Forte ou Castelo de Santiago da Barra – Viana do Castelo
Posted by mjfs em Novembro 1, 2008
Viana da Foz do Lima era em meados do século XV um dos grandes portos marítimos portugueses, mantendo contactos comerciais com Galiza, Flandres e França. Quando ao longo de toda a centúria de Quinhentos a vila conheceu um período de crescimento económico, aumentando a sua população e alargando o perímetro urbano, a capacidade defensiva das muralhas medievais tornou-se insuficiente, sobretudo no que respeitava à barra do rio Lima. Assim, D. Manuel mandou construir, cerca de 1502, uma pequena fortaleza abaluartada no campo de Santa Catarina, situado no extremo oeste da vila, que passaria a ser designada como Torre da Roqueta. Esta fortaleza levanta inúmeras questões quanto à sua construção, uma vez que a Roqueta terá possuído um baluarte prolongado para o rio, destruída em campanhas de obras posteriores. Desta forma, a torre teria a mesma tipologia da fortaleza construída em Belém por ordem de D. Manuel, e ao confirmar-se a construção da Roqueta vianense antes de 1515, este exemplar reveste-se da maior importância na história da arquitectura militar portuguesa, uma vez que terá sido um protótipo para a edificação da torre lisboeta.
Em 1568, já depois de D. Sebastião ter outorgado a Viana o título de notável, a Câmara de Viana decidiu construir na entrada marítima da vila um forte que proporcionasse uma melhor defesa da barra do Lima. Entre 1568 e 1572 é construído junto à Torre da Roqueta um pequeno forte de planta rectangular que aproveitava a fortaleza manuelina como cunhal sudoeste da sua muralha. Durante o reinado de Filipe I o forte de Viana foi completamente remodelado e ampliado; em 1589, por ordem do monarca, iniciaram-se as obras de construção da fortaleza de Santiago, segundo renovadas técnicas de arquitectura militar, prolongando-se a sua construção até 1596. O forte voltaria a receber obras de remodelação entre 1652 e 1654, a mando de D. Diogo de Lima, governador de armas de Entre Douro e Minho, e em 1700 foi cavado um fosso à volta dos panos da muralha virados a terra. Actualmente o Forte de Santiago da Barra é sede da Região de Turismo do Alto Minho.
Traçado por Filippo Terzi, o Forte de Santiago é uma edificação de planta poligonal constituída por muralhas de perfil trapezoidal, reforçadas por baluartes triangulares nos vértices voltados a terra, havendo com guaritas de planta circular nos cunhais. A entrada na fortaleza é feita por ponte larga sobre o fosso que a circunda, conduzindo a um portal de arco de volta perfeita ladeado por pilastras, encimado pelo brasão de D. João de Sousa, governador do forte em 1700, e rematado na cornija pelo escudo de Portugal. No interior do forte, ao qual se tem acesso por um corredor abobadado, pode ver-se ao fundo o edifício principal, de planta rectangular de três registos com alçado ritmado por três portais, sendo o principal enquadrado por arco de volta perfeita rematado com cartela e ladeado por colunas encimadas por balaústres em meio relevo, rematado pelo escudo real. Os portais laterais são de moldura em arco de volta perfeita sem decoração. Ao longo de toda a fachada foram abertas janelas em ambos os registos. O edifício possui ainda janelas de mansarda. A norte situa-se a Capela da Santiago, de planta longitudinal, com capela-mor rectangular e frontispício terminado em empena, com sineira à direita. Fronteiro a esta situa-se o paiol, edifício de planta quadrangular de um registo, com portal de volta perfeita encimado pelo escudo de Portugal e rematado em empena triangular. Integrada na zona sudoeste da fortaleza, situada num terraço que se forma no segundo registo, ergue-se a Torre da Roqueta, com entrada pelo adarve, através de rampa. Flanqueada exteriormente com quatro pequenas torres e rodeada por um pequeno fosso, a Roqueta possui corpo rectangular com dois registos, um terraço com adarves e as armas do rei D. Manuel esculpidas na fachada.
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