Situado numa zona montanhosa (nas faldas da Serra da Lapa) e isolada, como foi apanágio das primeiras casas cistercienses, o convento de Nossa Senhora da Assunção acabou por funcionar como pólo dinamizador da povoação de Tabosa. De fundação moderna, sem pré-existências medievais, este complexo conventual foi instituído em 1685 pela piedade particular de D. Maria Pereira. O projecto inicial, se bem que correctamente desenhado e actualizado em relação à linguagem arquitectónica da época, foi pensado em função de um número de religiosas não muito vasto, pautando-se por uma arquitectura depurada, cuja igreja permite uma leitura espacial imediata. A primeira pedra do templo foi lançada logo em 1685, ainda antes das licenças obrigatórias, que chegariam nos anos subsequentes. Entre esta data e o final do século, pensa-se que terão ficado concluídos “o dormitório, o refeitório, a cozinha, a Casa da Abadessa, o dormitório da enfermaria, o terreiro, a escada para a grade e as casas da grade (Mirante)”. Todavia, o dormitório, com onze celas, não era suficiente para as 22 religiosas, chegadas a Tabosa em 1692, e desde então instaladas de forma pouco cómoda.
As obras sofreram, com certeza, atrasos e interrupções no final de Seiscentos, em função do falecimento da instituidora, D. Maria Pereira, em 1696, que causou problemas financeiros relativamente graves. Em todo o caso, os trabalhos prosseguiram e, de acordo com os estudos de Ana Gonçalves Carvalheira, que temos vindo a seguir, em 1703 dava-se início ao claustro, concluído no ano seguinte, mas somente benzido em 1724. Por sua vez, a Sala do Capítulo encontrava-se terminada em 1754.
A segunda metade do século XVIII, veio trazer novos problemas ao convento, uma vez que, em 1771, D. José obrigou ao encerramento do noviciado e à transferência das religiosas para o convento de São Francisco Xavier, em Setúbal (pertencente aos jesuítas). Os rendimentos e os bens conventuais foram aplicados nas obras do edifício de Setúbal, ficando o de Tabosa praticamente em ruínas. Assim o encontraram as religiosas, de regresso em 1779, já no reinado de D. Maria. Sem receitas próprias, foi a Ordem quem patrocinou a reconstrução do convento, dando-se início a uma outra fase de intervenções, cujo alcance é muito difícil de determinar .
Actualmente, apenas se conserva a igreja, a sacristia, o claustro e o mirante. As restantes dependências encontram-se profundamente arruinadas ou desapareceram, após o falecimento da última freira, em 1850, que encerrou definitivamente o convento. Ainda assim, a reconstituição proposta por Ana Gonçalves Carvalheira permite perceber que a igreja ocupava o corpo oriental, e era em torno do claustro que se desenvolviam todas as dependências conventuais: a oeste a cozinha, o refeitório, a hospedaria, e outros compartimentos funcionais; a norte a área de descanso para as professas e noviças; e a sul a portaria, a roda, a sala do Capítulo, a enfermaria e a Casa da Abadessa.
A igreja, cuja fachada principal corresponde à fachada da nave, é aberta por um portal lateral, como convém nos conventos femininos, de verga recta, flanqueado por pilastras e encimado por nicho com a imagem de São Bernardo, envolto por volutas. No interior, de nave única, dois coros sobrepostos e capela-mor mais estreita, destaca-se o arco triunfal, com retábulos colaterais, cujas arquivoltas acompanham o desenho do arco de volta perfeita e são preenchidas por pinturas. O retábulo-mor, executado entre o final do século XVII e inícios do seguinte, que prolonga a tradição maneirista de preencher a totalidade da parede fundeira da capela, desenvolve-se em planta convexa, apresentando uma solução pouco usual no remate.
Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR
Mercê do pedido do povo de Tabosa, receoso do desmantelamento progressivo do Mosteiro com as suas telhas, madeiras e pedras de novo a serem vendidas ou retiradas do local, o Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção de Tabosa veio a ser declarado imóvel de interesse público pelo Dec.Lei 516/71, publicado na I série do Diário do Governo, n.º 274 de 22 de Novembro desse ano.
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