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Património de Portugal

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Igreja de São Gens de Boelhe – Penafiel

Posted by mjfs em Junho 18, 2008

São Gens de Boelhe - Penafiel - www.monumentos.pt - 1

Implantada junto à igreja paroquial, a igreja de São Gens de Boelhe é uma construção de época românica que remonta ao século XIII.

 

De planta longitudinal, desenvolve-se em nave única articulada com capela-mor, mais baixa, através de arco triunfal de volta perfeita.

 

A fachada principal caracteriza-se pelo portal em arco apontado, de três arquivoltas com quadrifólios, que assentam sobre impostas, e colunas com bases em forma de bolbo e capitéis decorados. Sobre o pórtico, abre-se uma fresta e à direita, sobre a empena, a sineira. Os volumes exteriores, percorridos por cachorrada (de motivos variados), reflectem o espaço interno, com a capela-mor mais baixa de forma a permitir a existência de um óculo de iluminação na parede fundeira da nave, sobre o arco triunfal. Em ambos os alçados laterais

o pano da nave é aberto por portas sobrepujadas por frestas.

 

No interior, impera a depuração, apenas havendo a assinalar o arco triunfal, com impostas salientes.

Texto: IPPAR – (RC)

 

São Gens de Boelhe - Penafiel - www.monumentos.pt - 2

São Gens de Boelhe - Penafiel - www.monumentos.pt - 3

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Castelo de Bragança

Posted by mjfs em Junho 17, 2008

Castelo Braganca - Foto Carlota S P Oliveira e Cunha

A história medieval de Bragança é a história da tentativa de instituição de um centro regional dominante na mais periférica zona do reino. Ao que tudo indica, este processo iniciou-se com D. Sancho I, monarca que se preocupou em efectivar uma estreita proximidade entre poder régio e a família dominante do Nordeste, com vista a uma maior autoridade real na região brigantina. É neste contexto que se explica a fundação da cidade de Bragança (1187), e as primeiras doações destinadas à sua fortaleza (Março de 1188).

Infelizmente, estamos muito mal informados acerca da primitiva cerca defensiva aqui realizada, pois a grande obra militar de Bragança deu-se já a caminho para o final da Idade Média. De acordo com os estudos de Paulo Dórdio Gomes, o interior da cidadela revela, ainda, parte da sua organização viária sanchina, “segundo dois eixos principais que confluem para a Porta da Vila”, dispondo-se, entre eles, “blocos trapezoidais contendo séries de lotes com edifícios e quintais”.

Um século depois, no reinado de D. Dinis, teve lugar uma primeira reforma do castelo. À semelhança da primitiva obra, também estamos mal informados sobre este momento, mas, a crer na documentação subsistente, ele deverá ter tido algum impacto na fortaleza românica, especialmente ao nível de um primeiro amuralhamento exterior, de carácter já gótico.

A grande campanha militar da cidade, e que, ainda hoje, se institui como marca visual dominante na imensa paisagem brigantina, teve lugar no reinado de D. João I, no contexto de afirmação da nova dinastia. Uma magnífica torre quadrangular, de dois andares, com torreões circulares nos vértices, é a inconfundível marca desta campanha, a que se junta uma cintura de muralhas igualmente dotada de torreões circulares, que rodeia um espaço rectangular irregular. Este núcleo principal, de características estéticas únicas entre nós, foi já explicado à luz de uma provável influência inglesa, posterior à chegada do Duque de Lancaster. A datação para o conjunto parece confirmar esta hipótese, uma vez que a esmagadora maioria dos autores que se referiram a este castelo coincidem numa cronologia pelas primeiras décadas do século XV, muito alargada (cerca de trinta anos).

Datará, também, desta época a construção de uma segunda linha de muralhas, que teve por objectivo proteger o principal bairro dos arrabaldes, conjunto eminentemente comercial e em franco desenvolvimento ao longo dos séculos XIV e XV. A cerca interior, que define o espaço intra-muralhas, apresenta uma planta quase circular, revelando a racionalidade e o carácter radiocêntrico do projecto, onde os eixos viários confluem para o centro. Na secção Norte desta muralha, a Torre da Princesa evoca antigas lendas românticas, estatuto oitocentista reforçado pelas ruínas anexas do paço do governador.

Os últimos séculos pautaram-se pela progressiva degradação e, em certos casos, desmantelamento das muralhas e da estrutura defensiva medieval. Logo no século XVII, no contexto das Guerras da Independência, retiraram-se muitas ameias, para dotar os caminhos de ronda de peças de artilharia. Em 1800, uma significativa parte da secção nascente das muralhas foi aproveitada para a construção de um quartel de infantaria.

O restauro foi realizado na década de 30 do século XX, altura em que a criação da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) veio inverter a ruína de numerosos monumentos em todo o país. Como a maioria dos restauros efectuados por esta instituição, o plano não se limitou a uma consolidação do edificado, mas sim a uma reinvenção e re-monumentalização do conjunto. Assim se explica a construção de ameias em toda a cerca, a demolição do quartel oitocentista, a reposição de troços de muralhas e o desafogamento dos muros de inúmeras construções privadas que, ao longo dos tempos, a eles se foram adossando.

Texto: IPPAR – PAF

 

Castelo Braganca - Foto Dantadd

Castelo Braganca - Foto IPPAR

Castelo Braganca - Foto Manuel Anastacio

 

OUTROS LINKS:

  • Castelo de Bragança (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Bragança (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Bragança (pt.wikipedia)
  • Castelo de Bragança – Fotos (wikimedia)
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    Igreja do Salvador de Paço de Sousa – Penafiel

    Posted by mjfs em Junho 15, 2008

     Salvador de Paço de Sousa - Foto Fmars - 1

    Salvador de Paço de Sousa - Foto Fmars - 2

    O principal mosteiro medieval da bacia do rio Sousa possui uma história rica, que tem o seu início muito antes da construção do edifício que, na actualidade, subsiste. Em 956, uma primeira comunidade familiar foi aqui fundada por D. Tructesindo Galindiz e sua mulher, Animia, sobre os restos do que se pensa ter sido uma uilla romana, mas de que não se detectaram ainda vestígios materiais. Sensivelmente um século depois, o cenóbio foi objecto de grandes reformas, no contexto proto-românico que caracteriza as décadas finais do século XI na diocese de Braga. Em 1088, com a presença solene do bispo D. Pedro, o novo templo foi sagrado.

    As dúvidas acerca da cronologia exacta a atribuir às diferentes partes do conjunto iniciam-se com essa sagração. Sabemos que, nos inícios do século XII, o mosteiro estava já na posse dos Beneditinos que, com certeza, patrocinaram a construção do actual edifício, mas a data exacta desta vasta campanha e, sobretudo, o ritmo das obras não estão, ainda, suficientemente esclarecidos. As obras não se terão iniciado antes de 1166, e prolongaram-se extraordinariamente, avançando lentamente sobre todo o século XIII e entrando, mesmo, no XIV.

    Segundo a interpretação de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, a empreitada românica iniciou-se pela fachada principal (e não pela cabeceira, como era habitual), porque terá havido a necessidade de se manter “boa parte da igreja anterior, enquanto se não adiantasse o corpo da nova”, por forma a não se interromper o culto. Desta forma, o autor identificou três fases essenciais, bastante espaçadas no tempo, correspondendo a três diferentes impulsos construtivos: frontaria; corpo e cabeceira. Os argumentos que utilizou são de aceitar nas suas linhas essenciais, uma vez que, entre estes patamares de obra, existem suficientes elementos estilísticos diferenciadores.

    Apesar destas discrepâncias, e das numerosas influências artísticas que aqui podemos identificar (assuntos que, pela sua complexidade, não podemos aqui desenvolver), o plano arquitectónico subordina-se à tipologia de templo beneditino de três naves, seguido em Portugal nos séculos XII e XIII: corpo tripartido em naves de quatro tramos, separadas por arcos diafragmas e cobertas por tecto de madeira; cabeceira igualmente tripartida, escalonada, com paredes testeiras redondas, e interior abobadado. Infelizmente, a capela-mor foi substituída, em 1741, pela actual, de planta rectangular e muito mais profunda, assim como desapareceu a capela de D. Egas Moniz, mandada destruir em 1605. Outras transformações ocorreram na época moderna, alterando-se, por completo, a fisionomia das áreas monacais e, principalmente, na década de 30 do século XX, quando se procedeu ao restauro de todo o conjunto.

    No interior da igreja, conserva-se o mais importante túmulo românico nacional: o monumento funerário de D. Egas Moniz, tutor de D. Afonso Henriques e principal impulsionador do mosteiro, em cujas imediações possuía paço. A actual configuração da obra é o resultado de duas épocas distintas, uma realizada na segunda metade do século XII, pouco depois da morte deste nobre (1146) e outra pelos meados do século XIII, altura em que se terá refeito o túmulo.

    Iconograficamente, é plena de actualidade com o que então se fazia noutros reinos da Europa ocidental, representando-se nela cenas da vida do tumulado, o passamento da sua alma e a deposição na terra. Por corresponder a uma atitude individual da história de Egas Moniz, merece destaque a viagem que empreendeu a Toledo, para se entregar a Afonso VII, a quem havia prestado vassalagem no cerco de Guimarães, atitude de verdadeiro e fiel membro da nobreza, que o fez abandonar o seu anterior senhor, Afonso Henriques. Num dos topos, representa-se o passamento da sua alma, simbolizada numa pequena figura nua, que sai da boca do seu corpo já sem vida.

    Texto: IPPAR – PF

     

    Salvador de Paço de Sousa - Foto Paulo Almeida Fernades - IPPAR - 3

    Salvador de Paço de Sousa - Foto DGEMN- DREMN, DSID - 4

     

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    Fortim da Areosa – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Junho 14, 2008

    Fortim da Areosa - Viana do Castelo - Foto Maria Ines Dias - IPPAR

    O Forte da Areosa, também designado como Forte da Vinha ou Castelo Velho, mas melhor conhecido como Fortim da Areosa, localiza-se na povoação e freguesia de mesmo nome, no Concelho e Distrito de Viana do Castelo, em Portugal.

    Fortificação marítima, foi edificado no contexto das Guerra da Restauração, com o objetivo de reforçar a defesa da costa atlântica do Minho, vulnerável a qualquer ataque da Armada espanhola, tal como outros fortes construídos no litoral entre Vila Praia de Âncora e Esposende na mesma época. Foi implantado ao Sul da enseada de Vinha, a norte do Forte de Santiago da Barra, em Viana do Castelo, para reforçar o cruzamento de fogos com esta fortificação, disposta na foz do rio Lima, e também com o Forte de Montedor.

    Características

    O forte, de pequenas dimensões e alçados simples, apresenta planta estrelada no estilo maneirista, sendo constituído por quatro baluartes laterais. A sua tipologia estrutural apresenta semelhanças com os fortes de Montedor e do Cão, cuja planimetria constituiu, à época, um avanço no sistema de defesa e vigia.

    Acredita-se que este conjunto de fortes, no litoral do Minho, possa ter sido delineado pelo mesmo arquiteto.

    Atualmente integrante da Região de Turismo do Alto Minho, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 3 de Junho de 1970.

    (Texto: wikipédia)

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Fortim da Areosa (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Forte da Areosa (pt.wikipedia)
  • Fortim da Areosa (fotos)
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    Castelo de Vila Flor – Bragança

    Posted by mjfs em Junho 13, 2008

    Castelo Vila Flor - Braganca - www.monumentos.pt

    A primeira referência documental a Vila Flor consta do foral dado por D. Dinis, em 1286. Alguns anos mais tarde, em 1295, o mesmo monarca mandou levantar a cerca da vila, que incluiria uma torre de menagem. A povoação manteve acelerado desenvolvimento até ao século XVI, tendo recebido foral novo, manuelino, em 1512. A partir de então, a grande comunidade judia da vila começou a abandoná-la, contribuindo para o seu declínio. No século XVIII, a torre de menagem terá sido demolida, para com as suas pedras se levantar a nova igreja matriz. Na centúria seguinte, foram destruídas duas portas, uma das quais a do Rossio. Em 1944, a propósito das vistorias para eventual classificação do castelo, verifica-se que deste já só resta o arco da Porta Sul ou de D. Dinis, bem como uma estrutura anexa, que faria parte da cerca. São estes parcos vestígios que se encontram classificados.

    O castelo seria constituído pela torre de menagem e por cerca amuralhada, em granito, rasgada por quatro ou cinco portas, das quais pelo menos uma (aquela que resta) era defendida por torre de planta semicircular. A porta que ainda se conserva consta de um arco levemente apontado, cuja parte superior se reduz às aduelas, e da torrinha anexa, bem como de um curto troço de muralha, praticamente integrado nas casas de habitação circundantes. Existem ainda vestígios de um adarve, ou caminho de ronda. A torre e os panos murários que restam são construídos em alvenaria de xisto miúdo.

    Este castelo defenderia, para além da povoação de Vila Flor, um trecho do caminho de Santiago, que passaria na região de Bragança.

    Texto: IPAAR – Sílvia Leite

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Vila Flor (Pesquisa de Patrimônio / IPPAR)
  • Castelo de Vila Flor (pt.wikipedia)
  • Castelo de Vila Flor (monumentos.pt)
  • Posted in Arquitectura, Castelos, História, Imagens, Património, Portugal | Leave a Comment »

    Igreja de São Miguel da Eja – Entre-os-Rios – Penafiel

    Posted by mjfs em Junho 12, 2008

    S Miguel de Eja - Foto Fmars 1

    A posição dominante do pequeno planalto onde se ergue a igreja ilustra a importância estratégica do local, tutelar sobre este importante sector do curso do rio Douro. Desde a proto-história que o sítio foi, por isso, ocupado, restando troços de muralha de um castro e registando-se o aparecimento de cerâmica romana tardia. Na Alta Idade Média, Eja foi sede do território de Anégia, documentado desde o século IX e activo administrativamente até às vésperas da nacionalidade .

    O actual templo românico é posterior a tudo isto e data presumivelmente do século XIII. Nesta altura, já há muito o centro decisório regional havia deixado Eja, o que explica, em parte, a modéstia da construção: templo de nave única e capela-mor quadrangular mais baixa e estreita que o corpo; alçados escassamente fenestrados e destituídos de pormenores decorativos relevantes; fachada principal de escassa volumetria, rasgada por portal de arco apontado a que se sobrepõe pequena fresta; arco triunfal igualmente apontado, decorado sumariamente com motivos geométricos e vegetalistas.

    Aparentemente, os séculos da Baixa Idade Média e da Modernidade deixaram escassas marcas no monumento. Só no período barroco se noticia a renovação do altar, com colocação de um retábulo de talha dourada, de estilo nacional, seccionado por três arcos de volta perfeita. As obras de actualização estética continuaram na centúria seguinte, edificando-se o coro-alto e introduzindo-se os retábulos laterais.

    No período áureo da intervenção patrimonial no nosso Românico (coincidente com a vigência do Estado Novo), a igreja foi objecto de um orçamento preliminar, mas não se chegou a consumar qualquer restauro. Este só se materializou na década de 80 do século XX, facto que motivou a preservação do património integrado / móvel da época moderna. Novas intervenções de conservação ocorreram na última década e o monumento faz parte integrante da Rota do Românico do Vale do Sousa, uma das escassas rotas turísticas medievais, de carácter temático-regional, do país.

    Texto: IPAAR – PAF

     

    S Miguel de Eja - Foto Fmars 2

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    Castelo de Torre de Moncorvo – Bragança

    Posted by mjfs em Junho 11, 2008

    Castelo Torre de Moncorvo - Braganca - 1 - www.monumentos.pt

    Torre de Moncorvo nasceu por vontade de D. Dinis, no âmbito da criação das chamadas “vilas novas”, processo iniciado por seu pai, D. Afonso III, promoveu a edificação de um pólo populacional proto-urbano nesta parcela do território transmontano. Com esta medida, datada de 1285, Moncorvo herdava o termo anteriormente vinculado a Santa Cruz da Vilariça, antiga cabeça de Terra da região, e instituía-se como principal sede administrativa e militar da zona.

    O seu castelo começou a edificar-se logo após a atracção dos primeiros moradores ou em data muito próxima. Em 1295, dez anos depois do documento de criação, o próprio rei faz referência ao castelo, pressupondo-se, assim, que as obras já estariam em curso. Apesar das múltiplas fases de destruição por que a fortaleza passou, é ainda possível reconstituir o seu aspecto geral original. Assim, a cerca definia um povoado de perfil oval, tão característico das vilas muralhadas góticas, que integrava quer a povoação, quer o castelo. Três portas permitiam o acesso ao interior da cerca, de que se destaca a inexistência de qualquer abertura no final da Rua Direita, que terminava num grande torreão quadrangular. De acordo com Carlos d’Abreu, não é impossível que aí existisse uma passagem original, mas “os documentos conhecidos não a referem e a muralha é hoje inexistente nessa zona”. As principais portas situavam-se a Norte e a Nascente (São Bartolomeu e Nossa Senhora dos Remédios, ou da Vila) e eram flanqueadas por duas torres circulares. Uma terceira, localizada do lado Sul, estava anexa ao castelo, sendo defendida directamente por este e dando serventia ao principal reduto defensivo da vila.

    O castelo propriamente dito era de planta quadrangular algo irregular, e integralmente construído em granito, por oposição ao xisto da muralha, o que denota uma maior preocupação pela qualidade e durabilidade da construção. Localizava-se no topo poente da povoação e as suas muralhas interiores estavam livres de quaisquer edificações, o que lhe assegurava total independência em caso de invasão da povoação. A reconstituição de António Júlio ANDRADE, 1990, p.250, baseada num antigo desenho da estrutura, realizado em 1815, assegura que a fortaleza tinha duas torres, uma voltada ao interior e a outra ao exterior, enquanto que uma porta de arco abatido, voltada a nascente, permita o acesso ao recinto. Desconhecemos, todavia, se esta configuração seria a original, ou se, em alternativa, correspoderia já a uma posterior campanha de obras, das muitas por que passou a vila de Torre de Moncorvo ao longo dos séculos.

    Com efeito, foram várias as fases de reconfiguração e destruição da fortaleza medieval. De 1337 é um contrato entre a Câmara e dois pedreiros para a construção de uma barbacã, dispositivo frequente na Baixa Idade Média que pretendia dotar as fortificações (ou parte delas) de uma segunda linha de muralhas, mais baixa, mas de inegável valia. Em 1376, decidiu-se edificar oito torreões quadrangulares, empresa que conferiu à estrutura as doze torres que constam da reconstituição de Andrade. Mas estas terão sido as últimas obras de engrandecimento da fortaleza. Em 1530, já se refere que a sua cerca está “derribada” e, apesar de se terem realizado algumas obras nos finais do século XVI, a verdade é que nos séculos seguintes pouco ou nada se fez para reverter a lenta decadência da estrutura.

    Em 1721 noticia-se o derrube de algumas portas e partes da cerca e o século XIX foi desastroso para a sua história. Em 1842, a Câmara Municipal já o considerava irrecuperável e, porque se localizava entre a vila velha e a nova, cujo acesso só era possível por uma estreita e íngreme artéria, o município projectou a sua demolição. Toda a zona foi, então, rebaixada e construídos novos edifícios públicos, demonstrando-se, desta forma, a modernidade do projecto camarário, que englobava ainda a constituição de um quartel, nunca efectivada.

    Texto: IPPAR – PAF

    Castelo Torre de Moncorvo - Braganca - 2 - www.monumentos.pt

    Castelo Torre de Moncorvo - Braganca - 3 - www.monumentos.pt

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Torre de Moncorvo (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Torre de Moncorvo (pt.wikipedia)
  • Castelo de Torre de Moncorvo (monumentos.pt)
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    Pelourinho de Penafiel

    Posted by mjfs em Junho 10, 2008

    Penafiel - Foto www.monumentos.pt

     

    Na antiga localidade de Arrifana do Sousa foi fundada uma villa, no século IX, que viria a dar origem ao concelho de Penafiel. Segundo parece, esta villa teve primeiro foral anterior à nacionalidade, dado ainda pelo Conde D. Henrique, e confirmado por D. Afonso Henriques. Teve ainda foral novo, de D. Manuel, outorgado em 1519. O actual topónimo, ainda que já referenciado documentalmente a partir do século XI, só ficaria definitivamente estabelecido em 1770, quando D. José lhe concedeu o título de cidade. Conserva um pelourinho, hoje levantado na Praça do Município de Penafiel, mas que foi originalmente construído na Arrifana, junto do velho tribunal e cadeia comarcã.

    O pelourinho está implantado num dos extremos da praça, junto da cabeceira da Igreja da Misericórdia, sabendo-se que em finais do século XIX e início do século XX se encontrava noutro local do mesmo largo. Eleva-se sobre plataforma singela, circular, sobre a qual assenta a base da coluna, em plinto quadrangular com arestas chanfradas. A coluna possui fuste cilíndrico e liso, sendo rematada por um estreito astrágalo, a partir do qual se desenvolve o remate. Este é constituído por um tronco cónico liso, com perfil côncavo e rebordo inferior, muito alongado, de forma a atravessar uma grande bola, de cujo topo sai a extremidade do cone. Aí se crava uma longa haste de ferro, rematada em cruz de Cristo vazada, e com pequena esfera e bandeirola de catavento a meio.

    A tipologia do conjunto sugere construção oitocentista, provavelmente subsequente à elevação de Penafiel a cidade, em 1770.

    Texto: IPPAR – Sílvia Leite

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    Castelo do Tourão ou Castelo de Rebordãos – Bragança

    Posted by mjfs em Junho 9, 2008

    Castelo Rebordãos - www.monumentos.pt

    “Um dos mais amplos e deslumbrantes panoramas de Trás-os-Montes”, do castelo de Rebordãos avistam-se as fortalezas de Bragança, Vimioso, Outeiro, Penas Róias, Miranda e as terras para lá do Douro, rumo a Zamora. O acesso a este monte, rodeado por fragas, é apenas efectuado a partir de Sul (onde se situava a entrada principal) e de Este, avançando sobre a Serra de Nogueira, que limita a região brigantina por sudoeste.

    No reinado de D. Sancho I, no âmbito do esforço régio em fazer reconhecer a sua autoridade no Nordeste transmontano, Rebordãos foi uma das povoações que recebeu carta de foral, sinal de que era um aglomerado importante nos primeiros séculos de independência do reino de Portugal.

    A forma elíptica do castelo parece ser o resultado da campanha de obras aqui realizada na viragem para o século XIII. Com efeito, a fortaleza não segue, ainda, a tendência oval dos castelos góticos de Trás-os-Montes e do Alto Douro (característica das reformas militar e administrativa do reinado de D. Dinis na região), limitando-se a acompanhar as condicionantes do terreno. Por outro lado, e apesar do estado de ruína da estrutura impossibilitar uma correcta leitura dos vestígios, o sistema defensivo interior parece ser muito rudimentar, desprovido, mesmo, de torre de menagem, mas a verdade é que não estamos suficientemente informados acerca do seu projecto fundacional.

    O Abade de Baçal, já no século XX, identificou ainda alguns elementos interessantes, como “restos de fossos e muros com metro meio de largura por três de altura”, nas zonas aparentemente de mais fraca defesa, ou “paredes formando pequenos compartimentos (…) casas de habitação?”, no interior (ALVES, 4ªed., vol. IX, 1987, p.8). Elementos que, conjugados com outras descobertas no terreno, aguardam a definição de um projecto de intervenção arqueológica dirigido à Idade Média.

    A importância medieval de Rebordãos não se manteve pelos séculos seguintes. O carácter complementar e de vigilância da sua fortificação certamente diluiu-se ao longo dos tempos e a perda de função militar acarretou a decadência da própria comunidade intra-muros. A vila transferiu-se para sudoeste, uma zona mais amena e propícia à fixação humana. Foi aí que se instalou o pelourinho e a casa da câmara, ambos com origens no século XVI, o que prova como, já por essa altura, o velho castelo roqueiro do reinado de D. Sancho I havia perdido grande parte da sua importância.

    Texto: IPPAR – PAF

     

    Castelo Rebordãos 1 - www.monumentos.pt

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Rebordãos (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Rebordãos (pt.wikipedia)
  • Castelo de Rebordãos (monumentos.pt) 

     

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    Janela da Reboleira – Penafiel

    Posted by mjfs em Junho 8, 2008

    Janela da Reboleira 3 - Foto www.monumentos.pt

     

    A designada Janela da Reboleira integrava originalmente a estrutura de uma casa edificada na zona ribeirinha da cidade do Porto, situada na esquina que une a Rua da Alfândega e a Rua da Fonte Taurina. Esta casa, que terá sido edificada entre os meados do século XV e o início da centúria de Quinhentos, foi demolida no século XIX.

    A janela, possivelmente pela sua interessante estrutura, foi poupada da demolição, e em 1880 Tomás Sandeman doou-a a Manuel Pedro Guedes, proprietário da Quinta da Aveleda, em Penafiel.

    Esta quinta, conhecida pela sua produção vinícola, foi edificada no século XVI, sendo então uma propriedade foreira que passou por várias gerações da mesma família. Na segunda metade do século XIX a quinta foi reabilitada por Manuel Pedro Guedes, deputado e autarca, que ao longo da década de 60 foi adquirindo diversos terrenos em volta da Aveleda, o que lhe permitiu alargar consideravelmente a propriedade familiar. Nessa época, a casa e a capela foram restauradas, e o espaço exterior junto à casa foi transformado num jardim de gosto romântico, no qual foram incorporados elementos de gosto revivalista. Foi o caso da janela quinhentista da Reboleira, colocada numa ilhota artificial localizada no centro do designado Lago Grande.

    A Janela da Reboleira é uma grande janela de ângulo com balcão formada por dois arcos abatidos que se apoiam numa coluna jónica, colocada ao centro. No interior da estrutura foram edificadas duas conversadeiras, e toda a estrutura exterior é decorada com motivos vegetalistas, muito comuns nos programas decorativos manuelinos, o que indica a data da sua edificação, situando-a nos primeiros anos do século XVI.


     

     

    Texto: IPPAR – C. O.

     

    Janela da Reboleira 4 - Foto www.monumentos.pt

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