Paços do Concelho foram entregues as ruínas do Castelo ao Núcleo dos Amigos, demarcadas com 32 marcos de cantaria devidamente numerados seguidamente a partir de norte para sul, seguido por nascente, e tendo por cima de cada número as siglas M.G.-. (…) Ao Núcleo fica competindo a conservação e a guarda do prédio, podendo o Ministério de Guerra auxiliar, quando o entender; A concessão é a título gratuito e tempo indefinido, conservando o Ministério de Guerra a Propriedade; o Núcleo não poderá realizar quaisquer obras no prédio, mesmo de conservação, que importem demolições ou novas construções de alvenaria, ou ainda movimentos de terra nas esplanadas, sem licença prévia e escrita do Ministério de Guerra”;

    1931 – tendo sido dissolvido o Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, caducou a concessão feita pelo MG, tendo sido feito, nas mesmas condições, o auto de cedência do uso fruto do prédio militar nº 1, constituído pelo castelo e explanada de acesso, à Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal;

    1933 – pedido de autorização para construção de uma estrada que ligue a vila ao castelo, autorizada e registada em “escritura de autorização concedida pelo Ministério da Guerra à Comissão de Iniciativa do Concelho de Pombal”. Para construir uma estrada de acesso ao castelo pelo seu prédio militar (…).;

    1934 – A Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal apresenta uma proposta para arborização do monte do castelo aprovada pela Comissão Executiva da Câmara Municipal e autorizado pelo Conselho Superior de Belas Artes;

    1939, 13 de Abril – auto de entrega ao Ministério das finanças do Castelo de Pombal: Castelo de dez torres rectangulares em estado de ruína com terreno anexo, medindo 25.437 m2, no valor de 200.000$00, estando as respectivas torres ligadas por muralhas ao interior da Torre de Menagem. Fora do castelo existe uma capela em ruínas e uma torre. Tem placa a que se refere o Dec.- Lei nº. 24.489, demarcados com as iniciais P.E. e está também demarcado com 33 marcos de cantaria com as iniciais M.G. e com os respectivos números. A confrontar de norte com caminho público e António Lopes Teixeira; do sul com António Lopes Teixeira e caminho de acesso ao Castelo, e de nascente e poente com António Lopes Teixeira e Ribeiro Faria e inscrito na matriz;

    2004 – apresentado um projecto de requalificação e valorização das estruturas existentes pelo município, encontrando-se em fase de apreciação pelo IPPAR (Diário das Beiras, 16-08-2004);

    2005 – Musealização da Torre de Menagem

    (Fonte: Site do Concelho de Pombal)

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Pombal (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Visão em 360 graus de todo interior do Castelo
  • Mais fotos no site do concelho de Pombal
  • Castelo de Pombal (Guia da Cidade)
  • Castelo de Pombal (pt.wikipedia)
  • Castelo de Pombal (wikimedia – fotos)
  • Castelo de Pombal (IPPAR – fotos)

     

     

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    Castelo e Muralhas de Óbidos – Leiria

    Posted by mjfs em Março 20, 2009

     Castelo de Óbidos - Osvaldo Gago - fotografar.net - wikimedia

    Há uma relação de afectividade neo-romântica para quem visita a vila de Óbidos. Serão poucos os casos no país onde a busca deliberada de um ideal cenográfico de Idade Média foi tão efectivo, razão da aparente atemporalidade das ruas do conjunto intra-muralhas, que, na sua sinuosidade, nas suas fachadas brancas e no vislumbre das inventadas ameias, nos transportam para um tempo mítico de um Portugal em formação.

    São ainda obscuras as origens da fortaleza. Ao que tudo indica, a sua posição dominante em relação à extensa lagoa a ocidente, favoreceu a instalação de um primitivo reduto fortificado de origem romana. A Alta Idade Média não deixou vestígios aparentes da sua presença, e será, apenas, na viragem para o século XII que Óbidos voltará a merecer referências documentais precisas. No mesmo impulso expansionista que levou as fronteiras de Portugal até à linha do Tejo, em 1147, a vila passou para a posse de D. Afonso Henriques, ficando para a posteridade uma tradição de tenaz resistência por parte dos muçulmanos. Anos mais tarde, na sequência das investidas almóadas de final do século, coube a D. Sancho I reconquistar a localidade, dotando-a, então, de condições mais efectivas de povoamento e de organização.

    1210 é uma das datas mais marcantes da vila. Nesse ano, foi doada às rainhas, passando a figurar como uma importante localidade da casa das soberanas nacionais. Com presença assídua dos casais régios ao longo das Idades Média e Moderna, Óbidos floresceu e foi sucessivamente enriquecida por obras de arte. O mecenato artístico patrocinado por D. Leonor (século XV) e, especialmente, por D. Catarina (século XVI), marca, ainda hoje, a paisagem arquitectónica da vila.

    O castelo e as muralhas de Óbidos evocam a importância da localidade na Baixa Idade Média. Apesar de, em grande parte, serem obra inventiva do século XX, asseguram a todos os que se dirigem à vila a identidade daquele passado emblemático. Desconhecemos a configuração do perímetro amuralhado inicial, contemporâneo da acção dos nossos primeiros monarcas. A torre do Facho, no limite Sul das muralhas e ocupando um pequeno monte, tem vindo a ser atribuída à reforma de D. Sancho I, mas a verdade é que os vestígios materiais inviabilizam uma análise mais pormenorizada. A ser assim, a ligação deste espaço ao monte do castelo ter-se-á dado logo no século XII.

    Mais consensual é a expansão urbana verificada na viragem para o século XIV. Com D. Dinis, Óbidos cresceu para fora das muralhas, ocupando o espaço em torno da igreja de São Pedro. Paralelamente, deu-se a reforma do sistema defensivo, e consequente actualização do dispositivo militar, campanha que deverá ter conferido a actual configuração ao perímetro amuralhado. Anos mais tarde, D. Fernando terá patrocinado novas obras, tendo a torre de menagem ainda o seu nome.

    Dividido em duas zonas essenciais (o castelejo, onde séculos mais tarde se instalou a Pousada, e o bairro intra-muros), a cerca define um perímetro bastante irregular, de feição rectangular e não oval, como seria mais frequente na castelologia gótica nacional. Entre o castelo propriamente dito (a Norte) e a Porta da Vila (a Sul), a Rua Direita estabelece a comunicação e aparece como o eixo de circulação privilegiado dentro da vila. Sensivelmente a meio, a Praça de Santa Maria é o principal largo do conjunto, ocupando um espaço quadrangular que corresponde ao adro da igreja tutelar da vila.

    A reinvenção do castelo deu-se na década de 30 do século XX. Por acção da DGEMN, que visava reverter o conjunto à sua imagem medieval, todos os parapeitos foram dotados de ameias, assim como se reedificaram torres e troços que, entretanto, haviam sido destruídos. No final dos anos 40, construiu-se a pousada, no local do antigo paço, e toda a vila foi dotada de uma homogeneidade estética que passou pelo revestimento de cal das fachadas e pelo pavimento uniforme de todas as ruas.

    Texto: PAF/IPPAR

    Muralhas Obidos - wikimedia - Paulo Juntas

    Outros Links:

  • Castelo de Óbidos (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Óbidos (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Fotografias do Mercado Medieval de Óbidos
  • Castelo de Óbidos (wikimedia-fotos)
  • Castelo de Óbidos (IPPAR-fotos)
  • Castelo de Óbidos (pt.wikipedia)
  • Castelo de Óbidos (Guia da Cidade)
  • Muralhas de Obidos (wikimedia-Fotos) 

     

     

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    Castelo de Alfeizerão (Ruínas dos Panos da Muralha) – Leiria

    Posted by mjfs em Março 18, 2009

     Castelo de Alfeizerao - pt.wikipedia

    Foto: Castelo de Alfeizerão, Portugal: vestígios. Aproximadamente ao centro, o marco geodésico

    O que resta do castelo de Alfeizerão não foi ainda objecto de um estudo monográfico rigoroso, devidamente acompanhado pelo contributo arqueológico. A relevância estratégica da localidade no nascente reino de Portugal, em expansão para Sul perto dos meados do século XII, certamente determinou um fenómeno de militarização da zona, que constituía um dos escassos portos de abrigo da revolta costa atlântica a Norte de Lisboa. Com efeito, a cerca de 3 Km situa-se a localidade de São Martinho do Porto e o castelo é o principal ponto defensivo entre Peniche e a Nazaré, dispondo, aparentemente, de um pequeno porto de abrigo.

    O castelo implantou-se numa colina dominante sobre a costa e uma extensão de terra interior, a cerca de 45 metros de altitude. Apesar da destruição maciça da estrutura, resta parte de um pano de muralha, composto por aparelho isódomo, que ligava dois torreões semicirculares, de volumetria original desconhecida. Aparentemente, o recinto seria de planta quadrangular, defendido por oito torreões e integrava torre de menagem isolada no pátio, ligeiramente descentrada para o lado nascente (voltado a terra).

    Escasseiam as referências à vida do castelo durante a Baixa Idade Média, mas o seu declínio está relativamente documentado, acompanhando o progressivo assoreamento do porto. No século XVI, este entreposto marítimo tinha ainda a capacidade para albergar 80 navios de grande porte, mas os séculos seguintes foram marcados por uma progressiva decadência. Em 1755, o terramoto destruiu parte da fortaleza, que não voltou a ser reconstruída, sintoma evidente da perda de importância do local em termos militares. Em meados do século XX, o que dele restava estava na posse de privados e, em 1973, procedeu-se a uma primeira abordagem arqueológica ao conjunto, que não teve, contudo, continuidade.

    Texto: PAF / IPPAR

    OUTROS LINKS:

  • Castelo de Alfeizerão (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Alfeizerão (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Alfeizerão (pt.wikipedia)
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