ÍCONES DE PORTUGAL

Património de Portugal

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Castelo de Lindoso – Ponte da Barca – Viana do Castelo

Posted by mjfs em Julho 27, 2008

Castelo de Lindoso - Foto PatriciaR-Flickr - 1

O Castelo de Lindoso é um dos mais importantes monumentos militares portugueses, pela sua localização estratégica (tutelar sobre o curso do rio Lima junto à fronteira com Espanha, numa linha interior entre as serras da Peneda e do Gerês), mas também pelas novidades técnicas e estilísticas que a sua construção introduziu no panorama da arquitectura militar portuguesa medieval.

Apesar de ainda se discutir as suas origens, não restam grandes dúvidas de que a fortaleza medieval que se conservou até aos nossos dias é obra do reinado de D. Afonso III, uma vez que ela não aparece referida nas Inquirições de 1220 e, pelo contrário, é nomeada nas de 1258. Paralelamente, a sua porta principal, de arco quebrado e virada à vila, ostenta a eixo o escudo do monarca, elemento propagandístico por excelência, mas também indicador claro do patrocínio e do marco histórico que a gerou.

Como fundação nova de um rei que pretendia afirmar-se (o primeiro a ocupar o trono português não por via filial directa) e que havia sido largamente influenciado por realidades políticas estrangeiras, Lindoso é um caso de excepção, uma vez que aqui se iniciaram algumas das mais importantes experiências de técnica e de arquitectura militares, que tanto marcaram as décadas seguintes. Ele encontra-se ainda muito ligado à tradição românica, nomeadamente por não contemplar torres a flanquear os panos de muralha – algo que poderá ter resultado de uma opção deliberada pela rapidez construtiva e pela economia de meios . Mas integra já alguns elementos nitidamente góticos, como o adossamento da torre de menagem a um dos panos (neste caso o do lado oposto à porta principal) e a defesa dos muros por meio de matacães sobre consolas bem salientes, localizados preferentemente nas esquinas.

O traçado das muralhas revela um perímetro relativamente pequeno e regular, contrariando alguma da tendência natural das fortificações românicas para se adaptarem às curvas de nível. As esquinas são propositadamente arredondadas, para evitar os ângulos “mortos” e permitir uma total visibilidade das zonas circundantes. A torre de menagem, por seu turno, é ainda rudimentar, de apenas dois pisos e de secção quadrangular bastante ampla, resultando num aspecto algo atarracado, mas contendo acesso superior directamente para o adarve, à maneira gótica. Estas características fazem dela uma obra de transição, mais facilmente integrável no ciclo construtivo do reinado de D. Afonso III, que no de seu sucessor, D. Dinis, como alguns autores pretenderam ver. No século XVII, na mesma altura em que Portugal lutava pela restauração da sua independência, esta secção interior do Alto Minho foi particularmente importante nas incursões de um e de outro lado da fronteira, e o castelo foi dotado de um sistema militar mais complexo. As obras estariam concluídas por volta de 1666 (data inscrita no lintel de uma das portas), escassos três anos depois de ter sido conquistado por tropas espanholas e, de novo, reconquistado pelos portugueses. É de crer, no entanto, que esta empreitada se tenha arrastado por mais algumas décadas, pois data de 1720 a conclusão do principal revelim, aquele que protegia a entrada principal. O novo complexo defensivo actualizou a fortaleza, rodeando-a de uma estrutura em estrela, com altos taludes e fossos, e acesso por porta levadiça encimada por matacães.

Como monumento emblemático da história nacional, o castelo não escapou à vaga restauradora estado-novista. O grosso dos trabalhos decorreu na década de 40 do século XX, mas prolongou-se pelos anos seguintes, deles se salientando a reconstrução de panos de muralha e de ameias e a demolição de algumas estruturas no pátio, conservando-se, ainda, a cisterna e parte das dependências do governador e outras de apoio. Nos últimos anos, foi arqueologicamente explorado, num amplo projecto de estudo da região.

Texto: IPPAR – PAF

 

Castelo de Lindoso - Foto PatriciaR-Flickr - 2

 

OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Lindoso (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Aldeias de Portugal
  • Castelo de Lindoso (pt.wikipedia)
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    Forte de São João Baptista ou Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção – Vila do Conde – Porto

    Posted by mjfs em Julho 18, 2008

    Forte Nossa Senhora da Assunção - Rio Ave - Porto - Foto  www.monumentos.pt

     

    Desde a Idade Média que a protecção da foz do rio Ave preocupava os governantes de Vila do Conde. Em meados do século XIII a povoação detinha alguma importância como porto de pesca e estaleiro naval, pelo que a defesa da barra do rio face aos ataques de pirataria era fundamental. Foi então edificada uma torre junto à Ermida de Nossa Senhora da Guia, na foz do rio, por ordem do infante Afonso Sanches, filho de D. Dinis.

    Embora este fortim se tenha mantido activo até ao século XIX, a sua eficácia na defesa do rio foi-se tornando insuficiente, e por este motivo D. Duarte, 5.º duque de Guimarães e senhor de Vila do Conde, mandou edificar nos finais do século XVI uma fortaleza no mesmo local, cuja traça é atribuída ao engenheiro Filippo Terzi.

    A estrutura do forte insere-se na tipologia utilizada na arquitectura militar da época. De planta poligonal, a fortaleza possui cinco baluartes, para os quais teria sido projectado um igual número de guaritas; destas apenas foram edificadas três. Sobre a porta de armas, com moldura em arco de volta perfeita, foi colocado o escudo de armas de Portugal. No interior da praça de armas subsistem ainda as casamatas, diferenciando-se as divisões da casa do governador, a cozinha, o paiol, os restos de uma capela.

    As obras de edificação da fortaleza iriam arrastar-se pelo século XVII. D. Teodósio, 7.º duque de Bragança, retomou a construção do forte, designando como responsável pela mesma o engenheiro António de Vila-Lobos. No entanto as obras só seriam concluídas em 1642, quando D. João IV ordenou a conclusão da muralha leste e o reforço da guarnição, face às necessidades de defesa das Guerras de Restauração.

    Depois de 1834 o Forte de São João Baptista deixou de ter guarnição, sendo a partir de então utilizado para o registo de entrada e saída de embarcações da barra do Ave. Quase votado ao abandono no século XX, foi recuperado na década de 90 através do aproveitamento do espaço para a edificação de uma unidade hoteleira.

    Texto: IPPAR – C.O.

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • Forte de São João Baptista (pt.wikipedia)

     

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    Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição – Póvoa do Varzim – Porto

    Posted by mjfs em Julho 17, 2008

    Fortaleza Nossa Senhora da Conceicao - Povoa do Varzim - Foto www.monumentos.pt

    A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição foi edificada no começo do século XVIII, entre 1701 e 1740, coincidindo com o reinado de D. Pedro II e D. João V. Situada frente ao porto, na Avenida dos Banhos, foi utilizada para a defesa dos ataques piratas tão frequentes em aqueles tempos. É um edifício de traçado pentagonal em que se destacam suas muralhas e seus quatro baluartes. Seu portal está coroado pelo escudo real e por seu campanário. Possui nas suas instalações uma capela com a imagem da Nossa Senhora da Conceição do século XVIII, situada na tribuna, e um retábulo barroco com quatro colunas. Actualmente é a sede do quartel da Brigada Fiscal da G.N.R. Classificada como Imóvel de Interesse Público.

     

    LINKS:

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    Castelo de Aguiar de Sousa (Restos da Torre) – Paredes – Porto

    Posted by mjfs em Julho 15, 2008

    Torre do Castelo Aguiar de Sousa - Restos - Foto www.monumentos.pt

    Cronologia

    Séc. 10 – Provável construção do Castelo; 995 – Foi tomado por Almançor; 1220 – Nas inquirições, esta zona é dominada pelos Sousas, e é designada pelo Termo de Ferreira e Termo de Aguiar, sendo o centro administrativo no Castelo de Aguiar de Sousa; 1258 – É criado o Julgado de Aguiar de Sousa; 1411- Foral de D. João I; 1513, 25 Novembro – D. Manuel II atribui o Foral a “Aguyar de Soussa”; 1758 – Aguiar de Sousa pertencia à Comarca de Penafiel; 1837 – Aguiar de Sousa é extinto como concelho e é integrado em Paredes; 1999 – a proprietária era a viúva do Sr. Amável Costa.

     

    Enquadramento

    Rural, isolado, implanta-se no cimo de uma elevação de forma cónica, entre dois altos eucaliptos, junto a uma espécie de ravina rochosa. O acesso à torre dificultado pela quantidade de vegetação, vai-se constituindo num percurso elicoidal até uma plataforma. Aí são visíveis alguns muros de aparelho regular de alvenaria de xisto , constituindo-se na zona mais elevada numa espécie de muralha com degraus integrados. No cimo dos muros da base da torre disfruta-se do vale do Rio Sousa e das serras envolventes.

    Descrição

    Vestígios de torre de planta quadrangular, descentrada relativamente aos restos de um contorno de muralha de forma ovalóide. Uma das faces da torre apresenta uma interrupção , possível lugar de porta, com uma pequena escada de um único lanço. A marcar as ombreiras duas pedras paralelepipédicas apoiam nos muros. Em cada uma das faces da torre e ao mesmo nível dois orifícios.

     

    (Nota: No âmbito da implementação do circuito turístico-cultural denominado de “Rota do Românico do Vale do Sousa” (RRVS), que prevê várias intervenções de conservação, restauro e valorização nalguns monumentos integrantes decorreu, recentemente, a assinatura do auto de consignação da obra da Torre do Castelo de Aguiar de Sousa.)

     

    (Fonte: monumentos.pt)

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    Coruto de Castelo de Penalva – Penalva do Castelo – Viseu

    Posted by mjfs em Julho 14, 2008

    Coruto do Castelo - Castelo de Penalva - www.monumentos.pt

    Cronologia

    Idade do Bronze Final – primeira ocupação do local, de que sobrevive vário espólio; séc. 01 / 04 – possível romanização do local; séc. 10 / 11 – provável construção do castelo no local; 1058 – foi conquistado por Fernando I, o Magno; 1758, 24 Maio – nas Memórias Paroquiais, o abade informa que do castelo só existiam as ruínas e os alicerces abertos na rocha viva, e que se encontrou, no local, uma epígrafe romana *1; 1874 – Pinho Leal refere o castelo como antiquíssimo, mas praticamente sem vestígios.

    Tipologia

    Arquitectura militar, medieval. Castelo roqueiro, que aproveita as condições naturais de defesa, complementada com troços de muralhas, dando origem a uma área de fortificação reduzida.

    Características Particulares

    Sítio onde se implementou um antigo castelo, aproveitando as condições naturais de defesa, reforçadas nos pontos mais frágeis com muralhas de que são testemunhos indirectos os rebaixamentos feitos nos afloramentos para suporte de blocos, de pequenas dimensões e não afeiçoados. A configuração do local é em forma de bossas de camelo, com uma ligeira depressão entre as duas pequenas elevações.

    Descrição

    Construído sobre a rocha, apresenta restos de muralhas a N.., construída com silhares pequenos e mal afeiçoados. Os afloramentos rochosos apresentam sulcos onde assentavam as muralhas e pequenas plataformas, formando degraus que talvez pertençam ao antigo adarve.

     

    Observações: *1 – lápide com paradeiro desconhecido, que apresentava a seguinte inscrição D. M. S. / PROCILI/AII LIBIIRT/AII RVFI / AN. L. ET / …M… PRÓ/CILIAII. PA / … (Consagrado aos deuses Manes. Procilia, liberta de Rufo, de 50 anos, e … Procilia …).

    Fonte: www.monumentos.pt

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    Torres de São Paulo e da Cadeia – Ponte de Lima – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Julho 12, 2008

    Torres de Ponte de Lima - Foto Paulo Almeida Fernandes - 2006 - IPPAR - 1

    Vila mais antiga de Portugal (estatuto orgulhosamente reclamado pelos limianos em referência ao foral de D. Teresa, datado de 1125), e capital do Alto Minho até ao século XV, Ponte de Lima só foi dotada de um sistema defensivo em época muito tardia. Com efeito, é do século XIV que datam os dados seguros acerca da edificação da cerca, resumindo-se as hipóteses de ter existido uma muralha anterior a uma mera sugestão de trabalho, que continuamente esbarra com a inexistência de indicadores arqueológicos e documentais.

    O caminho para a Baixa Idade Média foi marcado, no nosso país, por uma progressiva afirmação dos núcleos urbanos e proto-urbanos, que foram funcionando, cada vez mais, como pólos aglutinadores do espaço e dos homens. Neste sentido, a intensificação das trocas comerciais e a maior mobilidade humana, determinou a progressiva aplicação de taxas aduaneiras e de impostos sobre os bens e o trânsito. Em meados do século XIV, quando se iniciaram as obras da cerca de Ponte de Lima, esta era já uma realidade em todo o reino e numerosas eram as vilas e cidades que se amuralhavam, não só tendo em vista as vantagens militares daí resultantes, mas, também, as vantagens económicas.

    Até há pouco tempo, discutia-se, ainda, qual o momento específico em que os trabalhos de construção da muralha haviam arrancado e qual a marcha da empreitada. O estudo que Mário Barroca dedicou a uma inscrição do reinado de D. Pedro, que comemora precisamente o início das obras, não deixa margem para dúvidas. Esta inscrição (colocada originalmente na Torre Velha) já havia sido lida por vários autores, mas a maioria incorrera em erros de precisão cronológica. Por ela, sabemos que a 8 de Março de 1359 iniciaram-se as tarefas de britar pedra para o muro e que este começou a ser levantado a 3 ou 6 de Julho desse ano. Onze anos decorreram até que o sistema estivesse completo, pois a 19 de Maio de 1370, num documento de D. Fernando, já não se referem quaisquer obras.

    A cerca construída nesse tempo pode considerar-se relativamente grande, desenvolvendo-se ao longo de mais de um quilómetro de extensão. Nove torres protegiam um perímetro ovalóide irregular, que incluía a ponte gótica (presumivelmente construída uns anos antes), onde se implantavam duas torres (ambas nas extremidades da estrutura: a Torre Velha, do lado Norte, e a da Ponte, ligada ao sistema defensivo da vila).

    No século XV, edificou-se uma décima torre – a do Castelo -, assim denominada por se situar junto à cidadela, estrutura tutelar da vila, localizada na vertente Sul do complexo militar, mas da qual, infelizmente, nada chegou até hoje. Ainda da centúria de Quatrocentos datava o paço, construído por D. Leonel de Lima a partir de 1469 e na sequência da instituição da Arcaidaria-Mor de Ponte de Lima por D. Afonso V, estrutura tripartida com corpo central de duplo piso ladeado por duas torres e de que resta, somente, uma parcela muito adulterada da fachada principal.

    No reinado de D. Manuel, para além do ameamento da ponte, edificou-se a Torre da Cadeia (principal elemento do complexo defensivo da vila que ainda resta). A ela associou-se a Porta Nova, facto que gerou uma alteração urbanística da localidade, criando uma nova centralidade ribeirinha no local da antiga judiaria.

    Nos séculos seguintes, foram muitos os momentos de destruição da cerca. Em 1787, a Câmara “autorizou a demolição de parte da muralha medieval” para aplicar a pedra a edificações públicas e privadas. Menos de um século depois, em 1857, demolia-se a última torre, datando, dessa altura, a única fotografia da torre velha. Restou a da Cadeia, que desempenhou esta função quase até aos nossos dias e que se instituiu como uma marca cenográfica da vila, e a de São Paulo, que defendia inicialmente a Rua do Postigo.

    Texto: IPPAR – PAF

     

    Torres de Ponte de Lima - Foto Paulo Almeida Fernandes - 2006 - IPPAR - 2

     

    Torres de Ponte de Lima - Foto Paulo Almeida Fernandes - 2006 - IPPAR - 3

    Outros Links:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Torres de São Paulo e da Cadeia e o pequeno pano de muralha existente entre elas (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Muralhas de Ponte de Lima
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    Torre de Grade ou Torre de Faro – Arcos de Valdevez – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Julho 9, 2008

    Torre de Grade - Arcos Valdevez - www.monumentos.pt - 2

     

    A Torre da Grade é uma das muitas casas-torres que pontuaram a paisagem do Entre-Douro-e-Minho nos finais da Idade Média. Na actualidade, e apesar das múltiplas transformações ocorridas, a sua silhueta modesta recorda ainda esse passado medieval, ao mesmo tempo que comprova o estatuto relativamente secundário da propriedade ao longo da história.

    As suas origens recuam ao século XV, mais precisamente à altura em que Álvaro Pires de Grade (marido de D. Branca Lopes Pacheco, pertencente a uma das mais importantes famílias portuguesas da segunda metade do século XIV) mandou construir a torre senhorial para sua residência. Dessa altura, conserva-se ainda parte da estrutura acastelada, tipicamente baixo-medieval.

    È uma torre quadrangular, implantada isoladamente no alto de uma colina dominante, e compõe-se de três pisos, cujos vãos e organização interior foram grandemente adulterados pelas obras modernas. A coroá-la, a todo o redor do edifício, subsiste uma composição de ameias chanfradas, harmonicamente dispostas, que reforçam o carácter militarizado que a construção fundacional pretendeu evidenciar.

    A lista de proprietários da quinta é extensa, tendo passado para a posse dos morgados da Andorinha nos finais do século XVII, altura em que era detida por Francisco Pereira de Castro. Deverá datar dessa época, ou das décadas seguintes, a profunda remodelação do espaço residencial. Não só se patrocinaram reformas na velha estrutura medieval, como se optou por construir um segundo corpo, adossado ao primeiro. Este, é de planta rectangular de dois pisos e recorreu a um aparelho “anárquico”, alternando os grandes silhares com abundante pedra miúda consolidada com argamassa. Edificação modesta e de fracos recursos económicos, o espaço divide-se em dois andares claramente diferenciados em termos funcionais: o piso térreo foi destinado a serviços de apoio, enquanto que o andar nobre impõe uma certa simetria ao alçado, com porta central (de arco recto e com acesso através de uma escadaria axial, com patim protegido por corrimão de ferro) ladeado por janela rectangular de guilhotina, faltando a do lado oposto.

    Terá sido no mesmo momento em que se edificou este segundo corpo que se realizaram algumas alterações na torre. A porta principal, rasgada ao nível do segundo piso, é de arco recto e é encimada por brasão rectangular com as armas do proprietário. Sobrepõe-se-lhe uma janela de guilhotina semelhante à do corpo moderno, tipologia de vão que se repete noutras fachadas da torre. A face do último piso, voltada ao corpo residencial, possui uma janela de guilhotina ligeiramente desviada do eixo, que rompe com a simetria da fachada principal da torre.

    Na posse de privados desde a sua construção, a Torre da Grade permanece como uma referência baixo-medieval na paisagem, evocadora da organização senhorial do espaço e das múltiplas alterações que se sucederam nos edifícios residenciais da nossa nobreza fundiária.

    Texto: IPPAR – PAF

    Torre de Grade - Arcos Valdevez - www.monumentos.pt - 1

    LINKS:

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    Castelo de Chaves, Forte de São Neutel e de São Francisco – Madalena – Chaves – Vila Real

    Posted by mjfs em Julho 8, 2008

    Castelo de Chaves - www.monumentos.pt - 1

    CASTELO

    Chaves entrou na órbita cristã medieval em finais do século IX, altura em que um enigmático Conde Odoário, ao serviço dos reis asturianos, presuriou a antiga Acquae Flaviae. Esta é uma das escassas referências alti-medievais para o actual território de Trás-os-Montes, depreendendo-se, ainda assim, que a integração da região nos domínios da coroa asturiano-leonesa foi uma preocupação dos monarcas.
    Desconhece-se a configuração desse primeiro recinto, mas é de supor que se tratasse de uma estrutura pouco mais que rudimentar, possivelmente uma simples torre quadrangular de escassa altura. Certo é que, nos séculos seguintes, o castelo desempenhou um papel importante na organização e na defesa do reino de Portugal. Em 1093, a vila é incluída no dote de casamento de D. Teresa com o conde D. Henrique. Não consta, todavia, que se tivessem realizado grandes obras durante o século XII, o que pode motivar uma interpretação distinta da importância da localidade nesses primeiros tempos da nossa monarquia, que terá privilegiado a concentração da defesa desta secção em castelos que não Chaves, como o de Montalegre.
    O que resta da fortificação medieval foi edificado no período gótico, possivelmente no século XIII. D. Afonso III passou foral à povoação em 1258 e é a este monarca que se atribui o projecto defensivo baixo-medieval. A colocação da torre de menagem junto a um troço da muralha é um forte indicador nesse sentido, conhecendo-se a preferência românica por isolar esta estrutura no centro de um pátio interior e não defendendo activamente os muros. A amplitude do projecto terá determinado algum arrastamento das obras, que continuaram pelo reinado de D. Dinis.
    A segunda grande fase de obras do recinto ocorreu já em plena época moderna. No Portugal em guerra com Castela devido à proclamação da independência nacional, Chaves transformou-se na principal praça forte transmontana, recebendo, por isso, um forte reforço da sua estrutura militar. Entre 1658 e 1662 reconstruíram-se as muralhas e deu-se forma ao Revelim da Madalena e ao Forte de São Francisco, dispositivos ligados ao velho castelo medieval e complementados por trincheiras. Nos anos seguintes, e até 1668, o sistema foi reforçado com a construção do Forte de São Neutel.
    Perdida a sua importância com o finalizar da guerra, o castelo entrou em decadência, recebendo um amplo processo de restauro já no século XX, a cargo da DGEMN.

    Texto: IPPAR – PAF

     

    Castelo de Chaves - www.monumentos.pt - 2

    Castelo de Chaves - www.monumentos.pt - 3

    FORTE DE SÃO NEUTEL

    O Forte de São Neutel, localiza-se na cidade de Chaves, Freguesia de Madalena, Concelho de Chaves, Distrito de Vila Real, em Portugal.

    Complementava, na colina a Norte, a defesa proporcionada pelo Castelo e pelo Forte de São Francisco à cidade de Chaves, na fronteira com a Galiza.

    História

    As suas obras foram iniciadas no contexto da Guerra da Restauração, entre 1664 e 1668, quando se procedeu à petrificação das estacas do Alto da Trindade e construção do forte, pelo Governador das Armas da Província de Trás-os-Montes, General Andrade e Sousa.

    Foi palco do combate, em 1912, entre forças civis, militares e o regime republicano.

    No século XX, em 2 de Dezembro de 1926, deliberou-se mandar ultimar as obras da nova cadeia no Forte de São Neutel, para se proceder à transferência dos presos da antiga cadeia.

    A fortificação pertencia ao Exército Português e, por essa razão, normalmente se encontrava fechada à visitação. Na década de 1980 fez-se sentir a intervenção do poder público através da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), na forma de diversas obras de beneficiação (1981, 1987). Mais recentemente, em 1994, foi construído um anfiteatro no interior do forte, pela Câmara Municipal de Chaves, onde atualmente se realizam concertos e outras atividades ao ar livre.

    Características

    O forte apresenta planta quadrangular, orgânica (adaptada ao terreno), com baluartes nos vértices, no estilo Vauban, cercado por um fosso seco e por uma segunda linha defensiva.

    O acesso ao forte é feito por uma sólida ponte de pedra, que liga a muralha exterior ao Portão de Armas.

    Os muros, de granito, apresentam de um metro a um metro e meio de espessura, com uma altura que varia de sete a dez metros.

    No interior, destaca-se a Capela de Nossa Senhora das Brotas, de construção anterior ao forte, cuja Senhora é homenageada anualmente, no Domingo da Pascoela, com uma procissão e festa. Tem um altar único com a imagem de São Neutel, encontrando-se a da Senhora das Brotas (persistência de um antigo culto pagão a Ceres) representada numa pintura suspensa na parede lateral. Atrás da capela, existem pequenas edificações construídas para abrigar os soldados veteranos do antigo Batalhão de Caçadores nº 10.

    Texto: pt.wikipedia

    FORTE DE SÃO FRANCISCO

    O Forte de Nossa Senhora do Rosário, melhor conhecido como Forte São Francisco de Chaves, localiza-se na cidade de mesmo nome, Freguesia de Madalena, Concelho de Chaves, Distrito de Vila Real, em Portugal.

    Juntamente com o Forte de São Neutel, este forte, em posição dominante na colina da Pedisqueira, vizinho ao rio Tâmega e à antiga ponte romana, destinava-se a defender a cidade, na fronteira da Galiza, à época da Guerra da Restauração.

     

    História

    Antecedentes

    O forte remonta a um Convento franciscano – o Convento de Nossa Senhora do Rosário -, erguido no início do século XVI, que lhe deu a designação. De acordo com uma escritura celebrada com Frei Rodrigo de Morais em 1446, terá sido o arquiteto Mestre Joanes de Cibrão que projetou a abóbada do Convento.

    O Forte de Nossa Senhora do Rosário

    No contexto da Guerra da Restauração da independência, reconhecendo-se a importância da posição estratégica da cidade, junto à fronteira, impôs-se a modernização de suas defesas medievais. Visando evitar que as colinas vizinhas fossem ocupadas por baterias de artilharia inimiga, estas posições foram guarnecidas.

    Na colina da Pedisqueira, onde existia o antigo Convento franciscano, optou-se por envolvê-lo com muralhas abaluartadas, transformando-o num forte. Os trabalhos desenvolveram-se sob as ordens do Governador das Armas da Província de Trás-os-Montes, D. Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela, entre 1658 e 1662. Os trabalhos de defesa de Chaves foram complementados com a construção de novos panos de muralha ligando o forte aos antigos muros medievais, reforçados ou reconstruídos na ocasião, envolvendo-se os bairros que haviam se expandindo extra-muros medievais. A defesa foi estendida à antiga ponte romana sobre o Tâmega, cujo acesso, na margem oposta, também foi fortificado, com a construção do Revelim da Madalena.

    No início do século XIX, quando da Guerra Peninsular, Chaves e suas defesas não estavam em condições de defesa. Após diversos embates com as tropas napoleônicas sob o comando do General Soult, as tropas portuguesas, sob o comando do General Francisco Silveira, recuaram para pontos estratégicos, deixando a cidade com uma pequena guarnição sob o comando do Tenente-coronel Pizarro. Estas forças, assim como a de milicianos que enfrentou o inimigo, foi aprisionada e depois libertada. O Forte de São Francisco foi utilizado como quartel-general dos franceses na ocasião, e, nessa qualidade, foi alvo da contra-ofensiva do General Silveira, em Março de 1809. Após seis dias de violentos combates, a guarnição francesa rendeu-se, e Chaves foi libertada.

    Posteriormente, foi cenário ainda de lutas quando das Guerras Liberais e, mais tarde ainda, em 1910, quando da Proclamação da República Portuguesa.

    Perdida a sua função defensiva, após abrigar por quase setenta anos o 10º Batalhão de Caçadores, as dependências do forte foram abandonadas, entrando em processo de ruína.

    Do século XX aos nossos dias

    Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 22 de Março de 1938.

    A intervenção do poder público, através da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) registrou-se a partir de 1957, quando lhe foram promovidas obras de conservação. Diversas etapas de consolidação, limpeza, desobstrução, reparação e reconstrução tiveram lugar nas décadas seguintes, até que, a 16 de Janeiro de 1989, o Forte de São Francisco foi cedido, a título precário, à Câmara Municipal de Chaves. Na segunda metade da década de 1970, as dependências do forte serviram como alojamento provisório para famílias retornadas das ex-colônias portuguesas na África.

    Em 1994 as dependências do forte foram requalificadas como uma unidade hoteleira, empreendimento promovido Sociedade Forte de S. Francisco, Hoteis, Ldª, com projeto do Arquiteto Pedro Jalles. O Forte de São Francisco Hotel, inaugurado em Maio de 1997, encontra-se classificado com quatro estrelas. Disponibiliza cinquenta e três quartos aos visitantes, bar e restaurante, quadra de tênis, piscina e sauna.

    Características

    O forte apresenta planta simples no formato estrelado, com quatro baluartes nos vértices, no sistema Vauban. As muralhas, com espessura de um metro, variam entre quatro a vinte metros de altura e são revestidas em granito.

    O acesso principal é feito através de um portão no lado Sul, através de uma ponte levadiça sobre o fosso, atualmente aterrado. Existem acessos secundários pelo lado Leste e pelo lado Oeste, todos conduzindo, através de túneis, para a Praça de Armas.

    Entre as edificações no interior do forte destaca-se a antiga Capela de São Francisco, que abrigou por três séculos, até 1942, o túmulo de D. Afonso, primeiro duque de Bragança, restaurada e bem preservada.

    Texto: pt.wikipedia

    OUTROS LINKS:

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    Mosteiro de Bustelo

    Posted by mjfs em Junho 27, 2008

    Mosteiro do Bustelo - Penafiel - www.monumentos.pt - 2 

    Fundado, muito possivelmente, entre os séculos X e XI, o Mosteiro de Bustelo foi alvo de diversas campanhas de obras. No século XVII contam-se várias intervenções, que incidiram sobre o claustro, a portaria, os dormitórios, e outras dependências conventuais. Foram, no entanto, as obras do século XVIII que marcaram decisivamente a arquitectura do mosteiro e lhe conferiram o aspecto que hoje conhecemos. Os documentos encontrados no cartório de Bustelo permitem um acompanhamento gradual desta reedificação e actualização estética e litúrgica. Como é sabido, a reforma beneditina obrigou a eleições trienais, o que facilitou, em muito, a chegada até aos nossos dias destes registos e consequentes obras e feitos realizados sob os diferentes abades.

    A igreja teve início em 1695, sob o “projecto” ou ideia do próprio abade, D. Manoel do Espírito Santo, erguendo-se a fachada até pouco mais de “meya altura”. Contudo, o prelado eleito em 1704, Frei Matias de Lacerda, acabou por mandar deitar abaixo o dito alçado, por considerar ser muito “defeituoso”, conservando apenas as torres. Entretanto, Frei Jerónimo Peixoto, deu continuidade às obras, a partir de 1698, edificando a livraria e os dormitórios. O já referido Frei Matias, continuou a igreja, dotando-a da abóbada do coro e da nave, lançando a escada que liga o coro ao claustro. As obras sofreram um atraso durante a governação de Frei Luís de S. Boaventura, em 1707, menos vocacionado para a arquitectura, mas a igreja continuou e ergue-se o braço do cruzeiro. Em 1710 terminou-se o arco triunfal com as armas de São Bento, e dotou-se o cruzeiro de retábulos colaterais e a nave de púlpitos. A eleição de 1713 trouxe o término da igreja, e a reparação dos estragos entretanto causados por um raio.

    Seria necessário esperar pelo trinénio iniciado em 1740 para ver a capela-mor concluída, com os altares e restante equipamento. O cadeiral do coro surge referenciado em 1761, no mesmo ano dos quatro retábulos.

    O plano geral obedece aos modelos conventuais beneditinos, com igreja de planta cruciforme, de nave única, com coro alto e capela-mor, apresentando as restantes dependências articuladas em função do claustro, de dois pisos (o primeiro com arcaria e o segundo fechado) e com uma fonte barroca ao centro, com a figuração de São Miguel.

    A fachada da igreja, flanqueada pelas torres, é aberta pelo portal principal, encimado pelo frontão interrompido a que se sobrepõem dois janelões e um nicho. Remata o conjunto, um frontão contracurvado. No interior, ganham especial relevância os altares laterais da nave (rococós) e o retábulo-mor (joanino), bem como, no campo da talha dourada, o cadeiral com 25 lugares, em cujos espaldares se relatam as vidas de São Bento e Santa Escolástica.

    Texto: (Rosário Carvalho) – IPPAR

     

     

    Mosteiro do Bustelo - Penafiel - www.monumentos.pt - 1

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    Forte do Cão – Vila Praia de Âncora – Viana do Castelo

    Posted by mjfs em Junho 19, 2008

     

    Forte do Cão - Caminha - www.monumentos.pt - 2

    Edificado durante o período da Guerra da Restauração, o Forte do Cão tinha como objectivo reforçar a defesa da costa portuguesa perante a ameaça da armada espanhola, nomeadamente a zona fronteiriça do Minho. A tipologia estrutural desta fortaleza apresenta evidentes semelhanças com as fortificações implantadas entre Vila Praia de Âncora e Esposende, cuja planimetria das mesmas constituiu na época um avanço no sistema de defesa e vigia.

    Possivelmente estas fortalezas foram delineadas pelo mesmo engenheiro, como integrantes de um plano construtivo de novas fortificações que iriam reforçar a linha de fogo das fortalezas já existentes. Na região limítrofe de Viana da Foz do Lima, existem duas fortalezas, a de Areosa e de Montedor, que têm a mesma concepção geral que o Forte do Cão.

    A estrutura do forte, embora de pequenas dimensões, permite que seja classificado como uma verdadeira fortaleza. De planta estrelada, possui quatro baluartes, dois menores unidos por face curva, voltados ao mar, e dois de maiores dimensões junto ao frontespício. O alçado do forte apresenta uma estrutura muito simples e austera, havendo vestígios da existência de um balcão entre o baluarte esquerdo e a face curva da fachada posterior.

    Texto: IPPAR – C.O.

    Forte do Cão - Caminha - www.monumentos.pt - 1

    OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Forte do Cão (Guelfa) (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Forte do Cão (pt.wikipedia)

     

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