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Património de Portugal

Archive for the ‘Casas’ Category

Casa de Submosteiro Ou Casa dos Vasconcelos – Vila do Conde

Posted by mjfs em Fevereiro 5, 2009

 Casa SubMosteiro - Vila do Conde

O actual Auditório Municipal de Vila do Conde foi, outrora, a residência da família Vasconcelos, que habitou este imóvel desde o século XVIII, data da sua aquisição, até à década de 1970, quando os seus descendentes venderam a casa para aí ser construído um Centro Comercial. A intervenção da Câmara acabou por interromper o processo, transformando o imóvel em auditório, sob projecto do arquitecto Maia Gomes (1986), e conservando a antiga fachada.

Não são muitas as informações disponíveis sobre o solar dos Vasconcelos, mas sabe-se que esta construção nasceu da casa sobradada adquirida por Paulo Fernandes para sua habitação, no século XVIII, e do celeiro construído por Jacinto Vieira de Barros, em 1689. A intervenção em ambos os espaços ocorreu na década de 1770, por iniciativa de Paulo José de Lima, que herdara do pai a casa sobradada, e Mónica Esclástica Monteiro de Barros, herdeira do celeiro.

A casa de planta rectangular, desenvolve-se em dois pisos, com fachada seccionada por pilastras. No primeiro piso, abrem-se duas portas e duas janelas, encontrando-se a porta central flanqueada por óculos polilobados e encimada pela pedra de armas dos Vasconcelos. Esta, interrompe o ritmo das janelas e sacada do andar nobre, assentes sobre mísulas e formando uma espécie de friso que acentua a divisão entre os andares.

Esta edificação, que pretendia constituir uma marca de poder por parte de quem a habitava, e que assim impunha à vila a sua ascendência nobiliárquica, integra-se num conjunto de imóveis que, pela mesma época, surgiram em Vila do Conde. A vocação piscatória desta localidade, bem visível nas suas habitações de carácter modesto, passou então a ser pontuada por uma série de casas brasonadas, cujos proprietários tinham ligações de parentesco com as freiras que professavam em Santa Clara.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR

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Casa de São Sebastião ou Antiga Biblioteca Municipal – Vila do Conde

Posted by mjfs em Janeiro 20, 2009

 Casa São Sebastião - Vila do conde

Enquadramento

Urbano, isolado, separado por muro e jardim.

Descrição

Planta rectangular, composta, com volumes articulados horizontalmente, cobertura exterior de telhado diferenciado em várias águas, possuindo ao centro torre amansardada com janelas de arco de volta perfeita, de duas folhas. Fachada principal com embasamento de granito, formado por três corpos separados por pilastras e de dois pisos separados por friso. No corpo central abrem-se, ao nível do 1º piso, dois portões de arco abatido nos extremos, seguidos por pequena janela gradeada, de uma porta de verga recta e duas outras janelas iguais; no 2º piso, oito janelas de sacada com arco abatido, guardas de ferro e bandeira superior com vidros formando flor. O corpo da direita possui portão de arco abatido ladeado por duas janelas gradeadas no 1º piso e três janelas de sacada iguais no 2º. O corpo da esquerda é rasgado por portal de arco abatido e ladeado por pilastras que apoiam frontão interrompido; lateralmente, ao nível do 2º piso, duas janelas de sacada. Ao nível do 1º piso, a fachada é ritmada por 14 vãos de janela com sacada. A E., na fachada principal, encontra-se um portal que, ao nível do 1º piso, remata com frontão interrompido. A fachada lateral O., de um só pano, apresenta ao nível do 1º piso duas portas e duas janelas de guilhotina. No 2º piso, existem quatro janelas de sacada. A fachada O. é prolongada em direcção S., por muro de vedação com porta entaipada. A fachada posterior, orientada a S. e com janelas de guilhotina, apresenta ao centro um corpo proeminente, também este com janelas de guilhotina. A entrada no edifício é feita através do portal, acedendo-se a um pátio com pavimento em lajeado de granito. Deste, acede-se ao piso nobre por escadaria de lanços opostos, rematada por volutas e suportada por colunas de granito e de ferro. Esta escadaria dá acesso a uma varanda. O interior ao nível do 2º piso tem pavimento de madeira, tectos de estuque ornamentados com motivos vegetalistas e geométricos. As portas são de madeira almofadadas. O logradouro, ocupado por jardim e horta, tem na extremidade S. um torreão de cariz romântico.

Época Construção

Séc. 18

Cronologia

Séc. 18 – Construção; pertenceu aos Viscondes da Beira; séc. 19 – modificações; séc. 19, meados – passou para a família Figueiredo Faria; séc. 20 – instalação da Biblioteca Municipal; 1995, 2 Outubro – Despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel.

Tipologia

Arquitectura civil, barroca e romântica. Palácio urbano barroco de planta rectangular e fachada principal de dois pisos, formada por três corpos separados por pilastras.

Características Particulares

De realçar a solução utilizada no friso separador dos pisos que, no corpo da esquerda, acompanha a curva do frontão, o qual, com a sua altura, interrompe a fenestração regular da fachada principal, mas não desarmoniza o conjunto.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e mista.

Materiais

Alvenaria de granito rebocado, granito aparente, telha marselha e telha aba e canudo, madeira, ferro, estuque.

(Texto: DGEMN)

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Casa do Anjo de São Miguel – Valongo

Posted by mjfs em Janeiro 9, 2009

Casa do Anjo S Miguel - Valongo - Maria Inês Dias 04-08-2006 - IPPAR

Inscrita na malha urbana de Valongo, a casa do Anjo São Miguel destaca-se pela fachada totalmente revestida a cantaria, em contraste com outras que a ladeiam e onde, já o século XX, foram aplicados pequenos azulejos rectangulares monocromáticos.

São muito escassas as informações relativas a este imóvel, conhecendo-se apenas a data da sua edificação, em 1766, conforme a inscrição presente na cartela sobre a porta principal.

O frontispício, de dois andares, é aberto por uma porta e uma janela, no piso térreo, e outras duas, de sacada, no andar superior. Todos os vãos são de linhas rectas e a janela inferior exibe moldura com avental trabalhado, e uma vieira no lintel. Ganham especial relevância as mísulas que suportam a varanda, cujos remates são esculpidos como rostos.

Como era habitual na arquitectura civil setecentista, o piso nobre beneficiava de um tratamento mais cuidado, que no caso deste imóvel se manifesta nos brincos das ombreiras e na cornija, volumosa. Esta, forma um semicírculo na área que existe entre as janelas de sacada, acolhendo e conferindo um maior destaque à escultura de São Miguel, à qual a casa deve a sua designação. A iconografia seguida na execução desta imagem é a que tradicionalmente se relaciona com o arcanjo, e que representa S. Miguel combatendo o dragão. De facto, observamos aqui a figura do anjo, erguido sobre o dragão, e a segurar a lança que projecta sobre o animal numa das mãos, enquanto, na outra, deveria pender uma balança, alusiva à condenação e à salvação. Este episódio pode encontrar-se nos seguintes versículos do Apocalipse (Ap. 2, 7-9): “Depois, travou-se uma batalha no céu: Miguel e seus anjos declaram guerra ao Dragão. O Dragão e os seus anjos combateram, mas não resistiram. E nunca mais encontraram lugar no céu: o grande Dragão – a serpente antiga – a que chamam também Diabo e Satanás – o sedutor de toda a humanidade, foi lançado à terra; e com ele foram lançados também os seus anjos”.

Apostas à cornija, e no eixo dos vãos, encontram-se ainda duas cartelas de elementos concheados. No interior, apenas uma das salas do andar nobre apresenta tecto em masseira e uma fonte-lavabo, em granito.

Sem a imponência de um grande solar urbano, e sem a ostentação de poder conferida pelos elementos heráldicos destas habitações, a casa do Anjo São Miguel destaca-se, exactamente, pela figura que lhe dá o nome, e que constitui uma espécie de registo (boa parte dos quais em azulejo), em que São Miguel é, muito possivelmente, invocado como protector desta casa.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR

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Casa Grande Ou Casa dos Cunha Reis – Braga

Posted by mjfs em Janeiro 8, 2009

Casa Grande - Braga - monumentos.pt

Implantada desde o final do século XVIII no Campo das Hortas, a Casa Grande ou Casa dos Cunha Reis constitui uma das diversas marcas de poder que, ao longo dos tempos, os deões da Sé de Braga imprimiram à cidade. Foi seu impulsionador D. António Alexandre da Cunha Reis da Mota Godinho que, para tal, adquiriu esta propriedade no Campo das Hortas, onde edificou o imóvel que ainda hoje conhecemos e que foi considerado, à época, como uma das mais significativas construções da zona extramuros de Braga.

A sua família, ligada ao comércio do vinho (neto de um rico negociante portuense e filho de um deputado da Companhia dos Vinhos do Alto Douro, também detentor da Quinta da Vacaria, no Alto Douro), e os próprios cargos por si desempenhados (Deão do cabido da Sé, vigário capitular, governador temporal do arcebispado, cavaleiro da Ordem de Cristo, Senhor da Quinta da Vacaria), permitiram-lhe ostentar o seu poderio (económico, político e religioso) através da arquitectura. O brasão, patente no frontão triangular que remata o edifício é, no entanto, posterior, tendo aí sido colocado por seu irmão, Joaquim Jerónimo, herdeiro da casa por morte do deão, em 1834.

De planta regular, a Casa Grande, como é conhecida, apresenta dois andares, abertos por vãos regulares e bem ritmados que, na fachada principal, se relacionam entre si numa composição única – as portas e janelas do piso térreo são encimadas por um amplo lintel, formado por mísulas laterais que suportam um entablamento, a que se sobrepõe a base das janelas de sacada que constituem o piso nobre. A mesma composição que coroa os vãos térreos é repetida sobre as janelas de sacada, que terminam em frontões triangulares. Todo o alçado é ritmado por pilastras dóricas, que enquadram cada uma das composições descritas, o que acentua o sentido verticalizante do conjunto, apenas atenuado pelo friso que separa os dois andares e pelas linhas desenhadas pela regularidade dos diferentes traçados. Nos restantes alçados, o ritmo mantém-se ao nível do andar nobre, mas surge descontínuo no que diz respeito ao piso térreo. Ao centro da fachada, o frontão impõe-se, flanqueado por uma balaustrada, com vasos nas extremidades. O recurso a este género de linguagem, que se pauta pela utilização do frontão triangular (quer no coroamento dos vãos quer no próprio alçado), denuncia a emergência e o redescobrimento da linguagem clássica.

No interior, desenvolve-se um amplo átrio (que permitia a entrada de cavalos), com uma escadaria cenográfica, iluminada por clarabóia de decoração em estuque, com medalhões em trompe-l’oeil. Nas salas do andar nobre reencontramos o mesmo género de decoração, de gosto neoclássico. As temáticas escolhidas oscilam entre os temas mitológicos e as paisagens. O mobiliário, a colecção de pintura e a vasta biblioteca era muito enaltecida pelos contemporâneos, entre os quais se destacam, naturalmente, o rei D. Fernando e o Duque da Terceira que, em 1852, visitaram a Casa Grande.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR

Casa Grande - Braga - Foto Joseolgon 25 maio 2007

Outros Links:

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Casa e Quinta de Dinis de Cima – Couto (Santa Cristina) – Santo Tirso

Posted by mjfs em Dezembro 26, 2008

 Casa e Quinta Dinis de Cima - Couto - Santa Cristina - Santo Tirso - monumentos.pt 1

Situada na freguesia de Couto (Santa Cristina), a Casa de Dinis de Cima, envolta pela quinta à qual pertence, desenvolve-se numa planta em forma de U, que articula os dois volumes de maior destaque: os torreões.

As informações disponíveis sobre este imóvel não permitem concluir se esta é uma edificação de raiz, ou se, pelo contrário, radica numa construção medieval, profundamente alterada pela campanha do século XVIII. Na verdade, as denominadas casa-torre constituíram o modelo preferencial da habitação nobre na época medieval, onde este género de plano, com duas torres unidas por um corpo, foram uma das variantes adoptada e da qual restam alguns exemplos. Esta planimetria foi, posteriormente, recuperada pela arquitectura setecentista que, muitas veze,s reedificou as torres originais. Na Casa de Dinis de Cima, e apesar da compartimentação dos alçados por pilastras, estes volumes conservam uma alusão militar, de função apenas decorativa, bem presente nas ameias que rematam quer as torres quer o volume que as une. O próprio portal em ogiva que se abre no muro evoca, também, a linguagem medieval. Menos próprio da época, são os muitos vãos que rasgam estes corpos, com molduras de cantaria de configuração diferenciada.

Assim, e sem abandonar totalmente a possibilidade de aqui ter existido uma outra edificação, bem anterior, certo é que ela foi profundamente alterada no século XVIII. As fachadas do pátio e dos corpos laterais contrastam vivamente com a imagem fortificada observada, ao apresentar um desenvolvimento mais depurado. No alçado mais longo, ganha especial importância a capela, a porta principal, bem como o conjunto formado pelo brasão de armas dos Correia Miranda (com certeza, a família proprietária do móvel) e a fonte. O brasão ocupa um lugar de destaque, ao elevar a linha da cornija, que forma um semicírculo. Por baixo, abre-se uma janela, e no plano térreo, encontra-se a fonte, de tanque rectangular, com espaldar decorado. Duas pilastras encimadas por pináculos, ladeiam a estrutura central, com a bica e, sobre a cornija, um nicho flanqueado por volutas é rematado por frontão curvo.

No interior, bastante alterado, apenas se conservam algumas das coberturas, em masseira.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR

 

Casa e Quinta Dinis de Cima - Couto - Santa Cristina - Santo Tirso - monumentos.pt 2

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Casa Vicent – Porto

Posted by mjfs em Novembro 12, 2008

Casa Vicent - Porto - foto Manuel de Sousa

A Casa Vicent é um antigo estabelecimento comercial na cidade do Porto, em Portugal.

A Casa Vicent localiza-se no número 174 da Rua de 31 de Janeiro, na freguesia da Santo Ildefonso, em plena Baixa do Porto.

Caracterização

A Casa Vicent está em vias de classificação, na sequência de Despacho de 24 de Agosto de 1995.

O edifício destaca-se, sobretudo, pela utilização de ferro fundido dourado na fachada, com contornos constituídos por uma cadeia de elementos arqueados formando motivos vegetalistas, rematada superiormente com uma concha coroada por um elemento vegetal, cujas formas parecem remeter para a sobrevivência de um certo gosto rocaille.

No interior, o espaço mantém todo o mobiliário original, incluindo vitrinas, balcões e candeeiros, onde o dourado se revela uma constante. E é ainda no interior que podemos admirar as paredes forradas a papel, os tectos estucados e pintados, além dos pavimentos de madeira.

História

No início do século XX, o Porto ostentava diversos espaços urbanos de elevado requinte e elegância, dispostos numa atmosfera verdadeiramente cosmopolita, em boa parte mercê do desenvolvimento do comércio do vinho do Porto e da enorme influência que a comunidade britânica exercia na cidade.

Tal como nos principais centros europeus da época, foi no dealbar do século XX que a cidade assistiu ao florescimento do movimento da Arte Nova, cujas linhas arquitectónicas e decorativas eram preferencialmente apostas em edifícios comerciais e cafés. Os novos materiais — como o ferro e o vidro — evocavam o poder industrial e o avanço científico-tecnológico operado ao longo do século XIX. São disso bons exemplos edificações emblemáticas como o Café Majestic, a Ourivesaria Cunha e a Reis & Filhos, onde o trabalho do ferro fundido se acerca da elaboração da prata lavrada e cinzelada.

Localizada na Rua de 31 de Janeiro, a fachada da Casa Vicent foi elaborada em plena Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1915, com materiais provavelmente encomendados à Companhia Aliança, fundada no Porto, em 1852 pelo Barão de Massarelos. Desconhece-se o seu arquitecto. A designação Vicent vem do comerciante espanhol que nele se instalou, numa época em que esta rua se transformou numa das principais artérias comerciais do quotidiano portuense.

Fonte: wikipédia.pt

 

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Casa e quinta da Companhia – Paço de Sousa – Penafiel

Posted by mjfs em Outubro 16, 2008

Casa e Quinta da Companhia - Paço de Sousa - Penafiel - www.monumentos.pt - 1

A história da Quinta da Companhia, que deve a sua designação à Companhia de Jesus (original possuidora desta propriedade), encontra-se intimamente associada à história do Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa, a partir do século XVI, quando o Cardeal D. Henrique foi abade-comendatário desta casa religiosa. De facto, o futuro regente e rei encontra-se no centro da questão que envolveu os monges beneditinos de Paço de Sousa e os jesuítas.

D. Henrique tornou-se abade-comendatário deste convento em 1535, cargo que trocou, três anos mais tarde, pelo do Mosteiro de Castro de Avelães, regressando a Paço de Sousa em 1560. A cedência dos direitos comendatários à Companhia de Jesus é posterior. No contexto da reforma dos mosteiros de S. Bento, o Papa Pio V ordenou que todas as casas que não pudessem ser reformadas, fossem cedidas a outras ordens, o que veio a acontecer a Paço de Sousa, entregue à Companhia de Jesus, ou mais precisamente, ao colégio do Espírito Santo de Évora, em 1570. Contudo, os beneditinos opuseram-se a esta resolução e, em 1578, o Papa Gregório XIII acabou por anular a anterior disposição, cedendo à Companhia apenas a renda da mesa abacial. Aos beneditinos cabia a posse do mosteiro e a renda da mesa conventual, em todo o caso, bastante inferior à dos jesuítas.

Uma vez que os religiosos de São Bento conservavam as instalações conventuais, os jesuítas viram-se obrigados a construir uma casa professa e respectivo celeiro, que correspondem, hoje, à Casa da Companhia. Os terrenos para concretizar este empreendimento foram trocados com o mosteiro. Com a extinção da Companhia, em 1759, esta propriedade (com os foros da Mesa Abacial) foi adquirida pelo negociante José de Azevedo e Sousa, de Vila Nova de Gaia, que instituiu os bens em Morgado, deixando-o à sua segunda filha. A família manteve a Quinta na sua posse e, na segunda metade do século XIX foi, precisamente, um dos seus descendentes o responsável pelas profundas obras de remodelação da Casa, Diogo Leite Pereira de Melo, fidalgo da casa Real e presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia. Contudo, a intervenção não foi tão vasta quanto o desejava Diogo Leite, uma vez que os planos iniciais não puderam ser cumpridos por falta de recursos financeiros. Com a sua morte a Quinta foi vendida e o novo proprietário realizou uma série de reformas, que incidiram, principalmente, ao nível do interior.

O acesso à Quinta faz-se através de um portão recortado, ladeado por pináculos e coroado por pedra de armas. A fachada principal desenvolve-se em três pisos e é aberta por uma série de vãos, simétricos. O acesso ao primeiro piso é feito através de uma escadaria exterior, de desenho irregular, de lanços convergentes (dois de um lado e apenas um do outro).

Paralela à fachada, encontra-se ainda a capela, de nave única e coro alto que comunica com o piso intermédio do edifício de habitação. O alçado principal deste pequeno templo é flanqueado por duas pilastras cunhais, encimadas por pináculos e, ao centro, abre-se o portal, rematado por frontão curvo, interrompido por pinha, ao qual se sobrepõe um óculo. No interior, destaca-se o retáblo-mor, de talha dourada que se insere ainda num contexto seiscentista, ou proto-barroco, bem como o tecto, em caixotões, dourado e policromado.

Como já referimos, a casa foi objecto de profundas modificações entre os séculos XIX e XX, que lhe conferiram um aspecto mais próximo do neoclássico. Contudo, a capela conservou o traçado depurado e maneirista da época da sua construção. Ela é a mais viva memória da antiga vivência jesuíta, a par do celeiro, de características funcionais e implantado a Sul da habitação actual.

A Quinta desenvolve-se nos terrenos que cercam a casa, integrando espaços ajardinados, e a mata, onde é possível encontrar várias árvores centenárias e alguns locais de lazer, entre os quais destacamos a denominada Fonte dos Frades.

Texto: (RCarvalho) – IPPAR

 

Casa e Quinta da Companhia - Paço de Sousa - Penafiel - www.monumentos.pt - 2

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Casa da Quinta de S. Gens – Senhora da Hora – Matosinhos

Posted by mjfs em Maio 29, 2008

 

Casa da Quinta de S Gens - Matosinhos - José Eduardo Gama - 2006 - 4

Casa da Quinta de S Gens - Matosinhos - José Eduardo Gama - 2006 - 1

Quinta de São Gens – de propriedade privada a sede de serviço público; a Quinta de São Gens parece ser uma das que andaram ligadas durante séculos ao morgadio instituído em Ramalde, um pouco antes de 1542, por João Dias Leite. Até à data da intervenção de Nasoni nas quintas de Ramalde de São Gens, o morgadio de Ramalde foi administrado sucessivamente pelo fundador e por seus descendentes. Terá sido durante a administração de D. Maria Leite (falecida em 1738), ou de seus filhos, que nas Quintas de Ramalde e de São Gens se realizaram as obras credivelmente delineadas por Nasoni, sendo notável a similitude entre ambas as casas. Num percurso ainda residencial, na década de 1920, a Quinta de São Gens foi vendida a um brasileiro, o qual executou na casa diversas obras de remodelação, depois desta ter sido alvo de um incêndio; em 1928, a Quinta foi adquirida pelo Estado para nela instalar a Estação Agrária do Douro Litoral, sendo hoje uma das quintas de apoio à acção da Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho.

A Quinta de São Gens no quadro das quintas do espaço suburbano portuense:

a Quinta de São Gens integra um conjunto de quintas do termo da cidade do Porto cujo arranjo e enobrecimento é atribuído a Nicolau Nasoni. Efectivamente, são atribuídas ao italiano importantes intervenções no arranjo nas quintas:

a. da Prelada (IIP, Decreto nº 129/77, de 29.9); b. do Chantre (IIP, Decreto nº 95/78, de 12.9); c. da Bonjóia (“em vias” de classificação); d. de Santa Cruz da Maia, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, (“em vias” de classificação); e. de Ramalde (IIP,Decreto nº 129/77, de 29.9) f. e São Gens

Conforme se afirmou anteriormente consta que, na década de 1920, a casa sofreu um incêndio, vindo a ser remodelada, ao que parece, pelo brasileiro que a comprou aos antigos proprietários; terá sido então que lhe foi acrescentado um prolongamento para o lado N. E que se ampliou o pátio para o mesmo lado, suprimindo as escadas exteriores e ajardinando o terreiro fronteiro, com canteiros abiscoutados, plantados de palmeiras e arbustos, em obediência ao gosto então expandido entre nós por numerosos emigrantes enriquecidos no Brasil, podendo-se levantar a hipótese de ter sido nessa altura que se realizou a transferência das estátuas, tanque a bancos atribuídos a Nasoni. Na década de 1930, o ajardinamento do pátio foi, de novo, remodelado, sob a orientação do Engº Ruela e plantado com fruteiras; finalmente, já em fins da década de 1980, sob a orientação do Arqtº Ilídio de Araújo, foi realizado novo arranjo do jardim.

 

IPPAR – (Elvira Rebelo)

 

Casa da Quinta de S Gens - Matosinhos - José Eduardo Gama - 2006 - 2

Casa da Quinta de S Gens - Matosinhos - José Eduardo Gama - 2006 - 3

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Casa de Recarei – Leça do Balio – Matosinhos

Posted by mjfs em Maio 27, 2008

 

Casa de Recarei - Leça do Balio - Matosinhos - Foto IPPAR-Joao Gama

 

O sítio de Recarei deverá ter sido um dos primeiros locais habitados da freguesia de Leça do Bailio, surgindo referenciado em documentos desde o século XI. Todavia, a Casa e respectiva Quinta remontam ao século XV, sendo que o edifício que observamos actualmente foi construído no século XVI e modificado nas centúrias imediatamente posteriores.

Igualmente conhecida por Quinta do Alão, a Casa de Recarei deve esta designação à família Alão de Moraes, proprietária deste espaço desde o século XVII, em consequência do casamento de Maria Nunes Camelo, herdeira da Quinta, com Aleixo Alão de Moraes. As armas da família encontram-se patentes no portão da propriedade, num outro portão de dimensões mais reduzidas e ainda numa das fontes.

A Casa, de planta em forma de U, foi associada à capela de Nossa Senhora da Assunção já no século XVIII. Esta, apresenta fachada de linhas simples, rematada na empena por um torre sineira, situada no eixo do portal principal e da janela que se lhe sobrepõe. O alçado da Casa é bastante regular, destacando-se a escadaria e a varanda, melhoramentos contemporâneos da intervenção na capela.

O jardim, magnífico exemplar de arquitectura paisagística do século XVII, deverá remontar à época em que habitou a casa D. Cristóvão Alão de Morais, célebre genealogista e autor da Pedatura Lusitana. Organizado em plataformas desniveladas, tão características dos jardins do Norte, este espaço beneficia de um sistema de distribuição de águas, integrado no pavimento em caleiras de granito, que ainda existe. O que explica a existência de diversas fontes e chafarizes, que deveriam funcionar como reservatórios de água, a ser distribuída conforme necessário.

Os diferentes elementos arquitectónicos dispersos pelo jardim têm vindo a ser atribuídos a Nicolau Nasoni. Entre os mais significativos encontra-se uma fonte, cujo muro é rematado lateralmente por flores-de-lis e pináculos característicos da obra deste arquitecto italiano, ou o chafariz com um golfinho, motivo bastante utilizado por Nasoni. De acordo com Pinho Brandão, os pináculos que rematam as colunas, na entrada da Quinta, o portal de entrada no terreiro (semelhante a um outro da Quinta de Santa Cruz do Bispo), ou as duas edículas do jardim, deverão ser, igualmente, obra de Nicolau Nasoni.

Fonte: (Rosário Carvalho) – IPPAR

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Casa dos Arcos – Marco de Canaveses

Posted by mjfs em Abril 30, 2008

Casa dos Arcos - Marco canaveses - Foto cm-marco

 

A Casa dos Arcos foi edificada no século XVI pela família Almeida Peres, correspondendo a edificação primitiva ao núcleo habitacional principal, de planta rectangular. Na centúria seguinte, foi acrescentado, numas das extremidades do edifício, um novo corpo residencial, que alterou a disposição da casa.

De planta em L, o solar divide-se em dois pisos. A fachada principal apresenta-se rasgada por duas arcadas, correspondentes aos diferentes registos da casa, separadas por friso.

No piso térreo encontra-se uma sucessão de arcos de volta perfeita, aos quais corresponde, no andar nobre, uma arcada composta por arcos abatidos que descarregam em pequenas pilastras.

Em cada uma das extremidades do frontispício foram abertas duas janelas, uma em cada piso. Junto ao cunhal direito da casa foi colocado a pedra de armas dos proprietários.

Texto: IPPAR

 

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