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Archive for the ‘Românico’ Category

Castelo de Abrantes ou Fortaleza de Abrantes – Santarém

Posted by mjfs em Abril 30, 2009

Castelo de Abrantes

A cidade de Abrantes, no distrito de Santarém, possui um poderoso e austero castelo. A silhueta das suas muralhas domina uma elevação da cidade e vigia atentamente a proximidade do extenso caudal do rio Tejo.

Pensa-se que a antiga fortaleza pré-romana terá sido conquistada no ano de 130 a. C. pelo cônsul romano Décio Júnio Bruto. Abrantes revelava-se um ponto estratégico fundamental, dado que esta cidade estabelecia a confluência de várias redes viárias, posição táctica que manteve a sua posterior validade, como o comprovam as sucessivas alterações da sua fortaleza militar.

Esta cidade ribatejana foi conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques em 1148. Posteriormente, seria alvo de dois longos e desgastantes cercos levados a cabo pelos Almorávidas, o primeiro dos quais aconteceu 21 anos mais tarde. Contudo, as forças cristãs sob o comando do primeiro rei português defenderam valorosamente este castelo.

No século XIII, D. Afonso III procedeu a melhoramentos substanciais nas muralhas da cidade, para D. Dinis cumprir a tarefa de concluir o perímetro defensivo, ao mesmo tempo que terminava a remodelação da Torre de Menagem.

O mestre de Avis, futuro D. João I, recebeu o apoio desta praça-forte durante a crise de 1383-1385, tendo sido aqui tomada a decisão de enfrentar o exército castelhano em Aljubarrota.

Na segunda metade do século XVI, a fortaleza de Abrantes entrou em acentuada decadência, particularmente durante a dinastia filipina. Ao longo da ocupação espanhola, o seu interesse estratégico foi considerado nulo.

Contudo, no último quartel do século XVII, D. Pedro II mandou reedificar a praça-forte de Abrantes, pois as Guerras da Restauração voltaram a colocá-la no centro da estratégia defensiva do território nacional. As grandes obras de remodelação seiscentistas basearam-se no moderno sistema de fortaleza à Vauban. Foram acrescentados ao castelo medieval dois meios-baluartes, enquanto se procedia à adaptação e alargamento das muralhas, preparando-as para os impactos destruidores da pirobalística.

No século XVIII, as instalações do castelo foram adaptadas a quartel, para darem guarida a um regimento de cavalaria real. Alguns anos mais tarde, entre 1792 e 1799, foi ampliado e ocupado pela legião comandada pelo marquês de Alorna. No virar do século, Abrantes seria um dos palcos da denominada Guerra das Laranjas, conflito luso-espanhol que arrastou para a guerra algumas localidades portuguesas. Em 1807, as invasões napoleónicas aconteciam pela mão de Junot; com ele estendeu-se todo um cortejo de violência e humilhações. O marechal francês ocupou esta cidade a 22 de Novembro e “recebeu” o título de duque de Abrantes. Contudo, menos de um ano depois, a cidade foi recuperada por um grupo de militares e populares portugueses. Reocupada no decurso da terceira invasão francesa, Abrantes voltou a ser martirizada pelas tropas comandadas por Massena, após a derrota deste nas Linhas de Torres Vedras.

Desactivado em termos de aquartelamento militar, o castelo de Abrantes conserva ainda a beleza dos volumes castrenses do seu passado. Envolta por um parque elegante e verdejante, a fortaleza deixa ver dois distintos panos de muralha, reforçado o primeiro por cilíndricos torreões e rasgado por algumas aberturas rectangulares. A porta principal abre-se no ângulo nordeste de fortaleza. O elemento que maior destaque alcança é a extensa Loggia do Paço dos Marqueses de Abrantes, varanda de grandes e poderosos arcos de volta perfeita, ladeada por dois torreões cilíndricos.

O interior da praça de armas possui ainda as antigas dependências palacianas, marcadas pela grandiosidade das suas estruturas arquitectónicas. Emerge destas construções a antiga Igreja de Santa Maria do Castelo, convertida em museu onde se expõem belas colecções de escultura romana, escultura tumular dos século XV e XVI, para além de notáveis painéis de azulejos sevilhanos e outras significativas obras de arte.

In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-21].

Outros Links:

 

 

Castelo de Abrantes em obras depois de desabamento de parte da muralha

16 DEZ 08 às 19:00

Uma parte da muralha do castelo de Abrantes cedeu durante o fim-de-semana e depois do alerta que foi lançado pela autarquia sobre o mau estado da muralha daquele monumento nacional de 900 anos. Na sexta-feira, a câmara assinou um protocolo para a recuperação parcial da muralha com a Direcção Regional da Cultura, mas logo a seguir, as chuvas causaram o desabamento de parte da estrutura.

As obras tiveram início, esta terça-feira, com a colocação dos andaimes, mas os técnicos terão de rever o plano de actuação, pois uma parte da muralha cedeu parcialmente pela base durante o passado fim-de-semana. Desta forma, o escoramento que estava previsto já não vai ser feito.

Castelo de Abrantes - Rui Miguel Silva

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Nelson de Carvalho, afirmou que o trabalho pode ser mais demorado do que o inicialmente previsto.

Castelo de Abrantes  - Rui Miguel Silva

Este desabamento afectou uma pequena área com cerca de cinco metros de comprimento por dois de altura, que foi entretanto vedada ao público, não colocando em risco a segurança dos visitantes.

Castelo de Abrantes  - Rui Miguel Silva

O castelo continua aberto, sendo desta forma possível entrar nas muralhas e visitar o jardim, a igreja, a torre de menagem e o palácio do governador.

O Castelo de Abrantes data do século XII, tendo sido mandado construir por Dom Afonso Henriques.

Ao longo dos seus 900 anos de existência já foi alvo de seis intervenções, a última das quais entre 2002 e 2004.

Apesar do orçamento inicial para esta intervenção de emergência ser de 80 mil euros, divididos entre a autarquia e o Ministério da Cultura, a câmara acredita que este valor será ultrapassado.

Desta forma, não há um preço certo e um espaço de tempo definido para a conclusão destas obras na muralha do Castelo de Abrantes.

(Citação: Rui Miguel Silva / TSF)

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Castelo de Pombal – Leiria

Posted by mjfs em Março 21, 2009

 

Castelo Pombal - wikimedia 

 

A construção do castelo de Pombal é atribuída aos Templários, a quem D. Afonso Henriques doou esta região, todavia há provas da existência de uma fortificação romana neste local, que os árabes terão ocupado até à reconquista cristã da península.

Com a extinção da Ordem do Templo, em 1311, o rei D. Dinis, entregou este castelo à Ordem de Cristo e já no início do século XV, D. João I doou-o ao conde de Castelo Melhor.

D. Manuel I, por volta de 1500, decide fazer obras de recuperação do castelo, algo degradado, e no século XVII, o conde de Castelo Melhor adaptou-o a residência.

Durante as invasões francesas foi saqueado e incendiado pelo general Massena, quando já fugia depois da derrota sofrida nas Linhas de Torres, o que ditou o seu posterior abandono e ruína.

Classificado como Monumento Nacional, beneficiou de obras de consolidação e restauro, por parte da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Edificado sobre uma planta em forma de escudo, destaca-se no seu interior, a Torre de Menagem, vestígios da primitiva igreja românica de São Miguel e a alcáçova Manuelina

Texto: «Guia da Cidade»

 

Castelo Pombal - Portuguese_eyes

Cronologia

1128 – O castelo de Pombal, outrora castro romano e fortaleza árabe, estava inserido no vasto território pertencente à Ordem do Templo;

1155 ou 1156 – Inicio da reconstrução do castelo de Pombal, construção de vários torreões para servir de contraforte e simultaneamente suster e estabilizar a muralha, e do repovoamento da vila (BARROCA, 2000, tomo I, p. 360);

1171 – Construção da Torre de Menagem com alambor no pátio do castelo; neste período de reconquista passiva a Torre de Menagem servia de último reduto de defesa sendo aí que se encontravam guardadas as pertenças do senhor terra-tenente; esta obra ficou assinalada numa inscrição, como era costume dos Templários, e esteve afixada neste castelo tendo sido transferida, a pedido do Infante D. Henrique, entre 1420-1460, para o Convento de Cristo em Tomar (v. 1418120002), onde hoje se encontra na parede exterior da Sacristia Velha*1;

1353 – o castelo e a vila são doados à Ordem de Cristo; séc. 16 (inícios) – reconstrução do castelo por D. Manuel;

1560 – reconstrução da igreja de Santa Maria do Castelo pelo alcaide Pedro de Sousa Ribeiro, antepassado dos Condes de Castelo-Melhor, que detiveram a alcaidaria desde o reinado de D. Afonso V até 1834 (LEAL, 1876);

1811 – as tropas francesas comandadas pelo Gen. Ney causaram grandes prejuízos no castelo;

1812 – a pia baptismal é transferida de Santa Maria do Castelo para a igreja de São Martinho;

1923 – Requerimento da C.M. Pombal ao Ministério da Guerra a solicitar que lhe seja entregue o Castelo;

1924, 7 de Dezembro – Auto da entrega que faz o Ministério da Guerra ao Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo em Pombal do Castelo da mesma vila e terrenos anexos, que constituem o prédio militar nº 1: “nos Paços do Concelho foram entregues as ruínas do Castelo ao Núcleo dos Amigos, demarcadas com 32 marcos de cantaria devidamente numerados seguidamente a partir de norte para sul, seguido por nascente, e tendo por cima de cada número as siglas M.G.-. (…) Ao Núcleo fica competindo a conservação e a guarda do prédio, podendo o Ministério de Guerra auxiliar, quando o entender; A concessão é a título gratuito e tempo indefinido, conservando o Ministério de Guerra a Propriedade; o Núcleo não poderá realizar quaisquer obras no prédio, mesmo de conservação, que importem demolições ou novas construções de alvenaria, ou ainda movimentos de terra nas esplanadas, sem licença prévia e escrita do Ministério de Guerra”;

1931 – tendo sido dissolvido o Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, caducou a concessão feita pelo MG, tendo sido feito, nas mesmas condições, o auto de cedência do uso fruto do prédio militar nº 1, constituído pelo castelo e explanada de acesso, à Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal;

1933 – pedido de autorização para construção de uma estrada que ligue a vila ao castelo, autorizada e registada em “escritura de autorização concedida pelo Ministério da Guerra à Comissão de Iniciativa do Concelho de Pombal”. Para construir uma estrada de acesso ao castelo pelo seu prédio militar (…).;

1934 – A Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal apresenta uma proposta para arborização do monte do castelo aprovada pela Comissão Executiva da Câmara Municipal e autorizado pelo Conselho Superior de Belas Artes;

1939, 13 de Abril – auto de entrega ao Ministério das finanças do Castelo de Pombal: Castelo de dez torres rectangulares em estado de ruína com terreno anexo, medindo 25.437 m2, no valor de 200.000$00, estando as respectivas torres ligadas por muralhas ao interior da Torre de Menagem. Fora do castelo existe uma capela em ruínas e uma torre. Tem placa a que se refere o Dec.- Lei nº. 24.489, demarcados com as iniciais P.E. e está também demarcado com 33 marcos de cantaria com as iniciais M.G. e com os respectivos números. A confrontar de norte com caminho público e António Lopes Teixeira; do sul com António Lopes Teixeira e caminho de acesso ao Castelo, e de nascente e poente com António Lopes Teixeira e Ribeiro Faria e inscrito na matriz;

2004 – apresentado um projecto de requalificação e valorização das estruturas existentes pelo município, encontrando-se em fase de apreciação pelo IPPAR (Diário das Beiras, 16-08-2004);

2005 – Musealização da Torre de Menagem

(Fonte: Site do Concelho de Pombal)

 

OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Pombal (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Visão em 360 graus de todo interior do Castelo
  • Mais fotos no site do concelho de Pombal
  • Castelo de Pombal (Guia da Cidade)
  • Castelo de Pombal (pt.wikipedia)
  • Castelo de Pombal (wikimedia – fotos)
  • Castelo de Pombal (IPPAR – fotos)

     

     

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    Castelo e Muralhas de Óbidos – Leiria

    Posted by mjfs em Março 20, 2009

     Castelo de Óbidos - Osvaldo Gago - fotografar.net - wikimedia

    Há uma relação de afectividade neo-romântica para quem visita a vila de Óbidos. Serão poucos os casos no país onde a busca deliberada de um ideal cenográfico de Idade Média foi tão efectivo, razão da aparente atemporalidade das ruas do conjunto intra-muralhas, que, na sua sinuosidade, nas suas fachadas brancas e no vislumbre das inventadas ameias, nos transportam para um tempo mítico de um Portugal em formação.

    São ainda obscuras as origens da fortaleza. Ao que tudo indica, a sua posição dominante em relação à extensa lagoa a ocidente, favoreceu a instalação de um primitivo reduto fortificado de origem romana. A Alta Idade Média não deixou vestígios aparentes da sua presença, e será, apenas, na viragem para o século XII que Óbidos voltará a merecer referências documentais precisas. No mesmo impulso expansionista que levou as fronteiras de Portugal até à linha do Tejo, em 1147, a vila passou para a posse de D. Afonso Henriques, ficando para a posteridade uma tradição de tenaz resistência por parte dos muçulmanos. Anos mais tarde, na sequência das investidas almóadas de final do século, coube a D. Sancho I reconquistar a localidade, dotando-a, então, de condições mais efectivas de povoamento e de organização.

    1210 é uma das datas mais marcantes da vila. Nesse ano, foi doada às rainhas, passando a figurar como uma importante localidade da casa das soberanas nacionais. Com presença assídua dos casais régios ao longo das Idades Média e Moderna, Óbidos floresceu e foi sucessivamente enriquecida por obras de arte. O mecenato artístico patrocinado por D. Leonor (século XV) e, especialmente, por D. Catarina (século XVI), marca, ainda hoje, a paisagem arquitectónica da vila.

    O castelo e as muralhas de Óbidos evocam a importância da localidade na Baixa Idade Média. Apesar de, em grande parte, serem obra inventiva do século XX, asseguram a todos os que se dirigem à vila a identidade daquele passado emblemático. Desconhecemos a configuração do perímetro amuralhado inicial, contemporâneo da acção dos nossos primeiros monarcas. A torre do Facho, no limite Sul das muralhas e ocupando um pequeno monte, tem vindo a ser atribuída à reforma de D. Sancho I, mas a verdade é que os vestígios materiais inviabilizam uma análise mais pormenorizada. A ser assim, a ligação deste espaço ao monte do castelo ter-se-á dado logo no século XII.

    Mais consensual é a expansão urbana verificada na viragem para o século XIV. Com D. Dinis, Óbidos cresceu para fora das muralhas, ocupando o espaço em torno da igreja de São Pedro. Paralelamente, deu-se a reforma do sistema defensivo, e consequente actualização do dispositivo militar, campanha que deverá ter conferido a actual configuração ao perímetro amuralhado. Anos mais tarde, D. Fernando terá patrocinado novas obras, tendo a torre de menagem ainda o seu nome.

    Dividido em duas zonas essenciais (o castelejo, onde séculos mais tarde se instalou a Pousada, e o bairro intra-muros), a cerca define um perímetro bastante irregular, de feição rectangular e não oval, como seria mais frequente na castelologia gótica nacional. Entre o castelo propriamente dito (a Norte) e a Porta da Vila (a Sul), a Rua Direita estabelece a comunicação e aparece como o eixo de circulação privilegiado dentro da vila. Sensivelmente a meio, a Praça de Santa Maria é o principal largo do conjunto, ocupando um espaço quadrangular que corresponde ao adro da igreja tutelar da vila.

    A reinvenção do castelo deu-se na década de 30 do século XX. Por acção da DGEMN, que visava reverter o conjunto à sua imagem medieval, todos os parapeitos foram dotados de ameias, assim como se reedificaram torres e troços que, entretanto, haviam sido destruídos. No final dos anos 40, construiu-se a pousada, no local do antigo paço, e toda a vila foi dotada de uma homogeneidade estética que passou pelo revestimento de cal das fachadas e pelo pavimento uniforme de todas as ruas.

    Texto: PAF/IPPAR

    Muralhas Obidos - wikimedia - Paulo Juntas

    Outros Links:

  • Castelo de Óbidos (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Óbidos (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Fotografias do Mercado Medieval de Óbidos
  • Castelo de Óbidos (wikimedia-fotos)
  • Castelo de Óbidos (IPPAR-fotos)
  • Castelo de Óbidos (pt.wikipedia)
  • Castelo de Óbidos (Guia da Cidade)
  • Muralhas de Obidos (wikimedia-Fotos) 

     

     

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    Castelo de Alfeizerão (Ruínas dos Panos da Muralha) – Leiria

    Posted by mjfs em Março 18, 2009

     Castelo de Alfeizerao - pt.wikipedia

    Foto: Castelo de Alfeizerão, Portugal: vestígios. Aproximadamente ao centro, o marco geodésico

    O que resta do castelo de Alfeizerão não foi ainda objecto de um estudo monográfico rigoroso, devidamente acompanhado pelo contributo arqueológico. A relevância estratégica da localidade no nascente reino de Portugal, em expansão para Sul perto dos meados do século XII, certamente determinou um fenómeno de militarização da zona, que constituía um dos escassos portos de abrigo da revolta costa atlântica a Norte de Lisboa. Com efeito, a cerca de 3 Km situa-se a localidade de São Martinho do Porto e o castelo é o principal ponto defensivo entre Peniche e a Nazaré, dispondo, aparentemente, de um pequeno porto de abrigo.

    O castelo implantou-se numa colina dominante sobre a costa e uma extensão de terra interior, a cerca de 45 metros de altitude. Apesar da destruição maciça da estrutura, resta parte de um pano de muralha, composto por aparelho isódomo, que ligava dois torreões semicirculares, de volumetria original desconhecida. Aparentemente, o recinto seria de planta quadrangular, defendido por oito torreões e integrava torre de menagem isolada no pátio, ligeiramente descentrada para o lado nascente (voltado a terra).

    Escasseiam as referências à vida do castelo durante a Baixa Idade Média, mas o seu declínio está relativamente documentado, acompanhando o progressivo assoreamento do porto. No século XVI, este entreposto marítimo tinha ainda a capacidade para albergar 80 navios de grande porte, mas os séculos seguintes foram marcados por uma progressiva decadência. Em 1755, o terramoto destruiu parte da fortaleza, que não voltou a ser reconstruída, sintoma evidente da perda de importância do local em termos militares. Em meados do século XX, o que dele restava estava na posse de privados e, em 1973, procedeu-se a uma primeira abordagem arqueológica ao conjunto, que não teve, contudo, continuidade.

    Texto: PAF / IPPAR

    OUTROS LINKS:

  • Castelo de Alfeizerão (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Alfeizerão (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Alfeizerão (pt.wikipedia)
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    Torre dos Metelos – Figueira Castelo Rodrigo – Guarda

    Posted by mjfs em Março 16, 2009

     Torre Solar dos Metelos

    O conjunto habitacional designado por Torre dos Metelos é constituído por duas áreas distintas, uma correspondente ao torreão medieval, outra ao solar seiscentista. Edificada no século XV pelos Metelo, Senhores do Morgado de Valongo, a torre de planta quadrada obedece à estrutura das torres de menagem medievais, não tendo no entanto qualquer carácter defensivo, uma vez que nesta época as torres eram erigidas como meros símbolos senhoriais. Conservando uma estrutura defensiva, de paredes fechadas, a Torre dos Metelos foi edificada como habitação senhorial, destacando-se no seu conjunto as janelas de balcão do registo superior, um elemento introduzido nas casas-torre no século XV que marca a evolução destas edificações como elementos de arquitectura civil.

    Nas centúrias seguintes, a estrutura da Torre dos Metelos foi-se revelando insuficiente para servir de habitação a uma família senhorial certamente numerosa, sendo edificado no século XVII, no espaço contíguo, um solar.

    A torre, de secção quadrangular, é rematada por pináculos coroados por esferas, que foram acrescentados durante a construção do solar. As fachadas da torre estão divididas em três registos, possuindo no primeiro portais de moldura rectangular encimados por arco de volta perfeita cego. O segundo registo não tem qualquer elemento decorativo, à excepção da fachada sul, que possui porta de moldura rectangular, utilizada até ao início do século XX como ligação ao passadiço construído entre a torre e o solar. No último registo foram edificados balcões com mata-cães, assentes em mísulas trilobadas. Interiormente, os pisos são diferenciados por estrutura de madeira.

    No século XVII foi edificado o solar, adossado à estrutura da torre. De planta irregular, em L, o Solar dos Metelos apresenta uma estrutura pouco homogénea, uma vez que o conjunto residencial foi resultado de sucessivas campanhas de obras, que lhe conferiram irregularidade planimétrica. Desenvolvendo-se horizontalmente, a fachada é marcada pela repetição de janelas a espaços regulares. O edifício está dividido em dois registos, sendo o piso inferior destinado a armazém e o superior a habitação. Na fachada principal, no primeiro registo, foram abertas cinco portas de moldura rectangular e três janelas de peito, de moldura semelhante. No segundo registo, ao centro, foi colocada pedra de armas, datada de 1818, e janela de sacada com varandim e guarda de ferro. A cada um dos lados desta está um conjunto de quatro janelas de peito, todas de moldura quadrangular. Do lado direito da fachada foi construído um muro alto com portão em arco abatido encimado por arquitrave e mísula, no qual foram inscritas as letras TMNL , numa referência a um dos proprietários do solar, Tomaz Metello de Nápoles e Lemos, Visconde de Nápoles e Lemos.

    Cerca de 1930 o Solar dos Metelos foi vendido, e a capela que existia no seu interior, dedicada a Nossa Senhora da Esperança, foi anulada. Posteriormente, foram executadas diversas campanhas de obras, durante as quais foi remodelado o interior do edifício e construídos diversos anexos, enquanto o passadiço que ligava o solar à torre foi demolido.

    Texto: Catarina Oliveira / IPPAR

    Outros Links:

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    Torre do Relógio ou Torre Amedada – Aguiar da Beira

    Posted by mjfs em Março 15, 2009

     

    Torre do Relógio - Aguiar da Beira - Foto LEME

    A torre românica fazia provavelmente parte do sistema defensivo reconstruído no reinado de D. Dinis, considerada monumento nacional em 4 de Agosto de 1922, a Torre do Relógio, (o seu relógio é uma relíquia e foi restaurado em 1777), é uma obra que se pensa ter sido edificada pelos mouros para acender almenaras, com as quais davam sinal da presença de inimigos nas cercanias, torre quatrocentista, quadradangular e  encimada por ameias com as suas gárgulas de canhão.

    Pelourinho Manuelino (séc. XVI), a antiga Torre do Relógio, e a Fonte Ameada, sendo estas três estruturas um dos principais ex-libris da vila, e beneficiando cada uma delas de protecção legal, enquanto imóveis de interesse público. Também neste largo se encontram a Casa dos Magistrados (séc. XV) e o edifício dos antigos Paços do Concelho (séc. XVIII).

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    Igreja de Paderne – Melgaço – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Março 10, 2009

     

    Igreja de Paderne

    A história da igreja românica de Paderne é particularmente complexa, em especial a que se relaciona com as suas origens. Na primeira metade do século XII, o local foi sede de um mosteiro feminino, comunidade a que D. Afonso Henriques passou carta de couto (1141), em agradecimento pelo auxílio das monjas na tomada do castelo de Castro Laboreiro. Outras fontes asseguram que o primitivo cenóbio foi sagrado em 1130 , mas a verdade é que pouco ou nada sabemos acerca dessa primeira instalação.

    Dois elementos em calcário – um fragmento de friso e um capitel – (que claramente nada têm que ver com a construção em granito do século XIII), parecem ser os únicos vestígios da igreja do século XII. Este último é especialmente importante, uma vez que se trata do único capitel historiado do conjunto. Representando a Descida de Cristo aos limbos, onde resgata um homem da boca de um monstro, seria "provavelmente a escultura mais representativa" dessa igreja, cuja relevância simbólica e artística fez com que fosse reaproveitado, em lugar de destaque, na construção do século XIII: o "ângulo nordeste do cruzeiro" .

    Se as origens de Paderne são, assim, uma enorme incógnita – existindo mesmo autores que negam a existência de vestígios materiais do século XII , o processo de transferência do mosteiro para as mãos dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho é igualmente enigmático. Sabemos que eles já habitavam o local em 1225 e que, anos mais tarde, a comunidade era orientada pelo prior D. João Pires, homem a quem se atribui um papel importante na construção da igreja que actualmente existe. Com efeito, foi no seu tempo que se concluíram as obras e se sagrou do novo templo, cerimónia que teve lugar em 1264, conforme inscrição colocada à esquerda do portal principal.

    De um ponto de vista planimétrico, a solução empregue neste mosteiro é única entre nós, na medida em que, a uma cabeceira tripartida, quadrangular, corresponde apenas uma nave, relativamente curta; paralelamente, a noção de espaço longitudinal é quebrada pela existência de um desenvolvido transepto, cujo braço Norte integra um portal virado a poente. Praticamente todos os autores que se dedicaram a este conjunto manifestaram a sua estranheza quanto à existência deste portal e quanto às suas grandes dimensões. A semelhança desta opção para com a de outros mosteiros galegos foi já notada, mas a sua funcionalidade permanece por explicar. A hipótese mais consensual é a que o relaciona com um conteúdo funerário, pois diante de si, inscrita na parede virada para este recanto, existe a única inscrição funerária medieval do conjunto, identificadora de um enigmático R. Garcia, com grande probabilidade o mestre responsável pela reforma da igreja.

    Do final dessa campanha data o portal principal, uma obra considerada já proto-gótica e realizada sob a distante influência da arte de Mestre Mateo de Compostela. Este facto, a par das características dominantes da escultura do interior – realizada à base de uma "decoração vegetal simplificada e pouco volumosa", provam a construção tardia do monumento e o seu afastamento estilístico em relação ao rico foco de influência galega (em particular tudense) da segunda metade do século XII e primeiros anos do XIII, que tão bem caracteriza as igrejas de Ganfei, Longos Vales e Friestas.

    Ao longo dos séculos, foram escassas as alterações por que o conjunto passou. A principal reforma aconteceu no século XVIII, numa empreitada modesta que pretendeu actualizar esteticamente o interior do templo, através da colocação de um retábulo-mor, de painéis de azulejos e de um órgão. No século XX, as diversas fases de restauro incidiram mais sobre os telhados e os pavimentos, sem alterarem significativamente a estrutura original medieval.

    Texto: PAF / IPPAR

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    Castelo de Longroiva – Meda – Guarda

    Posted by mjfs em Fevereiro 28, 2009

     Castelo de Longroiva - Meda - Guarda - Foto John

    O que resta do castelo medieval de Longroiva constitui uma das mais importantes realizações de arquitectura militar templária da Beira Interior e, simultaneamente, um dos melhores testemunhos de castelo românico nesta zona. A afirmação do reino de Portugal enquanto estrutura autónoma de poder havia determinado a defesa activa da capital, Coimbra. Para essa tarefa, D. Afonso Henriques havia escolhido os Templários, que se encarregaram de fortalecer os acessos a Sul e a Leste do Mondego. Em 1145, são-lhes doadas várias localidades, como Mogadouro e Penas Róias, já em Trás-os-Montes. Anos depois, o seu património fundiário estende-se à Beira Baixa, com a doação de Idanha-a-Velha e Monsanto.

    A origem da fortaleza românica de Longroiva inscreve-se neste contexto. Precisamente nessa década de 40, um primitivo castelo (integralmente desconhecido na sua forma e estilo, referido, pela primeira vez em 960) estava nas mãos da família dos Braganções. Coube a D. Fernão Mendes de Bragança a sua doação aos Templários, que então executaram uma fortificação modelar.

    A sua torre de menagem, o único elemento original que ainda resta, está epigraficamente datada de 1174, ano relativamente precoce para o aparecimento deste tipo de soluções arquitectónicas no nosso país. Com efeito, como vem defendendo Mário Barroca, é aos Templários que se deve a introdução da torre de menagem nos nossos castelos, aparecendo, em primeiro lugar, no de Tomar, nos inícios da década de 60. Longroiva é, assim, o produto das numerosas fortalezas promovidas por D. Gualdim Pais enquanto Mestre da Ordem em Portugal, e é contemporânea de obras tão importantes como as de Almourol e Pombal, ambas igualmente da década de 70 do século XII.

    O castelo foi bastante modificado ao longo dos séculos, o que determinou, por exemplo, o encurtamento da sua cerca. No entanto, por uma Visitação de 1505 (GOMES, 1996, pp.128-129), sabemos que a torre de menagem era uma estrutura isolada no pátio central, característica que define o seu carácter plenamente românico. Nessa altura, tinha três andares e já a janela manuelina mainelada, que ainda possui. Para além disso, é possível perceber que, originalmente, foi rodeada por um hurdício, uma galeria de madeira (de que ainda restam os apoios a toda a roda da torre) que protegia superiormente a estrutura e permitia o ataque vertical sobre os inimigos.

    Nesse ano de 1505, o pátio central românico havia sido quase integralmente ocupado pelo paço do comendador da Ordem de Cristo. A Visitação refere que algumas partes são novas, o que remete para uma empreitada contemporânea da janela manuelina da torre de menagem. A sua reconstituição virtual foi tentada, em linhas muito esquemáticas, pelo Arquitecto José Daniel Santa Rita, de que se publicaram alguns desenhos no volume Castelos da Raia dedicado à Beira Interior.

    Infelizmente, a importância de Longroiva decaiu consideravelmente na Idade Moderna. Dois séculos depois da descrição do paço “novo” do comendador, as suas casas “encontravam-se já destelhadas e em ruína”, a cisterna, que abastecia o interior, entupida, e as portas do castelo, que no passado haviam defendido o acesso, não possuíam já qualquer grade ou portão de madeira.

    Mais recentemente, na viragem para o século XIX, o castelo foi transformado em pedreira local, desmantelando-se, sucessivamente, as suas muralhas. Esta ruína provocada coincidiu com a extinção do concelho de Longroiva, facto que prova a extrema decadência deste território e a pouca atenção de que era alvo. Posteriormente, o pátio central foi convertido em cemitério da povoação. No século XX, com a nova consciência patrimonial, as investigações aqui efectuadas revelaram algumas das estruturas originais, como a cisterna. No entanto, e apesar de algumas tentativas para reabilitar o monumento, ele chegou até nós como uma ruína.

    Texto: PAF / IPPAR

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Longroiva (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Longroiva (pt.wikipedia)
  • Castelo de Longroiva (Guia da Cidade) 
  • Posted in Arquitectura, Castelos, Gótico, História, Imagens, Monumentos, Património, Portugal, Românico | Leave a Comment »

    Ponte D. Zameiro e Azenhas ou Ponte d’Ave – Macieira da Maia – Vila do Conde – Porto

    Posted by mjfs em Fevereiro 21, 2009

    Ponte D. Zamero - cmviladoconde

     

    A ponte de D. Zameiro é uma das várias estruturas de passagem que existiram sobre o rio Ave ao longo da História. A sua origem deve buscar-se à época romana, apesar de a configuração actual não possuir qualquer indício de uma cronologia tão recuada. Nessa altura, a ponte era parte integrante da Via Veteris (designada, na Idade Média, por Karraria Antiqua), uma estrada que, partindo do Porto, ligava à Maia e a Rates, passando o rio Ave na ponte de D. Zameiro e o rio Este na ponte dos Arcos.

    A ponte que actualmente existe é o produto de uma (re)construção da época medieval, com grande probabilidade executada no século XII, uma vez que o testamento de D. Fernando Martins, de 1185, já a refere, e outras indicações da primeira metade do século XIII confirmam a sua existência.

    É uma estrutura de apreciáveis dimensões mas heterogénea, composta por oito arcos de volta perfeita, assimétricos entre si, existindo alguns de vão mais amplo, cujo ponto de maior elevação é imediatamente abaixo do tabuleiro, e outros de menores dimensões, sobressaindo a sua abertura pouco acima do leito do rio. Entre eles, existem talhamares a montante, de perfil triangular, e talhantes a jusante, de secção quadrangular, elementos que desviam o curso das águas e reforçam os pontos de apoio da ponte. O aparelho é regular e revelador de uma relativa qualidade construtiva, dispondo-se em fiadas horizontais, ainda que os silhares apresentem grandes diferenças entre si. As aduelas dos arcos, pelo contrário, são bastante homogéneas, de desenho fino e comprido, sendo mais um elemento que comprova a qualidade da obra medieval.

    O tabuleiro é ligeiramente rampante, mas dominado pela horizontalidade, facto que pode ter explicação na sua ascendência romana, que tão claramente se afasta dos típicos duplos cavaletes das pontes medievais. É protegido por guardas em cantaria, de silhares mais regulares que os do enchimento, tendo o pavimento original sido substituído aquando do recente restauro.

    Apesar das obras de consolidação e de desobstrução de arvoredo efectuadas na década de 90 do século XX, em 2001 deu-se a derrocada de um dos arcos, o que obrigou a uma intervenção mais profunda. Os trabalhos então executados foram praticamente integrais, reforçando-se todas as juntas do aparelho com cimento, aplicando-se uma manta de asfalto sobre o pavimento e reconstruindo-se a parte do arco em falta. Em Outubro de 2003, findo o restauro, foi possível verificar a radicalidade da intervenção, que “mascarou” o monumento com uma capa de modernidade.

    Ao longo dos tempos, esta secção do rio Ave foi densamente ocupada e explorada pelas populações, instalando-se, nas suas margens, diversos equipamentos, de que são exemplo um açude, duas azenhas e um moinho. Estes imóveis, cuja laboração aproveitava a existência da ponte para permitir a passagem de pessoas e de bens, são de construção popular e utilitária (por isso, mais vulneráveis à erosão do tempo), mas a sua conservação impõe-se como testemunho de um outro tempo, em que o rio foi fonte de rendimento e de sobrevivência, de atracção e de fixação das populações que humanizaram esta paisagem.

    Texto: PAF / IPPAR

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    Castelo de Leiria

    Posted by mjfs em Fevereiro 14, 2009

    Castelo de Leiria 

    Monumento emblemático da história da cidade e do país, a configuração actual do castelo de Leiria resulta de quatro grandes períodos interventivos: o Românico do século XII; o Gótico dionisio, da primeira metade do século XIV; Gótico joanino, de inícios do século XV, e as correntes restauradoras de finais do século XIX e primeira metade do século XX.

    Pouco sabemos acerca das primeiras obras do castelo. A sua relevância militar, numa zona de transição entre Coimbra e Lisboa, determinou a construção de um dos principais redutos defensivos do tempo de D. Afonso Henriques, mas a verdade é que o que hoje podemos observar é muito mais fruto de campanhas posteriores. A torre de menagem, de robusta secção quadrangular, é disso um exemplo, tendo sido iniciada apenas em 1324, em pleno final de reinado de D. Dinis.

    A dinastia de Avis escolheu este castelo como um dos principais monumentos simbólicos da sua autoridade e poderio. O paço de D. João I é uma construção exemplar, de grande rigor construtivo e estético. Impõe-se sobre a muralha medieval, que aproveita como parede e alicerce, e organiza-se em quatro andares, de estudada racionalidade e operatividade. Os dois pisos inferiores, destinados a arrecadações e serviços domésticos, praticamente não se vislumbram do exterior, ocultados pela robusta massa pétrea do castelo. Os dois superiores possuem tal impacto visual que se assumem como imagem de marca do próprio castelo e, até, da cidade.

    Destinados à família real e às recepções por si patrocinadas, são um dos mais impressionantes conjuntos de arquitectura palaciana de carácter real que nos chegaram da Idade Média. Na face virada ao burgo, sobre a muralha, uma ampla e muito restaurada loggia, de oito arcos de capitéis geminados, foi concebida como espaço de lazer e de convívio, aproveitando a panorâmica sobre a cidade . Para esta loggia acedia-se através de uma sala de cerca de 130m2, designada por Aula Régia ou Salão Nobre, espaço destinado, pelo monarca, à audiência e recepção. Contrapondo-se à loggia, um vestíbulo antecedia a entrada nesta sala, formando-se, assim, uma primeira linha de simetria do conjunto.

    Um segundo eixo de simetria era formado pelas dependências extremas do paço, destinadas aos quartos de dormir e de privacidade da família real, dotados de andar superior (que formavam duas torres harmónicas na silhueta do conjunto) e providos de lareiras e latrinas .

    Do paço à capela palatina acedia-se por um passadiço. Essa capela não era mais que a igreja de Nossa Senhora da Pena, ou de Santa Maria do Castelo, o primeiro templo da cidade, documentado logo na década de 40 do século XII  e que, no reinado de D. João I, foi totalmente refeita. É um pequeno templo, de nave única, com alto arco triunfal apontado, capela-mor poligonal relativamente iluminada e entrada principal lateral, enquadrada por um gablete.

    A obra da igreja revela grande homogeneidade para com a do paço e constitui um dos monumentos de referência da arte gótica de inícios do século XV, ao reflectir fielmente os esquemas estéticos do grande monumento dessa centúria: o Mosteiro da Batalha. Com efeito, são muitas as características batalhinas que aqui encontramos, desde a semelhança da capela-mor para com os absidíolos de Santa Maria da Vitória, os capitéis vegetalistas a dois registos e de folhagem exuberante, até às marcas de canteiro, a maioria repetindo outras da Batalha .

    No reinado de D. Manuel, fizeram-se obras no templo, como o prova a flora e perfil das mísulas que suportam a abóbada da sacristia, mas os séculos seguintes caracterizaram-se por um progressivo abandono de toda a estrutura militar leiriense. Na segunda metade do século XIX, quando Ernesto Korrodi pertendeu intervir no conjunto, grande parte do complexo medieval estava em ruína e a sua feição actual data das grandes campanhas restauradoras conduzidas nos anos 40 do séc. XX.

     

    Texto: PAF / IPPAR

    OUTROS LINKS:

  • Castelo de Leiria (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Leiria (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Visita virtual ao Castelo de Leiria em panoramas de 360°
  • Castelo de Leiria (pt.wikipedia)
  • Castelo de Leiria (wikimedia-fotos)
  • Castelo de Leiria (IPPAR – Fotos)
  • Castelo de Leiria (Guia da Cidade)

     

     

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