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Muralhas Fernandinas – Porto

Posted by mjfs em Outubro 11, 2008

Muralhas Fernandinas - Porto - www.monumentos.pt - 1

Antes de, em 1336, D. Afonso IV ter ordenado a construção de uma nova muralha, que reflectisse o grande desenvolvimento do burgo, existiu uma primitiva cerca, de menores dimensões e rodeando uma área consideravelmente inferior. Esta muralha românica, construída no século XII, corresponde à consolidação administrativa e urbanística do Porto (REAL, 1993, p.48), depois de um longo período de povoamento disperso, em bairros mais ou menos afastados entre si.

Dessa estrutura, restam ainda importantes vestígios, não obstante ter sido fortemente desmantelada nos últimos séculos. Rodeando o morro da Sé (verdadeiro centro nevrálgico da cidade medieval), possuía uma planta irregular ovalada, e era cortada por quatro portas principais, entre as quais a de Vandoma (demolida pela Câmara Municipal em 1885). Ainda desse período é a primeira fase construtiva da Casa da Câmara, no limite Norte da cerca, cujas ruínas chegaram até aos nossos dias.

A diferença de extensão entre esta cerca românica e a construída no século XIV revela o enorme desenvolvimento do Porto em escassos duzentos anos, atingindo uma população intra-muralhas estimada em cerca de 10 000 pessoas. A cidade havia-se estendido em todas as direcções, mas particularmente para Ocidente e para Norte, ligando os pontos elevados da Vitória e da Batalha. O seu traçado é ainda facilmente reconhecível na malha urbana citadina e dela restam partes consideráveis. O principal troço conservado localiza-se na zona nascente, facilmente visível da Ponte D. Luís, e compõe-se de uma secção de muralha ameada, com caminho de ronda e protegida por duas torres quadrangulares.

“A localização das portas da nova muralha deixa bem claro o traçado das primitivas vias que, do burgo do Bispo, saíam para São João da Foz e Bouças, Braga, Guimarães e Penafiel. Na rede viária intramuros vai salientar-se o largo de S. Domingos, como o de circulação fundamental no panorama das ligações internas da urbe” (REAL e TAVARES, 1993, p.67).

Nos séculos seguintes, foram muitas as alterações efectuadas nesta muralha. A maioria afectou as portas e as vias de comunicação com o exterior. Assim, em 1551, a Porta dos Carros substituiu um postigo aqui construído no reinado de D. João I. A Porta Nova é ligeiramente anterior, do reinado de D. Manuel (1522), edificada em substituição do postigo da praia. Ambas foram destruídas no século XIX, aquando dos programas de modernização urbanística portuense. Uma terceira porta, a Leste, denominada Porta da Ribeira, foi demolida na época dos Almadas, no âmbito das reformas setecentistas da cidade.

No século XX, as muralhas medievais do Porto foram objecto de uma grande campanha de restauro, ao sabor do revivalismo restaurador que caracterizou a política do Estado Novo. Os trabalhos principais decorreram entre 1959 e 1962, actuando prioritariamente sobre a escarpa dos Guindais. Nestas obras, foi descoberta uma casa-torre gótica, na Rua de D. Pedro Pitões, fronteira à Sé Catedral. Restaurada por Rogério de Azevedo, instituiu-se como ex-libris da estrutura militar medieval da cidade, albergando inicialmente o Gabinete de História da Cidade. Mais recentemente, algumas intervenções arqueológicas vieram contribuir decisivamente para o melhor conhecimento da evolução militar portuense, designadamente no morro da Sé, onde, na Alta Idade Média, se estabeleceu um dos muitos núcleos de povoamento da região.

Texto: IPPAR – PAF

 

Muralhas Fernandinas - Porto - Manuel de Sousa - 2

 

OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Muralhas do Porto (pt.wikipedia)

     

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    Forte de São João Baptista da Foz – Foz do Douro – Porto

    Posted by mjfs em Outubro 10, 2008

    Forte São João Baptista da Foz - Porto - www.monumentos.pt

    O Forte de São João Baptista da Foz, também conhecido como Castelo de São João da Foz, localiza-se na freguesia de Foz do Douro, no concelho e Distrito do Porto, em Portugal.

    Ergue-se em posição dominante na barra do rio Douro, guarnecendo o acesso fluvial à cidade do Porto.

    História

    Iniciado durante o reinado de D. Sebastião (1557-1578), em 1570, sob a supervisão de João Gomes da Silva, diplomata e homem de confiança da Corte, constituía-se em uma simples estrutura abaluartada, envolvendo o hospício (mosteiro) e a igreja dos beneditinos de Santo Tirso (Igreja Velha) antigas estruturas medievais.

    O bispo de Viseu, D. Miguel da Silva edificou neste local uma igreja e paço abacial anexo, para os quais recorreu aos projectos do arquitecto Francesco de Cremona recrutado em Itália; conjuntamente com o Farol de São Miguel-o-Anjo (concluído em 1527), que dista do local poucas centenas de metros, resultaram da sua acção mecenática e constituiram a primeira manifestação de arquitectura renascentista no Norte de Portugal (a capela-mor e nave da igreja, com o envolvimento da estrutura abaluartada e o desmonte da cobertura, funcionaram como praça de armas do forte).

    Com a Guerra da Restauração da independência impôs-se a remodelação da fortificação. Receando uma invasão espanhola pela fronteira norte do reino, o rei D. João IV (1640-56), em 1642 despachou para a cidade do Porto o novo Engenheiro-mór do Reino, o francês Charles de Lassart. Este teve oportunidade de constatar, in loco, a ineficácia da estrutura seiscentista diante dos meios ofensivos setecentistas, e elaborou-lhe um novo projeto que a ampliava e reforçava. As obras ficaram a cargo do jesuíta João Turriano. Entretanto, problemas suscitados pela fonte dos recursos junto à Câmara Municipal do Porto e problemas pessoais do Tenente-governador da fortificação Pinto de Matos (1643-1645) atrasaram sensívelmente o início das obras.

    Com a nomeação de Martim Gonçalves da Câmara, como substituto de Pinto de Matos (Maio de 1646), as obras foram finalmente iniciadas, com a demolição da Igreja Velha no mesmo ano. Tornadas prioritárias diante a invasão do Minho por tropas espanholas, encontravam-se concluídas em 1653. Dois anos mais tarde, era considerada a segunda do Reino, logo após a de São Julião, e a chave dela [cidade do Porto] com a qual não só se [a] assegurava mas toda a Província do Entre-Douro e Minho e a da Beira. Ao final do século XVII, em 1684 estava guarnecida por 22 artilheiros, congregando seis regimentos de Cavalaria e dezoito de Infantaria.

    No início do século XIX durante a Guerra Peninsular, a 6 de Junho de 1808, o Sargento-mor Raimundo José Pinheiro ocupou as suas instalações, e, na madrugada seguinte, fez hastear no seu mastro a bandeira das Quinas, primeiro ato de reação portuguesa contra a ocupação napoleônica. A fortificação estaria envolvida poucos anos mais tarde nas Revoltas liberais, tendo protegido, durante o cerco do Porto (1832-1833), o desembarque de suprimentos para a cidade.

    Diante da evolução das embarcações e da artilharia, progressivamente perdeu a função defensiva, sendo utilizada como prisão para presos políticos. Entre os nomes ilustres que estiveram detidos nos seus cárceres, relancionam-se os de José de Seabra da Silva (à época do Marquês de Pombal) e os liberais José de Passos Manuel e Duque de Terceira.

    No século XX foi residência da poetisa Florbela Espanca, esposa de um dos oficiais da guarnição. Recentemente, na primeira metade da década de 1990, o monumento sofreu intervenção arqueológica sob a responsabilidade do Gabinete de Arqueologia Urbana da Divisão de Museus e Patrimônio Histórico e Artístico da Câmara Municipal do Porto. Atualmente sedia o Instituto da Defesa Nacional.

    Características

    No século XVII, o projecto de Lassart, embora modificando a orgânica da estrutura, não tocava no essencial da defesa quinhentista. A antiga igreja, inserida na área militar, foi demolida, desaparecendo a parte central da fachada, sendo abertas as torres, removidas as lajes das campas no seu pavimento (reaproveitadas na alvenaria) e apeada a abóbada (a primeira em estilo renascentista do país). Agora a céu aberto, passou a servir como praça de armas, enquanto os seus anexos foram soterrados para consolidar o terrapleno do baluarte leste. Os nichos dos altares laterais foram entaipados por muros de alvenaria de pedra.

    A partir da realidade imposta pela irregularidade do terreno e pela fortificação preexistente, a planta da nova estrutura apresenta o formato de um quadrilátero retangular orgânico com três baluartes e um meio baluarte, concentrando o fogo da artilharia pelo lado de terra, dadas as dificuldades naturais de transposição da barra do rio Douro. O único baluarte de traçado regular é o que aponta para a barra; dos dois voltados para o lado de terra, o do leste, é excepcionalmente pontiagudo, terminando num esporão de grande altura, enquanto que do oeste prolonga-se por um espigão destinado a eliminar um ângulo morto, atualmente quase encoberto pelo aterro viário.

    O novo portal de acesso ao forte, em estilo neoclássico, foi construído pelo Engenheiro Reinaldo Oudinot (1796), dotado de ponte levadiça, corredor de entrada acasamatado e corpo de guarda tapando a fachada palaciana no lugar de um revelim seiscentista. Esta foi a última obra promovida, embora ainda se encontrasse incompleta em 1827.

    (Texto: Wikipedia)

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Forte de São João Baptista da Foz (pt.wikipedia)
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    Igreja de S. Pedro da Abragão – Penafiel

    Posted by mjfs em Outubro 8, 2008

    S Pedro de Abragao - Penafiel - foto Fmars

    Apesar de bastante transformada pelas obras seiscentistas e setecentistas, a igreja paroquial de Abragão é um monumento importante para a caracterização do Românico do Douro Litoral “do segundo quartel do século XIII”, e para as relações estilísticas entre as muitas construções vizinhas das bacias dos rios Sousa e Tâmega. As suas origens são, todavia, anteriores, recuando à primeira metade do século XII (1145), data em que se menciona já a igreja.

    Os elementos mais antigos que hoje se conservam são do século XIII, época em que o primitivo templo foi objecto de grandes obras. Por volta de 1200, e por patrocínio de D. Mafalda, filha de D. Sancho I, ter-se-á reformado integralmente o edifício, campanha que se prolongou até, pelo menos, os meados da centúria.

    É precisamente desse meio de século que data a capela-mor, compartimento de planta rectangular organizado em dois tramos, cuja marcação exterior é feita por contrafortes de escadaria que lembram os mais antigos utilizados em São Pedro de Rates, sintoma de um possível ressurgimento de formas originais numa altura de clara decadência do estilo românico. Executada com aparelho de grande qualidade e de gigantescas proporções, a capela é totalmente rodeada, a meia altura, por um friso de “aspecto cordiforme invertido (…) em enrolamento contínuo”, “em tudo semelhante ao de Paço de Sousa”, e é limitada superiormente por uma cachorrada de modilhões de perfil quadrangular e lisos, à excepção de um que apresenta uma muito desgastada figuração humana.

    Interiormente, os dois tramos da capela-mor são cobertos por abóbada de berço quebrado que descarrega, ao centro, sobre colunas parcialmente embebidas. O arco triunfal é já levemente apontado e a decoração concentra-se nos seus capitéis, sendo o do lado Norte composto por quatro aves afrontadas de pescoços entrelaçados, e o do lado Sul por dois bustos humanos que parecem suportar o peso da estrutura do templo, estes últimos muito próximo plasticamente a um capitel do portal Sul da igreja de Santiago de Antas, em Famalicão. Sobre o arco triunfal, abre-se uma pequena rosácea, cujo preenchimento é feito por uma gelosia pétrea em forma de estrela de cinco pontas.

    Em 1668, “por padecer ruína”, a igreja foi parcialmente reconstruída, substituindo-se a nave românica pela actual. O promotor destas obras foi o abade D. Ambrósio Vaz Goliaz, que se fez sepultar no interior da igreja, junto à fachada principal, em túmulo de granito com jacente, sobrepujado por ampla legenda epigráfica, comemorativa da reforma. O projecto seiscentista dotou o templo de uma nave relativamente ampla, com entrada lateral e capela baptismal quadrangular, ambas a Norte. Grandes janelões rectangulares, abertos nos alçados lateral e principal, iluminam o interior, onde se destacam o coro-alto, de varandim de ferro, e o púlpito, adossado à fachada lateral Sul.

    Datam do século XVIII as principais obras de talha dourada do interior, em particular o retábulo-mor, joanino, de estrutura tripartida delimitada por colunas pseudo-salomónicas. Em 1820, construiu-se a torre sineira, de secção quadrangular, que se adossa ao lado Sul da fachada principal e cujo figurino repete o modelo de torre sineira barroca.

    Passando ao lado dos grandes restauros medievalizantes dos meados do século XX, a igreja de São Pedro de Abragão conserva os principais elementos da sua história, em particular as marcas das duas épocas distintas que a compõem. No interior do Douro Litoral, e já inserida em núcleos de povoamento mais tardios, a sua capela-mor é bem um testemunho das vias estilísticas decadentes do Românico, mas também das muitas reminiscências que este estilo deixou pela arquitectura religiosa nortenha do século XIII.

    Texto: IPPAR – PAF

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    Termas de São Vicente – Pinheiro – Penafiel

    Posted by mjfs em Outubro 7, 2008

    Termas de S Vicente - 1 - www.monumentos.pt

    Localizado junto à rib.ª da Camba, este edifício termal foi construído durante a Antiguidade.

    Constituído por um único edifício, estas termas medicinais romanas apresentam duas entradas, uma das quais acede a um compartimento de planta quadrangular, através do qual se pode entrar num outro compartimento similar, sendo possível que um deles funcionasse como apodyterium, embora de ambos se acedesse ao frigidarium, localizado numa sala centralizada e situada a uma cota inferior aos restantes aposentos. Este mesmo compartimento encontra-se aberto para um outro de planta rectangular, onde se encontra uma piscina com cerca de 1 m de profundidade, circundado por um banco corrido. É defronte desta sala que se observa uma outra, de igual modo com piscina, desta feita de topo semircular, também ela rodeada de uma bancada.

    No que diz respeito aos aposentos aquecidos por hypocaustum, eles situam-se no topo sul deste complexo termal. Enquanto a sala I possuí paredes de topo semicircular e cobertura abobadada de tijolo, a sala H – o laconicum -, apresenta planta quadrangular com paredes revestidas de alveoli. Ambos os compartimentos, assentes sobre os arcos das fornalhas (onde se encontrava uma grande bacia de bronze para produção do necessário vapor), foram pavimentados com tegulae cobertas com opus signinum. Precedia estas duas salas um aposento de pequenas dimensões e de planta rectangular, que deveria funcionar como guarda-vento dos compartimentos aquecidos.

    Texto: IPPAR

    Termas de S Vicente - 2 - www.monumentos.pt

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    Igreja da Misericórdia de Penafiel

    Posted by mjfs em Outubro 6, 2008

    Misericordia de Penafiel - Foto Portuguese_eyes 1

    Com existência conhecida desde o século XVI, e sediada na capela em frente da matriz, a Misericórdia de Penafiel apenas beneficiou de igreja própria na segunda década do século XVII. A sua edificação deve-se à iniciativa do padre Amaro Moreira, cujas doações e legados pios permitiram fortalecer a Irmandade e construir uma nova igreja (no denominado rossio das Chãs), na qual foi sepultado (na capela-mor). As obras tiveram início na década de 1620, estando concluídas, muito possivelmente, em 1631, data que figura numa inscrição patente na capela-mor, que nos informa ainda da dotação de Amaro Moreira. O partido arquitectónico adoptado é, de alguma forma, ambíguo, e ainda que se possa inscrever numa linguagem maneirista, motiva análises como a seguinte: “a igreja da Misericórdia corresponde a uma tipologia de austeridade, fiel à traça sem estilo, (…) que imperou pelo país desde o início da década de 60 do séc. XVI, com a tendência gradual para o predomínio das ordens dórica e toscana. Trata-se de um edifício assumido na sua forma chã, mesclado de elementos eruditos, no qual a gramática clássica se articula segundo uma estética de liberdade”. O seu frontispício, concebido como um retábulo, inscreve-se nas denominadas fachadas-retábulos. É delimitado por pilastras, nos cunhais, que acentuam a sua verticalidade, sendo que a do lado direito separa o alçado da torre sineira, setecentista, que se eleva bem acima da linha da empena, terminando numa cúpula bolbosa, revestida por azulejos. No interior, a nave única e a capela-mor, alta e bastante profunda, são articuladas pelo arco triunfal, flanqueado por pilastras e encimado por frontão triangular. Na capela-mor, o tecto é em caixotões de cantaria, numa composição de linguagem seiscentista, tal como o arcosólio onde se inscreve o túmulo de Amaro Moreira e seus descendentes. O património integrado que hoje podemos observar neste interior é muito posterior, remontando na sua grande maioria ao final do século XVIII e inícios da centúria seguinte, e substituído os originais de época barroca. A linguagem aqui presente é já neoclássica, conhecendo-se os nomes dos entalhadores responsáveis pela execução dos retábulos.

    Recuando alguns anos, importa referir uma das obras mais significativas de que o templo foi alvo, pois denuncia não apenas a importância da actualização estética do imóvel, e a adaptação às alterações urbanísticas do espaço envolvente, mas também o respeito pelo património construído e a aposição de um elemento que, no entanto, alteraria por completo a leitura do imóvel. Com o crescimento de Penafiel, a malha urbana envolveu a igreja, reduzindo significativamente o espaço fronteiro à fachada principal. Assim, foi decidido levantar um novo frontispício, virado para a praça, e que corresponderia ao corpo da nave e capela-mor do lado da Epístola. Esta imponente fachada, que seria flanqueada por torres, foi licenciada pela Câmara em 1764, mas as obras interromperam-se em 1769 por manifesta falta de recursos e algumas irregularidades. Dez anos mais tarde os trabalhos deveriam ter sido retomados, mas uma polémica entre a Irmandade e a Câmara devido às licenças necessárias, impediu que tal acontecesse, e o caso apenas foi resolvido em 1780, pelo Desembargo do Paço, a favor da Misericórdia. Todavia, a obra nunca foi concluída, e o que hoje observamos é apenas uma parte da monumental fachada projectada. De linhas e elementos decorativos rocaille, o alçado desenvolve-se em planta contracurvada, que destacam a composição central formada pela porta, nicho e óculo, flanqueada pelos cunhais onde se abrem os nichos. Ao lado, ergue-se a capela da Senhora da Lapa, de linhas menos eruditas, e edificada em substituição da parte da fachada que ficou por levantar. Da mesma época deverá ser, ainda, a capela do Senhor dos Passos, na cabeceira da igreja.

    Texto: IPPAR – (RC)

    Misericordia de Penafiel - Foto Portuguese_eyes 2

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    Forte da Lagarteira ou Forte de Âncora – Caminha – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Outubro 4, 2008

    Forte da Lagarteira - Caminha - www.monumentos.pt

    O Forte da Lagarteira, também denominado como Forte da Âncora, localiza-se no antigo lugar da Lagarteira, actual cidade de Vila Praia de Âncora, na freguesia de Caminha, Distrito de Viana do Castelo, em Portugal.

    Sobre uma elevação rochosa na margem direita da foz do rio Âncora, em posição dominante sobre a praia, defendia aquele porto e povoação pesqueira, como integrante da linha de defesa da Praça-forte de Caminha.

    História

    Acredita-se que a ocupação da foz do rio Âncora seja anterior à época romana, mas foi neste período que adquiriu valor graças à extração de minérios na região. Segundo a tradição, a toponímia Âncora se ligaria ao episódio do afogamento, nas águas daquele rio, da rainha D. Urraca com uma âncora atada ao pescoço, como punição por adultério pelo rei D. Ramiro II.

    Embora alguns autores acreditem que a moderna fortificação do local remonte à época da guerra da Restauração da independência, entre 1640 e 1668, é mais correto atribuí-la ao reinado de D. Pedro II (1667-1705), que reforçou as defesas da fronteira do rio Minho e daquela costa ao sul da sua foz. Para este local teria sido determinada a edificação de duas estruturas marítimas: o Forte do Cão, na Guelfa, cobrindo a foz do rio, o Forte da Lagarteira, cobrindo o portinho a norte da povoação, este último tendo sido iniciado em 1690. Na mesma época e região foram erguidos ainda o Forte de Paçô, no sopé da colina de Montedor e o Forte da Areosa, próximo a Viana do Castelo.

    Em 1955 foi objecto de obras de conservação a cargo da Direcção dos Serviços de Construção e Conservação. Classificado como Forte da Lagarteira por Despacho em Maio de 1973, no início da década de 1980 sofreu obras de consolidação, beneficiação. Mais recentemente, em 1997 voltou a sofrer atenções, quando sofreu novas beneficiações e trabalhos de revisão e conservação.

    Características

    Forte marítimo de pequenas dimensões com planta poligonal estrelada, formada por quatro baluartes lateriais e bateria ressaltada pelo lado do rio. Seus muros em cantaria de pedra, apresentam guaritas facetadas nos vértices. No terrapleno erguem-se três edificações com cobertura de uma água e duas rampas de acesso ao adarve e eirado. Os quartéis, abobadados, contam com lareiras. Nas canhoneiras da bateria, podem ser observadas antigas peças de artilharia.

    (wikipedia)

    Forte da Lagarteira - Caminha - Foto Filipe Teixeira - Olhares

    OUTROS LINKS:

  • Forte da Lagarteira (IPA / DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Forte da Lagarteira (pt.wikipedia)

     

     

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    Castelo ou Paço de Curutelo – Ponte de Lima – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Outubro 3, 2008

    Castelo do Curutelo - Viana do castelo - www.monumentos.pt

    O morgado do Curutelo foi instituído por Nuno Viegas do Rego e sua mulher cerca de 1395. Segundo Figueiredo da Guerra o paço da quinta do Curutelo terá sido edificado na primeira metade do século XVI, embora obedeça a uma tipologia inspirada na casa-torre medieval.

    A planimetria do paço desenvolve-se em secção rectangular, num único piso, que integra ao centro um torreão quadrado, de cércea mais elevada. O corpo do edifício é coroado por merlões piramidais, com gárgulas dispostas a espaços regulares em todas as fachadas. Os frontispícios não possuem qualquer decoração, tendo sido abertas algumas janelas e portas, de moldura simples, dispostas irregularmente.

    Junto à cerca do solar foi edificada a capela dedicada a Santo Amaro, apresentando a mesma tipologia simples do solar. De planta rectangular, possui uma fachada simples, dividida em dois registos, com um portal rectangular de moldura simples, encimado por janela. a fachada é rematada por sineira triangular. No interior, de nave única, possui coro alto e retábulo de talha dourada.

    À semelhança de muitos paços solarengos edificados no Alto Minho no início do século XVI, o Paço do Curutelo conjuga a simetria e regularidade da arquitectura civil renascentista com a torre de menagem medieval, que na época não possuía já um papel defensivo, mas que simbolizava nobreza e poder dos proprietários.

    Texto: Catarina Oliveira/IPPAR

     

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Castelo de Curotelo (pt.wikipedia)
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    Castelo de Vinhais – Bragança

    Posted by mjfs em Setembro 29, 2008

    Castelo de Vinhais - www.monumentos.pt - 1 

     

    O castelo de Vinhais é o produto das tentativas de centralização do território transmontano em “vilas novas”, directamente sob controlo do rei e mais aptas a desempenhar as funções de atracção e de organização dos homens. A primeira tentativa para constituir esse pólo urbano aconteceu no reinado de D. Sancho II, mas só no de D. Afonso III (já depois de uma primeira tentativa deste monarca em 1253, ano em que passou carta de foral à localidade) se constituiu a vila, “num cabeço fronteiro a Crespos”, onde existia um primitivo núcleo de povoamento centralizado em torno da igreja de São Facundo.

    De instituição portanto tardia, a própria construção da vila (com seu castelo e igreja matriz) terá sido bastante demorada, não se referindo o seu templo paroquial no Catálogo de 1320-21. Rita Costa Gomes admite que as muralhas se terão concluído ainda no século XIII e que, na centúria seguinte, foram objecto de uma reforma. Não estamos em condições de confirmar esta hipótese mas, a ser assim, poderemos equacionar que o núcleo instituído por D. Afonso III denotaria muitas insuficiências, a ponto de, no tempo de seu sucessor, se terem logo efectuado melhoramentos significativos.

    Em qualquer dos casos, parece certo que, no reinado de D. Dinis, o sistema militar de Vinhais estava em laboração, datando dessa época uma cerca com cinco ou seis torres, cuja porta principal era flanqueada por duas delas, numa composição harmónica e simétrica característica da arquitectura das vilas urbanas do tempo de D. Dinis. Por não dispor de alcáçova, a torre de menagem estava integrada na cerca, de acordo com a tipologia dos castelos góticos. A própria planta do conjunto, definindo uma área muralhada de perfil oval, ainda que ligeiramente irregular, é uma prova do tempo claramente gótico da construção.

    O castelo de Vinhais desempenhou importante papel no século XIV, na conturbada conjuntura do reinado de D. Fernando e da revolução que se lhe seguiu. Entre 1369 e 1371 foi ocupado por tropas castelhanas e, escassos doze anos depois, o seu alcaide tomou o partido espanhol. O estatuto periférico da fortaleza, reforçado pela extrema proximidade do reino de Castela, com o qual dispunha de fáceis vias de acesso, terá acentuado a maior ligação dos senhores do castelo aos invasores, facto que se voltou a repetir em 1397, quando o alcaide João Afonso Pimentel se revoltou contra D. João I e abraçou a causa castelhana, só voltando à posse nacional em 1403.

    No caminho para o final da Idade Média, o castelo foi objecto de várias reformas, havendo a notícia de trabalhos realizados no reinado de D. Afonso V, altura em que o comando da fortaleza estava estabilizado na linhagem dos condes de Atouguia. Da viragem para o século XVI é a mais antiga representação do conjunto, da autoria de Duarte d’Armas, escudeiro do rei D. Manuel. Tão importante quanto este desenho são as informações aí constantes, em particular as que se referem ao mau estado da fortaleza: a face interna da torre de menagem, voltada para a vila, estava já destruída e duas das restantes torres mostravam desgaste das fundações.

    Ao longo da época moderna, e apesar de se terem edificado uma barbacã e vários torreões complementares (estes últimos datados do século XVI), a destruição do sistema defensivo foi uma evidência, em benfício do avanço de construções privadas, que rapidamente se adossaram aos velhos muros. Em 1527 já se diz que as muralhas estavam parcialmente derrubadas e, nos dois séculos seguintes, existiram algumas tentativas para reverter esta situação, todavia sem sucesso.

    Nos inícios da década de 60 do século XX, a autarquia tentou destruir o que restava da fortaleza, mas contou com a resistência da população. A partir desse ano, deram-se obras de restauro, a cargo da DGEMN, que pretenderam consolidar o que ainda restava: as três portas, duas das torres remanescentes e alguns panos de muralha, reconstruídos parcialmente.

    Texto: IPPAR – PAF

     

    Castelo de Vinhais - www.monumentos.pt - 2

    Castelo de Vinhais - www.monumentos.pt - 3

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  • Castelo de Vinhais (Pesquisa de Património / IPPAR)
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    Forte de São Francisco Xavier do Queijo – Foz do Douro – Porto

    Posted by mjfs em Agosto 17, 2008

    Castelo do Queijo - Porto - Foto Mafalda Trinca - 2006 - IPPAR

    O Forte de São Francisco Xavier foi erigido junto à rochosa foz do rio Douro, sobre o penedo do Queijo, cuja toponímia acabaria por dar origem ao nome pelo qual a fortaleza é habitualmente conhecida, Castelo do Queijo.

    Integrada no plano de defesa da costa marítima portuguesa, levado a cabo no período pós-Restauração, a construção da fortaleza foi inicialmente delineada em 1561 pelo engenheiro francês Lassart, responsável por “inspeccionar as fortificações existentes e projectar as que fossem necessárias” na zona norte do país. No entanto, “o escasso interesse estratégico” da zona do Queijo fez com que a edificação fosse adiada, iniciando-se somente cerca de 1661, segundo plano do engenheiro Miguel de L’École.

    De planta trapezoidal “baseada num triângulo equilátero cujo vértice aponta ao mar”, o forte possui panos muralhados rodeados por fosso, com canhoeiras e guaritas rematadas por cúpulas. O grande portal de acesso ao interior, com ponte, é encimado pelo escudo real, permitindo o acesso ao átrio da praça, onde se edificou a Casa do Governador e espaços de aquartelamento de um piso. Uma rampa, colocada numa das extremidades da praça, dá acesso à bateria.

    A obra, dirigida pelo capitão Carvalhais Negreiros, foi edificada a expensas da edilidade local, que ficou também responsável pela sua manutenção futura, o que em muito desagradou aos vereadores da cidade do Porto. Estes acabariam por pedir ao rei D. João V, em 1717, que desactivasse as funções defensivas da fortaleza e extinguisse a sua companhia, por considerarem que o Castelo do Queijo era “inútil e supérfluo, que nenhuma utilidade é a dele, pois aquela costa por si se defende” (www.jf-nevogilde.pt). No entanto, e apesar dos argumentos apresentados, o monarca manteve a praça activa.

    No início do século XIX, a estrutura da fortaleza era considerada obsoleta, não tendo tido qualquer papel de relevância na defesa da cidade durante as Invasões Francesas. Porém, durante o cerco do Porto, entre 1828 e 1834, as tropas miguelistas ocuparam o Castelo do Queijo, num período conturbado que em muito contribuiu para a destruição de parte da estrutura. Depois da derrota absolutista, o forte ficou votado ao abandono, chegando a ser saqueado pela população.

    O Castelo do Queijo passou por diversas tutelas ao longo dos séculos XIX e XX, até que em 1978 foi entregue à Associação de Comandos. Com a estrutura primitiva restaurada, o Forte de São Francisco Xavier serve actualmente como espaço cultural e museológico, albergando um museu histórico-militar.

    Texto: Catarina Oliveira – IPPAR

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Junta de Freguesia de Nevogilde
  • Castelo do Queijo – (pt.wikipédia)
  • Castelo do Queijo – (fotos – wikimedia)
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    Forte de Leça da Palmeira – Matosinhos

    Posted by mjfs em Agosto 14, 2008

    Forte Leça da Palmeira - Matosinhos - Foto manuel sousa

    O Forte de Nossa Senhora das Neves, também denominado como Forte de Leça da Palmeira ou Castelo de Matosinhos, localiza-se na povoação e Freguesia de Leça da Palmeira, Concelho de Matosinhos, Distrito do Porto, em Portugal.

     

    Este forte de tipo abaluartado com planta em estrela de quatro pontas, protegidas por cortinas inclinadas e guaritas salientes, começou a ser construído em 1638. Considerando a sua grande importância estratégica para a defesa da barra, os oficiais da Câmara do Porto, em 1642, pediram ao Rei que se terminassem as obras com a maior brevidade. Segundo um documento lavrado por um tabelião do Porto, em 1655 ainda as obras não tinham concluído. O motivo principal para a exigência da edificação, posterior à Restauração, foi o receio não só do ataque dos castelhanos mas também das fragatas dos turcos.

    Durante a Guerra Civil, em 1832, o forte foi objecto de algumas benfeitorias, nomeadamente nos armazéns, ponte levadiça, escada do fosso e parapeitos, mantendo, ainda, algumas canhoneiras ao nível da magistral. Já no século XX, o edifício foi entregue à Capitania do Porto de Leixões que ali instalou os seus serviços, albergando no seu interior algumas construções incaracterísticas que servem de alojamento ao pessoal.

    Texto: IPPAR – A.A.M.

    colagem

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Forte de Leça da Palmeira (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Forte de Leça da Palmeira (pt.wikipedia)
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