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Archive for the ‘Fado’ Category

Hermínia Silva – Fadista

Posted by mjfs em Outubro 24, 2007

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Hermínia Silva nasceu em 1907, cinco anos depois de Ercília Costa, a primeira fadista que saiu das fronteiras de Portugal. Cedo se tornou presença notada nos retiros de Lisboa, que não hesitaram em contratá-la, pela originalidade com que cantava o Fado. A Canção dos Bairros de Lisboa estava-lhe nas veias, não fôra ela nascida, ali mesmo junto ao Castelo de São Jorge. As “estórias” dos amores da Severa com o Conde de Vimioso estavam ainda frescas na memória do povo. O Fado fazia parte do seu quotidiano.

Rapidamente, a sua presença foi notada nos retiros, e passados poucos anos, em 1929, Hermínia Silva estreava-se numa Revista do Parque Mayer. Era a primeira vez que o Fado vendia bilhetes na Revista. Alguns jornais da época, referiam-se a ela, como a grande vedeta nacional, chegando a afirmar-se, que a fadista tinha “uma multidão de admiradores fanáticos”. A sua melismática criativa, a inclusão no Fado, de letras menos tristes, por vezes com um forte cunho de crítica social, e o seu empenho em trazer para o Fado e para a guitarra portuguesa, fados não tradicionais, compostos por maestros como Jaime Mendes, compositores como Raul Ferrão, criando assim o chamado “fado musicado”, aquele fado cuja música corresponde unicamente a uma letra, se bem que composto segundo a base do Fado, e em especial, tendo em atenção as potencialidades da guitarra portuguesa.

Hermínia Silva torna-se assim, sem o haver planeado, num dos vértices do Fado, tal qual hoje ele existe, enquanto estilo musical: Alfredo Marceneiro foi o primeiro vértice, o da exploração estilística do Fado Tradicional, tendo em Ercília Costa o seu maior ícone; Hermínia viria a trazer o Fado para as grandes salas do Teatro de Revista, e viria a “inaugurar” a futura Canção Nacional, com acompanhamentos de grandes orquestras, dirigidas por maestros, que também eram compositores. A sua fama atingiu um tal ponto que o Cinema, quis aproveitar o seu sucesso como figura de grande plano. Efectivamente, nove anos depois de se ter estreado na Revista, Hermínia integra o elenco do filme de Chianca de Garcia, “Aldeia da Roupa Branca” (1938), num papel que lhe permite cantar no filme. Nascera assim, a que viria a ser considerada, a segunda artista mais popular do século XX português, depois de Amália Rodrigues, o terceiro vértice do Fado, ainda por nascer.

Depois de várias presenças no estrangeiro, com especial incidência no Brasil e em Espanha, Hermínia aposta numa carreira mais concentrada em Portugal. O seu conhecido e parodiado receio em andar de avião, inviabilizou-lhe muitos contratos que surgiam em catadupa. Mas, Hermínia estava no Céu, na sua Lisboa das sete colinas. Em 43, é chamada para mais um filme, o “Costa do Castelo”, em 46 roda o “Homem do Ribatejo”, passando regularmente pelos palcos do Parque Mayer, fazendo sucesso com os seus fados e as suas rábulas de Revista. Efectivamente, Hermínia consegue alcançar tal êxito no Teatro, que o SNI, atribui-lhe o “Prémio Nacional do Teatro”, um galardão muito cobiçado na época. Até 1969, em “O Diabo era Outro”, a popularidade da fadista encheu os écrans dos cinemas de todo o país. Vieram mais Revistas, mais recitais, muitos discos de sucesso…

Mas, para quem quisesse conhecer a grande Hermínia bem mais de perto, ainda tinha a oportunidade de ouro, de vê-la ao vivo e a cores, sem microfone, na sua Casa – o Solar da Hermínia, restaurante que manteve quase até ao fim da sua vida artística. Há memórias de muita gente desse espaço fantástico, que não tive oportunidade de conhecer. O nosso companheiro Raúl, neste “Café Expresso”, editor do blog “Congeminações”, narrou-me uma vez, a noite fantástica que passou com Hermínia, no seu Solar. E muitos portugueses e estrangeiros guardam na memória, a voz e a presença daquela mulher que gostava da vida, e que cantava o Fado.

Felizmente, o Estado Português, o Antigo e o Contemporâneo, reconheceu Hermínia Silva. São vários os Prémios e Condecorações, as distinções e as nomeações, justíssimas para uma artista, que fez escola, e que hoje, constitui um dos três maiores nomes da Canção Nacional, ao lado de Marceneiro e de Amália, que por razões diferentes, pelos “apports” de forma e conteúdo distintos que trouxeram à Canção de Lisboa, fizeram dela, o Fado, tal qual hoje é entendido, cantado, tocado e formatado. A sacerdotisa cantou quase até partir para a dimensão do Espírito, em 13 de Junho de 1993. Morria assim, uma das maiores vedetas do Fado e do Teatro de Revista Português.

Marcos principais da carreira:

  • 1920 Canta para Alfredo Marceneiro e para os amigos, entre os quais Armandinho, que adoravam ouvir a “miúda”.
  • 1926 Começa a cantar no Valente das Farturas, no Parque Mayer. Alfredo Marceneiro canta ao lado, no Júlio das Farturas.
  • 1929 Na Esplanada Egípcia, no Parque Mayer, interpreta Ouro Sobre Azul, De Trás da Orelha e Off-Side.
  • 1932 Ainda no Parque, muda-se para o Teatro Maria Vitória, onde actua na opereta A Fonte Santa.
  • 1933 Ingressa no Teatro Variedades, onde é segunda figura, logo a seguir a Beatriz Costa. Canta e representa em inúmeras revistas.
  • 1958 Inaugura o Solar da Hermínia, no Bairro Alto, ao qual se dedicará de tal forma que

deixa o teatro de revista. Estará à frente desta casa durante 25 anos.

  • 1970 Faz uma digressão de 3 meses ao Brasil.
  • 1982 Fecha o Solar da Hermínia, o ponto de referência da sua carreira e onde inúmeros artistas despontaram.
  • 1987 Na discoteca Loucuras! dá um espectáculo memorável, na presença do então Presidente da República, Mário Soares.

Obtido em “http://pt.wikipedia.org/wiki/Herm%C3%ADnia_Silva

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Nevogilde – Porto

Posted by mjfs em Agosto 26, 2007

A freguesia de Nevogilde só nos fins do século XIX começou a fazer parte da cidade e concelho do Porto.

Foi primeiramente chamado a depor o P.e Durando ou Durão – Domnus Durandus, «prelatus eiusdem Eclesiae».
Do seu depoimento, entre outras afirmações, consta que aí o Rei tinha quatro casais, dois deles povoados e dois despovoados. Num dos casais povoados morava João Milheiro (milliarius), no outro residia Petrilino. O mosteiro de Santo Tirso possuía cinco casais, um dos quais desabitado; o mosteiro de Pombeiro, dois casais, dos quais um desabitado; a Ordem do Hospital (S. João de Jerusalém, mais tarde Malta), dois casais, ambos despovoados; a igreja de Vermoim da Maia, um casal despovoado; e os mosteiros de S. João de Tarouca e de Macieira, dois casais cada um.

Pertenceu ao antigo Julgado de Bouças. Já as Inquirições de 1258, mandadas fazer por D. Afonso III, mencionam Nevogilde (Lavygildus) como uma das igrejas ou freguesias desse Julgado.
As Inquirições de 1258 fornecem algumas informações de interesse para o conhecimento de Nevogilde de então. «Hic jncipit jnquisicio ville que vocatur Louygildus et colacionis ecclesiae eiusdem loci»: aqui começa a inquirição da vila chamada Louegildus e da colação da igreja do mesmo lugar». É com estas palavras que abre o texto da inquirição.

Eram padroeiros da igreja as mosteiros de Santo Tirso e do Pombeiro (beneditino) que apresentaram o pároco que o Bispo confirmou. O P.e Durando foi o primeiro pároco e, a partir da sua nomeação, começou a receber as dízimos: «et postquam ipse fuit prelatus dederunt ey totam decimam tocius ville…».

Outras testemunhas foram chamadas a depor: João Mendes, Miguel Migueis, Pedro Remígio. D. Julião, Pedro Crispo e Domingos João. Todas elas confirmaram o depoimento do P.° Durando. Fez parte do referido Julgado até à sua extinção. Abolido este com a criação do concelho de Bouças, em 1835, continuou a pertencer ao novo concelho, com as freguesias de Matosinhos, Leça, Aldoar, Ramalde, Lavra, Perafita, Santa Cruz do Bispo, Guifões, Balio, Custóias e S. Mamede de Infesta.

Em 21 de Novembro de 1895, construída a estrada da Circunvalação, passou Nevogilde para o Porto, Bairro Ocidental, o mesmo acontecendo às freguesias de Ramalde e Aldoar. Eclesiasticamente, a freguesia pertenceu ao Arcediagado da Maia. Quando, no século XIV, as agrupamentos das freguesias começaram a ser designados por Terras, Nevogilde pertencia à Terra da Maia. Mais tarde, com a nova divisão da Diocese em Comarcas Eclesiásticas, Nevogilde fazia parte da Comarca Eclesiástica da Maia. Posteriormente, as comarcas foram divididas em Distritos. Maia ficou dividida em três Distritos e Nevogilde ficou a pertencer ao 1.° Distrito da Maia.

Por decreto episcopal de 15 de Janeiro de 1914, foi, juntamente com Aldoar, incorporada na circunscrição da Cidade do Porto. Eis o texto do decreto do Cardeal Dom Américo, Bispo do Porto:
«Incorporação das freguesias de Nevogilde e Aldoar na circunscrição da cidade, 15 de Janeiro 1914.
Tendo sido incorporadas na circunscrição eclesiástica da cidade, por Decreto de 19 de Fevereiro de 1910, as freguesias de Lordelo do Ouro, Ramalde e Foz do Douro, e encontrando-se em condições idênticas as freguesias de Nevogilde e Aldoar, únicas que estando quasi por completo dentro da área da cidade, ainda pertenciam ao 1.° Distrito Eclesiástico da Maia, para mais facilitar os serviços eclesiásticos; – Hei por bem determinar que as paróquias de Nevogilde e Aldoar sejam desanexadas do 1.° Distrito Eclesiástico da Maia, e incorporadas na circunscrição da cidade para todos os efeitos.»

Com a reorganização das vigararias em Distritos no ano de 1916, Nevogilde continua incluída na vigararia do Porto. Com um novo e posterior arranjo e divisão da vigararia do Porto, ficou incluída na vigararia 5. Presentemente, desde Julho de 1979, Nevogilde pertence à, 1.° vigararia do Porto, com Aldoar, Amial, Cristo-Rei, Foz do Douro, Lordelo do Ouro, Ramalde, Senhora da Ajuda e Senhora do Porto.

 

A freguesia de Nevogilde, que nos últimos anos se tem desenvolvido muito e conta belas zonas residenciais, antigamente poucos habitantes tinha. As Inquirições de 1258 referem 17 casais na vila de Nevogilde, alguns dos quais – pelo menos 6 – estavam desabitados.

As Constituições diocesanas de D. João de Sousa, aprovadas em sínodo de 18 de Maio de 1687 e impressas em 1690, dizem que Nevogilde tinha 21 fogos e 82 habitantes, sendo 68 pessoas maiores e 14 menores.

Em 1758, o Abade Manuel Pereira da Silva informa que a freguesia tinha 41 vizinhos ou fogos e 143 pessoas, entre maiores menores e ausentes.

Por sua vez, o P.e Agostinho Rebelo da Costa na sua Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto, cuja primeira edição é de 1788-1789, apresenta os seguintes dados, certamente relativos a 1787: em Nevogilde 36 fogos, e almas 136. Comparando estes últimos números com os de 1758, regista-se uma diferença, para menos, de 5 fogos e 7 almas.

Um relatório de 1839 dá à freguesia 30 fogos e 137 almas.

No censo de Dezembro de 1900, Nevogilde contava 224 fogos e 1149 almas, e no de 1970, 4217 habitantes, a saber 1739 do sexo masculino e 2479 do sexo feminino, e 995 fogos. É de notar que o censo de 1970 acusa, relativamente ao censo de 1960, um decréscimo de 1013 pessoas, ou seja, a população terá, diminuído 19 %.

Uma informação dada em 1937 pelo Pároco, Dr. Conceição e Silva, refere haver na freguesia 483 fogos e 2467 habitantes.

Observamos que não condizem, rigorosamente, os limites da freguesia civil e eclesiástica. Mas adiante voltaremos ao assunto.

Avançando nos séculos em busca da sua evolução, o jornalista Joaquim Fernandes diz-nos que «a palavra-chave é turismo balnear, revolução que emerge no último quartel do século XIX. As praias regurgitam de gente e a urbanização litoral é um facto, com a burguesia portuense a erguer os seus chalets». E se até determinada altura a Foz era apenas um local de passagem para alguns veraneantes, a partir de então passou a ser sítio para viver todo o ano e, naturalmente, a sua paisagem foi sofrendo transformações radicais. Nasceu assim a «Foz Nova», com ruas direitas e amplas, emolduradas por belas vivendas rodeadas de bonitos jardins.

Os prédios eram normalmente de um só andar, embora abundassem também os de sois e os térreos, segundo Carlos Champalimaud, «consequência natural de abundância de terrenos que não obriga à acumulação de indivíduos e mesmo de famílias em prédios comuns…».

Uns optaram pelo tipo de construção francesa, cuja elegância era realçada por Ramalho Ortigão como sendo «tão rara nas casas portuguesas», enquanto outras, em maior número, tinham inspiração britânica, o que levou Júlio Dinis a apelidar o conjunto ocidental da cidade como o bairro inglês, «… por ser especialmente aí o habitat destes nossos hóspedes. Predomina a casa pintada de verde-escuro, de roxo-terra, de cinzento, de preto… até de preto! – arquitectura despretensiosa, mas elegante; janelas rectangulares; o peitoril mais usado que a sacada».

Durante este século a população aumentou consideravelmente, o que se sente no desaparecimento de campos e pinhais, no rasgar de novas artérias e na construção de edifícios que contrastam com os até então existente, mas que, ao mesmo tempo, nos dão uma imagem da evolução de Nevogilde nos últimos 100 anos.

Cadouços marca o local de «fronteira» entre Nevogilde e S. João da Foz. Aqui a densidade populacional é maior, tal como o número de estabelecimentos comerciais, e sente-se mais facilmente o contacto entre o novo e o antigo, através dos pequenos jardins e dos espaços arborizados, das casas com 100 anos e dos prédios recentes.

A evolução dos transportes teve um papel importante para a população do interior da cidade, que através do caminho-de-ferro puxado a cavalos e do «americano» (1872) – o primeiro do país, que demorava apenas 30 minutos a ligar a Praça do Infante à Foz – passaram a frequentar assiduamente as praias.

Assim, rapidamente surgiu a ligação entre a Foz e a Praça de Carlos Alberto e, finalmente, foi introduzida a máquina a vapor, de cujo percurso ainda há vestígios na Rua do Túnel, na Ervilha e na Rua de Tânger. Na Avenida de Carreiros circulavam veículos puxados por uma ou mais parelhas de cavalos, pertencentes à Companhia Carril Americano, conhecida como Companhia de Baixo, no trajecto com início na Rua dos Ingleses (hoje Rua do Infante D. Henrique), seguindo beira-rio para a Foz do Douro e continuando para Nevogilde, Matosinhos e Leça da Palmeira.

Na Rua de Gondarém circulava o comboio conhecido como «a máquina», pertencente à Companhia Carris de Ferro do Porto, popularmente chamada de Companhia de Cima, com trajecto com início na Avenida da Boavista, seguindo para a Foz do Douro, Nevogilde e Matosinhos. Depois de deixar a Avenida da Boavista, o comboio seguia pela Ervilha, Rua das Sete Casas, Cadouços, onde existia uma toma-de-água para abastecer a caldeira da locomotiva, entrava no túnel (hoje transitável de automóvel) e continuava pela Rua de Gondarém.

Foram os britânicos que, em meados do século XIX, lançaram a moda de fechar as suas casas na cidade para irem passar uns meses à beira-mar. Como sintoma dessa realidade existe ainda a praia dos Ingleses, que era quase exclusivamente frequentada por estrangeiros, principalmente britânicos.

Mas também existiam muitos outros para quem as modas não interessavam minimamente e «iam a banhos» apenas e só para cumprir a prescrição do médico.

Recorrendo a Porto – percursos nos espaços e memórias, sabemos que a “saison” de praia se prolongava normalmente por dois meses e o mais vulgar era alugar casa, havendo famílias que se mudavam com mobílias e tudo, servindo-se para o efeito de um meio de transporte singular: o carroção. Recorria-se também ao vaporzinho (vapor Duriense) e ao burro.

A Foz era calma no Verão. Não havia muito por onde escolher em termos de diversão. De manhã tomava-se banho ou assistia-se ao espectáculo do banho colectivo. Isto somente até finais de Setembro, princípios de Outubro, e, segundo Alberto Pimentel, havia aqueles que eram mais pudicos e procuravam banhar-se de madrugada.

Num excerto de um texto delicioso, o historiador refere que «os aldeões de Cima-do-Douro (…) iam tomar banho de madrugada, ocultando-se o mais possível entre as fragas, por causa da extrema leveza do fato com que costumavam entrar na água. As mulheres vestem camisa, os homens ceroulas (…), fazem lembrar Adão e Eva cobertos por uma teia de aranha».

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Foz do Douro – Porto

Posted by mjfs em Agosto 23, 2007

Foz do Douro é uma freguesia portuguesa do concelho do Porto, com 3,00 km² de área e 12 235 habitantes (2001). Densidade: 4 078,3 hab/km². No entanto, é conhecida por apenas Foz toda a zona do Porto Ocidental, que inclui as freguesias da Foz do Douro e Nevogilde, e ainda partes pequenas de Lordelo do Ouro, Aldoar e até Ramalde.

Foi vila e sede de concelho, com uma única freguesia, por três anos, até 1836. Tinha, em 1801, 2 429 habitantes.

A Foz do Douro é uma zona marcadamente interclassista, sendo, no entanto, conhecida por ser uma zona habitada pela classe alta da cidade. O seu passeio marítimo, salpicado de esplanadas, bares e jardins à beira-mar fazem desta zona, uma da mais procuradas dentro do Porto.

No seu património, realce para as primeiras manifestações em Portugal da arquitectura da Renascença, com a capela-farol de S. Miguel-o-Anjo, na Cantareira, e o palácio e Igreja, intra-muros do Forte de São João Baptista da Foz, obras mandadas construir pelo Bispo D. Miguel da Silva, em 1527, com a participação do arquitecto-escultor Francisco de Cremona. A Igreja Matriz e o citado forte (ambos do século XVII) são também de assinalar. Entre as encostas do Monte da Luz e a do Monte, descendo até à Cantareira, existe um aglomerado urbano rico que, em importância, segue logo o do centro histórico da cidade.

Raúl Brandão nasceu aqui. Aqui viveram ou vivem a escultora Irene Vilar e os escritores António Rebordão Navarro, Vasco Graça Moura, Eugénio de Andrade e Antero de Figueiredo, entre muitas outras personalidades da nossa cultura. Sobre a Foz, muitas páginas foram escritas por, para além dos citados, Agustina Bessa Luís, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, e outros, assim como vários artistas utilizaram os seus motivos para obras de arte: Vieira da Silva, Alvarez, António Carneiro, Armando Alves, etc.

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Lordelo do Ouro – Porto

Posted by mjfs em Agosto 20, 2007

 HISTÓRIA DA FREGUESIA 

  

Enquadramento Histórico e Geo Social

Freguesia de Lordelo do Ouro estende-se por uma superfície de 3,4 Km2 e fica situada na parte ocidental da cidade do Porto, sendo geograficamente limitada a Norte, pela Freguesia de Ramalde; a Sul pelo Rio Douro; a Este, pelas Freguesias de Massarelos e Cedofeita e, por fim a Oeste pelas Freguesias de Aldoar e Foz do Douro. Considerada uma das freguesias periféricas da cidade Invicta, esta encontra-se bem colocada, na medida em que, estando perto do centro consegue afastar-se de todo tipo de inconvenientes característicos das grandes urbes.
A primeira referência relativa á área abrangente da freguesia de Lordelo do Ouro, remonta ao século XII, mais concretamente ao ano de 1144. Pertencendo ao julgado de Bouças, Comarca da Maia do Bispado do Porto, Lordelo do Ouro é, por decreto-lei de 26 de Novembro de 1836, integrado no Concelho do Porto. Contava então, com cerca de 2.000 habitantes.
Localizada no ponto de contacto entre o rio e o mar, Lordelo do Ouro era tipicamente lugar onde imperavam a marinhagem, a pesca e a construção naval como actividades principais. E de salientar que foi dos estaleiros do Ouro que saíram grande número de Naus da frota que partiu à conquista de Ceuta. Este bravo feito está testemunhado pelo monumento situado no Jardim do Calém, de autoria de Lagoa Henriques, que pretende homenagear todos os portuenses que contribuíram paro tal conquista.
A esta actividade marítima deve-se também a construção de monumentos religiosos, como é o caso da Capela de Santa Catarina e a Capela setecentista de Nossa Senhora da Ajuda, construídas em locais elevados, a mando dos marinheiros, seus devotas, de forma a serem avistadas desde a entrada da barra do Rio Douro.

No século XIX, Lordelo do Ouro assistiu à implementação de algumas unidades industriais de certa importância para a freguesia. Foi o caso da Companhia de Fósforos e da Fábrica de Lanifícios Lordelo, hoje desactivadas. Actualmente, Lordelo do Ouro é cada vez mais um espaço de pequeno comércio e serviços, resultante sobretudo do processo permanente de transformação do tecido económico e, fundamentalmente, uma zona residencial.
Na verdade, nas últimas décadas foram aqui construídos nove Bairros de Habitação Social, que alojam cerca de 10.500 pessoas, grande parte deslocada do Centro Histórico e comercial da cidade, situação que se verifica sobretudo durante as décadas de 70 e 80, com todas as consequências decorrentes de uma mobilidade forçada. Refira-se, por exemplo, que, em 1950 a população residente em Lordelo era de 10.260, ao passo que em 1991, e de acordo com os resultados do último censo, o número de habitantes era já de 22,421.

História da integração no Concelho do Porto

ACTA DO OFÍCIO ENVIADO PELA JUNTA À CÂMARA DE BOUÇAS

“A junta de Paroquia desta freguesia tendo recebido representações dos Povos da mesma Freguesia sobre a inconveniência de serem-lhes obrigados a irem a Mathozinhos pagarem ao recebedor do Conselho a importância das suas respectivas verbas de décima e impostos anexos, o que os obriga, a perder dias de trabalho e a sofrerem outros incómodos pois que muitas vezes o recebedor não está em caza ou não se prontifica ou não pode receber pela affluencia de outros contribuintes e ocupaçoens do seu ministério, por todas esta rezoens roga a V.V.S.S.ª, se sirvão reprezentar ao Governo de S. Magestade para que se sirva autorizar alguma pessoa idonea e abonada dentro dos limites da mesma Freguezia para que receba as sobreditas dêcimas e impostos anexos dando depois conta aos contribuintes hum incomodo e prejuizo muitas vezes superior às quantias que elles pagão.

Deos Guarde a V.V.S.S. Lordello do Ouro em Junta de Paroquia 7 de Agosto de 1836″

ANO DE 1836 DECRETO LEI QUE INTEGRA LORDELO DO OURO NA CIDADE DO PORTO

“Não sendo possível sem uma melhor divisão do território tirar todas as vantagens que devem de resultar da organização de um bom sistema Administrativo e sendo presente o trabalho das Juntas Gerais Administrativas dos Direitos, e parecer da comissão creada por portaria de 29 de Setembro passado, hei por bem decretar provisoriamente o seguinte:

ARTIGO 1.º

O Território Continental do Reino de Portugal e Algarves, fica dividido em 17 Distritos Administrativos actualmente existentes, compostos de 351 Conselhos designados nos mapas respectivos que fazem parte do presente decreto e cujo resumo baixa assignado pelo Secretario d’ Estado dos Negócios do reino.”

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Amália Rodrigues

Posted by mjfs em Agosto 15, 2007

 

 

Amália Rodrigues,desenho de André Koehne.

 

Amália Rodrigues,
desenho de André Koehne.

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Lisboa, 23 de Julho ou 1 de Julho de 1920Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.

Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das melhores embaixadoras do país. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras canções de tradição popular portuguesa, como música de outras origens (por exemplo, música espanhola).

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 Biografia

 Infância

Filha de um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, tentou a sua sorte em Lisboa, terá nascido, segundo o seu assento de nascimento, às cinco horas de 23 de Julho de 1920 na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de Julho (“no tempo das cerejas”), e dizia : talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.

A sua faceta de cantora cedo se revela. Amália era muito timida, mas começa a cantar para o avô e os vizinhos, que lhe pediam. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar.

Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente em casas pobres. Escolhe então o ofício de bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.

Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida não é tão boa como em casa do avós. Amália tinha que ajudar a mãe e auguentar o irmão mais velho, autoritário.

Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. Amália acabaria por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.

Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz, um guitarrista amador, com o qual casará em 1940. Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, e só em 1939 irá cantar nessa casa.

 Uma carreira que começa

Alcança tremendo êxito no Retiro da Severa, onde faz a sua estreia profissional, e torna-se a vedeta do fado com uma rapidez notável. Passa a actuar também no Solar da Alegria e no Café Luso. Era o nome mais conhecido de todos os cantores de fado. Fazia com que por onde actuasse as lotações se esgotem, inflacionando o preço dos bilhetes. Em poucos meses atinge tal reconhecimento e popularidade que o seu cachet é o maior até então pago a fadistas.

Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.

Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.

Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a tournée, acompanhada por bailarinos e músicos.

É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários paises, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.

Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.

Amália é apoiada por artistas nacionalistas como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o proprio organiza.

A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de “apoio” dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna,Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal) . Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica.

Canta em todo os cantos do mundo. Passa pelos Estados Unidos, onde canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica por que não quer.

Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, sincretisando o que é rural e urbano.

Canta os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções.

O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política.

Em 1966, volta aos Estados Unidos. Neste mesmo momento o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.

Em 1969, Amália é condecorada pelo novo presidente do concelho, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas antes de iniciar uma grande digressão à União Soviética.

Em 1971, encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.

 Amália após o 25 de Abril

Na chegada da democracia são-lhe prestadas grandes homenagens. É condecorada com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República, Mário Soares. Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património.

Em 1990, em França, depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d’Honneur.

Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos.

Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975 (Segredo). Amália publica um livro de poemas (Versos). É-lhe feita uma homenagem nacional na Feira Mundial de Lisboa (Expo 98).

A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre com 79 anos, pouco depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem.

Sabe-se então que Amália, vista por muitos como um dos Fs da ditadura (“Fado, Fátima e Futebol”), colaborara economicamente com o Partido Comunista Português quando este era clandestino. Sepultada no Cemitério dos Prazeres, o seu corpo é posteriormente trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.

Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiosíssimo Olympia).
Propagou a
cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado.

 Discografia

  • Perseguição (1945)
  • Tendinha (1945)
  • Fado do Ciúme (1945)
  • Ai Mouraria (1945)
  • Maria da Cruz (1945)
  • Ai Mouraria 1951/52
  • Sabe-se Lá 1951/52
  • Novo Fado da Severa (1953)
  • Uma Casa Portuguesa (1953)
  • Primavera (1954)
  • Tudo Isto é Fado (1955)
  • Foi Deus (1956)
  • Amália no Olympia (1957)
  • Povo que Lavas no Rio (1963)
  • Estranha Forma de Vida (1964)
  • Amália Canta Luís de Camões (1965)
  • Formiga Bossa Nossa (1969)
  • Amália e Vinicius (1970)
  • Com que Voz (1970)
  • Fado Português (1970)
  • Oiça Lá ó Senhor Vinho (1971)
  • Amália no Japão (1971)
  • Cheira a Lisboa (1972)
  • Amália no Canecão (1976)
  • Cantigas da Boa Gente (1976)
  • Lágrima (1983)
  • Amália na Broadway (1984)
  • O Melhor de Amália – Estranha Forma de Vida (1985)
  • O Melhor de Amália volume 2 – Tudo Isto é Fado (1985)
  • Obsessão (1990)
  • Abbey Road 1952 (1992)
  • Segredo (1997)

 

 

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