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Moinhos de vento na Quinta dos Cinco Ventos – Cascais

Posted by mjfs em Dezembro 14, 2007

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A antiquíssima povoação de Alcabideche terá sido fundada durante o domínio islâmico, que deixou marca evidente na toponímia local. Desde então, e até às décadas de 60-70 do século XX, a paisagem esteve marcada por grande quantidade de moinhos de vento, quase todos destruídos nos anos seguintes. Os dois moinhos da Quinta dos Cinco Ventos são o último testemunho da importância económica da moagem em Alcabideche, e verdadeiros ex-libris da freguesia. Levantam-se a cerca de 90 m entre si, no cimo de uma pequena colina enquadrada pela Serra de Sintra, e na vizinhança de um nó rodoviário do IC 16.

Os moinhos, datáveis do século XI, possuem torre de planta circular, em alvenaria de pedra e argamassa. O exemplar que se presume mais antigo, a Nascente do conjunto, é constituído por piso térreo e um andar de sobrado, e foi restaurado em 1997, por iniciativa da Junta de Freguesia. No piso inferior existem apenas alguns armários, em vãos escavados nas grossas paredes de 1,30 m de espessura, tendo desaparecido todos os componentes do mecanismo de moagem. No piso superior, acessível por uma escada de pedra em caracol, resta o mastro do velame, de madeira, e os elementos adjacentes. A cobertura, ou capelo, é formada por uma estrutura cónica em madeira, assente num aro, e forrada no exterior por folha de zinco. O mastro, de secção oitavada a partir da abertura, conserva as oito varas de suporte do velame, que não existe actualmente. Nada resta igualmente do mecanismo de moagem propriamente dito, nem sequer as mós.

O segundo moinho não foi sujeito a qualquer restauro, encontrando-se nitidamente degradado. É muito idêntico ao anterior, mas estrutura-se em três pisos, sendo os dois superiores de sobrado, quase totalmente destruídos. Em cada andar existem duas mós, as do piso intermédio destinadas à moagem de cevada e centeio, e as do terceiro piso, de grão mais fino, destinadas apenas ao trigo. Esta diferenciação, possível pelo acrescento tardio do piso superior, ocorreu entre os séculos XVIII e XIX. Sob o capelo conserva-se ainda o mastro, bem como alguns elementos do mecanismo e do travamento.

A alguma distância do conjunto dos moinhos levanta-se um singelo monumento ao poeta árabe do século XI Abu Zayd ‘ Abd ar-Rahmãn ibn Muqana, natural de Alcabideche, então Al-Qabdaq. Pertencem a Ibn Muqana as primeiras referências conhecidas aos moinhos de vento na região, se não mesmo em toda a Península Ibérica, na forma de poemas, dos quais um significativo trecho se encontra reproduzido na lápide comemorativa. As obras do nó rodoviário de Alcabideche, para além de quebrarem a ligação entre as moendas e desvirtuarem o seu enquadramento, vieram afectar em muito a legibilidade do conjunto formado por estas e pela lápide, cujo principal valor patrimonial residia na relação com os moinhos a que os versos aludem.

(Fonte: IPPAR)

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