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Cromeleque dos Almendres

Posted by mjfs em Novembro 21, 2007

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Este monumento megalítico, inicialmente constituído por mais de uma centena de monólitos, foi identificado em 1966 por Henrique Leonor Pina. A sua recente escavação possibilitou a detecção de várias fases construtivas, ao longo do Período Neolítico (V.’ e IV ’ milénios a. C.), até alcançar aspecto semelhante ao que hoje apresenta. Tais alterações são reflexo das mudanças económicas, sociais e ideológicas ocorridas. Menires com diferentes formas e dimensões, desde pequenos blocos rudemente afeiçoados, outros maiores, que deram ao local o nome de Alto das Pedras Talhas, alguns cilíndricos, esféricos, ou de aspecto estelar, formaram dois recintos erguidos em épocas distintas, geminados e orientados segundo as direcções equinociais. 0 mais antigo (Neolítico Antigo) era definido por dois ou três circulos concêntricos de pequenos monólitos, ao qual se associou, no lado poente e algumas centenas de anos depois (Neolítico Médio), um outro, composto por duas elipses, irregulares mas concêntricas, com menires de grandes dimensões. Mais tarde (Neolítico Final), ambas as estruturas sofreram modificações, tendo-se transformado o recinto inicial numa espécie de átrio que orientaria e solenizaria os rituais socio – religiosos ali praticados. As grandes dimensões da forma final do Cromeleque dos Almendres e a sua localização, próxima do cimo de importante relevo, de onde se desfruta vasto horizonte, ocupando uma encosta suave voltada a nascente, reflecte aspectos determinados pela evolução cultural. À última fase mencionada corresponde, ainda, a aplanação parcial de muitos monólitos, conferindo-lhes aspecto estelar, assim como a sua decoração, através de relevos ou de gravuras. 0 menir 57 mostra composição com treze representações de báculos, possíveis objectos de prestígio social, característicos dos espólios funerários da fase evolucionada do megalitismo alto-alentejano. Também os menires 56 e 48 oferecem figurações de tais artefactos, no primeiro associada à escutiforme e, no segundo, incluída numa pequena cena centrada por figura antropomórfica esquemática.
0 menir 58, situado na extremidade norte do eixo menor do recinto, exibe três imagens solares radiadas. Tal iconografia corresponde a um momento final do Neolítico ou já ao Calcolítico, quando na região se fizeram sentir os estímulos culturais das primeiras comunidades metalurgistas, produtoras de artefactos de cobre e portadoras de nova superestrutura religiosa. Esta era centrada por uma super-divindade feminina, idealizada com grandes olhos solares, a grande deusa-mãe mediterrânica.
0 Cromeleque dos Almendres constituíu, por certo, uma construção de carácter plurifuncional, capaz de organizar, durante cerca de dois milénios, o espaço em termos físicos e psicológicos, hierarquizando e estruturando o território em seu redor. Ele foi, também, local de agregação social e possivelmente símbolo da autoridade político-religiosa, no seio das populações de economia agro-pastoril e semi nómadas que habitaram a zona, estando ligado às observações e previsões astrais, como as práticas propiciatórias da fecundidade. Estas são sugeridas pelo falimorfismo de alguns menires, pelas decorações observadas e pela deposição de mós em algumas das suas estruturas de sustentação. Durante o Calcolítico o recinto terá sido desactivado e parcialmente arruinado, como deixa pressupor o derrube e destruição de muitos dos menires.

CMÉvora

 


O Cromeleque dos Almendres situa-se próximo de uma encosta suave, voltada a nascente, com 413m de altitude, a 1250m a sudoeste do Monte dos Almendres, e a cerca de 12 Km a poente de Évora.
Este monumento megalítico no seu início constituido por mais de uma centena de monólitos é na sua forma actual, o resultado de uma longa evolução funcional e construtiva processada a partir de finais do VI milénio, principios do V milénio, e que se desenrolou até ao começo do III milénio a.C., reflectindo as transformações económicas, sociais e ideológicas então ocorridas. A descoberta deste monumento ocorreu em 1964, por intermédio de Henrique Leonor Pina, aquando dos trabalhos de campo da Carta Geológica de Portugal. Aquele arqueólogo efectuou sondagens onde foram recolhidos fragmentos de cerâmicas e um machado de pedra polida, ainda não publicados. Publicados foram a planta do recinto, bem como fotografias do mesmo e um menir decorado com representações solares e descoberto em 96, bem como outro que ostentava covinhas. Três campanhas de escavação levaram à definição das várias fases de construção do monumento ao longo da sua vida útil. Podemos considerar em termos evolutivos, o Cromeleque dos Almendres como dividido em três fases: a primeira do Neolítico Antigo Médio, a segunda do Neolítico Médio e a terceira do Neolítico Final.

O monumento dos Almendres foi erigido em zona de terrenos pouco espessos, assentes em substrato de gnaisses granitóides. As estruturas de suporte podem diferenciar-se em quatro tipos essenciais: O primeiro, comum aos grandes monólitos, mostra uma fossa aberta no substrato rochoso, tendo-se colocado pedras em cunha de modo apreencher o espaço vazio. O segundo tipo é constituido por uma fossa que não atinge o substrato, sendo o monólito sustentado por uma coroa de pedras miúdas. O terceiro tipo, utilizado em monólitos de pequenas dimensões, os quais eram equilibrados por uma coroa litica. A quarta variante consistia em pedras que serviam de calces a monólitos pequenos e de base aplanada. As escavações apontam para dois recintos direccionados equinocialmente E-W. O recinto mais antigo que corresponderia ao Neolítico Antigo era formado por três círculos concêntricos, tendo o maior 18,80m de diâmetro e o menor 11,40m. A poente deste recinto foi acrescentado posteriormente (Neolítico Médio) um segundo recinto com duas elipses concêntricas e irregulares, medindo aelipse exterior 43,60m no eixo maior e 32,00m no eixo menor. No Neolítico Final houve alteração da arquitectura do recinto para fins religiosos. Foram detectados uma dezena de monólitos exibindo relevos ou gravuras. O menir 64 encontra-se decorado com simbolos em forma de raquetas e círculos. No extremo sul do recinto, o menir 48 apresenta uma representação antropom´orfica esquemática, rodeada por círculos e associada a representações de báculos. O menir 58 encontra-se decorado com figuras solares em número de três, e que se associam a linhas onduladas verticais, representando os raios. O menir 57 apresenta treze figurações de báculos em tamanho natural e em relevo. O Cromeleque dos Almendres é o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica e um dos mais importantes da Europa.

(Arquideia)

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